Recentemente, perguntamos aos nossos leitores qual cenário de videogame os impressionava mais em termos de imagem ou visualização e por quê. Recebemos centenas de respostas, as quais apontavam nas mais variadas direções, deixando claro que não há um consenso ou um elemento unânime responsável pelo sucesso de um jogo entre os nossos leitores. Fato é que, o ambiente virtual é a chave para o sucesso ou o fracasso de um sistema de simulação baseado na experiência do usuário.
A arquitetura de um ambiente virtual, representa muito mais do que um mero pano de fundo de uma cidade imaginária ou a representação de um cenário existente, ela é, na verdade, um componente fundamental capaz de transportar os usuários para dentro do jogo, transcendendo os limites entre realidade e virtualidade – e adicionando uma dose extra de adrenalina.
(CUIDADO: os vídeos e imagens apresentados neste artigo podem provocar convulsões em pessoas com epilepsia fotossensível)
Fachada do pavilhão de Yolana Lemos. Image Cortesia de Cabana de Arte
Ainda pouco visada pela mídia internacional, a produção arquitetônica contemporânea da Angola enfrenta, à semelhança de boa parte de seus vizinhos africanos, realidades sociais e econômicas que não contribuem com sua difusão. Quando às dificuldades habituais da arquitetura são somadas ainda outras, derivadas de intenso processo de neocolialismo, fica realmente difícil tirar as boas ideias do papel, construí-las de fato. Tensionando a relação entre o concreto e o digital, o grupo angolano Banga recorre ao espaço virtual para dar vida a projetos que mesclam arquitetura, experiências sensoriais e arte.
O ambiente em que habitamos nos influencia diretamente. Quando pensamos nas crianças, é sempre desejável que consideremos que este ambiente seja seguro, acessível e, ao mesmo tempo estimulante, para que eles possam se mover e se desenvolver livremente sem colocar sua integridade física em perigo. Já falamos em outra oportunidade sobre como criar playgrounds dentro de casa, mas hoje, decidimos reunir uma série de exemplos que usam o calor e a versatilidade da madeira para criar interiores interativos, criativos e divertidos para as crianças.
Em cidades densas, onde os lotes são geralmente definidos por empenas adjacentes, a proximidade de outros edifícios representa um grande desafio quando se trata de projetar espaços de qualidade que incorporem recursos como luz natural ou ventilação cruzada.
No entanto, essa condição pode não ser a única limitação: a natureza múltipla e mutável da cidade, em alguns casos, pode levar ao surgimento de lotes atípicos – originados de glebas subdivididas que resultam em porções muito estreitas de terra. A limitação espacial exige grandes esforços para solucionar o programa de forma eficiente e satisfatória.
A pandemia de COVID-19 transformou a maneira como viajamos e nos reunimos. À medida que as ruas e espaços públicos se esvaziaram e as pessoas passaram a praticar o isolamento social, aeroportos de todo o mundo também sofreram um tremendo declínio no número de passageiros e voos. A indústria da aviação moldou a globalização, mas também contribuiu com a velocidade com que a doença se espalhou pelo mundo. Em uma recente série de imagens aéreas, o fotógrafo Tom Hegen explora o impacto da pandemia na aviação.
Plano de retomada de Barcelona vai alargar calçadas, fechar ruas e criar ciclovias temporárias. Foto: Ayuntamiento de Barcelona
Ciclovias criadas da noite para o dia, vias convertidas em zonas calmas, calçadas estendidas às pressas – tudo para acomodar a necessidade de mobilidade urbana em um cenário de pandemia. A COVID-19 tem gerado grandes intervenções urbanas, muitas vezes sem a possibilidade de grande planejamento ou investimento. Cidades convertem-se em laboratórios de experiências que podem trazer benefícios durante a crise e legar um mundo mais sustentável quando o pior passar.
https://www.archdaily.com.br/br/940531/com-urbanismo-tatico-cidades-enfrentam-covid-19-priorizando-pedestres-e-ciclistasBruno Batista e Fernando Corrêa
Com suas falésias e penhascos rochosos, a costa do Peru é uma paisagem peculiar em permanente transformação devido à erosão causada pelas marés e ventos. Nesse território hostil, projetar uma arquitetura integrada à paisagem não é tarefa fácil. De volumes embutidos nas encostas até casas que incorporam formações minerais em seus espaços interiores, os projetos que enfrentam esse desafio nos permitem refletir sobre como é possível estabelecer uma relação com o ambiente natural, diluindo ou acentuando os limites entre arquitetura e paisagem.
Ao longo dos últimos meses, a interdependência entre interação social e saúde mental nunca esteve tão evidente e manifesta. Entretanto, se isso parece tão óbvio visto desde dentro da nossa própria casa, imagine para aquelas pessoas que não tem onde morar – comunidades forçadas a abandonarem sua pátria para poder sobreviver ou em busca de uma vida melhor e mais segura. Estima-se que atualmente mais de 70 milhões de pessoas, das quais 25 milhões são refugiados, enfrentam traumas e problemas de saúde mental por estarem longe de casa, ou pela falta de um lugar seguro para viver.
A quantidade total de água em nosso planeta é, teoricamente, a mesma desde sua formação. É possível que aquele copo de água tomado mais cedo contenha partículas que já correram pelo Rio Ganges, algumas que passaram pelo sistema digestivo de um dinossauro e outras que resfriaram um reator nuclear. Claro, antes de matar a sua sede, ela evaporou e caiu como chuva milhões de vezes. A água pode ser poluída, desrespeitada, mal usada, mas nunca criada ou destruída. Segundo um estudo da UNESCO, estima-se que a Terra contenha cerca de 1386 milhões de quilômetros cúbicos de água. No entanto, 97,5% deste montante são águas salinas e apenas 2,5%, água doce. Desse tanto, a maior parte (68,7%) está na forma de gelo e neve permanente na Antártida, Ártico e em regiões montanhosas. Em seguida, 29,9% existem como águas subterrâneas. Apenas 0,26% da quantidade total de água doce da Terra está disponível nos lagos, reservatórios e bacias hidrográficas, mais facilmente acessíveis para as necessidades econômicas e vitais do mundo. Com o aumento populacional, sobretudo em áreas urbanas, diversos países já apresentam severos problemas a ofertar a quantidade de água potável a suas populações.
A economia circular tem sido um modelo também aplicado no setor de arquitetura e construção com objetivo de produzir projetos de edificações mais eficientes, funcionais e sustentáveis. Os 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) utilizados como estratégias da economia circular já estão famosos, sendo que o primeiro R, “Reduzir", deve ser o item inicial buscado nos projetos. Nessa ótica, um dos itens mais eficientes para reduzir o consumo de materiais, recursos naturais e custos nos projetos de edificações é a diminuição do tamanho dos ambientes ocupados e da área construída (isto é, mantendo os níveis adequados de qualidade do espaço, como acessibilidade, ventilação e iluminação natural, compatibilidade com o layout, etc.).
Indivisível é o título da história em quadrinhos elaborada por Marília Marz como Trabalho de Conclusão na Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. O trabalho tem como objetivo identificar e analisar as possibilidades narrativas intrínsecas a elementos arquitetônicos e urbanísticos do bairro da Liberdade, em São Paulo, em dois períodos históricos distintos.
Qual é a parcela de culpa da arquitetura nas mudanças climáticas?
Foi com esta seríssima pergunta que decidimos iniciar o debate com os nossos leitores, e a quantidade de respostas recebidas impressionou a todos. Depois de ler e compilar os comentários enviados tanto por profissionais da industria da construção, estudantes e pessoas interessadas, chegamos à conclusão de que nas escolas de arquitetura, pouco se fala à respeito das características e propriedades físicas dos materiais assim como sobre custo energético agregado a estes.
São 12:11 do dia 7 de novembro (de 2018). Um "S" na porta indica a quem supostamente se destina esse banheiro. Estou em um banheiro localizado em um predinho que o Vilanova Artigas, arquiteto modernista brasileiro, projetou na década de 1950 no bairro de Santa Cecília. É a segunda vez que entro nele e para mim ainda é um espaço que vai se revelando. De primeira, o que chamou muito a atenção foi o azul quase roxo causado pela luz negra que faz com que todos os tons do banheiro tendam para essa cor. Traz um sentimento de muita serenidade durante o dia.
Poucas cidades do mundo têm uma cultura de design tão vibrante como Austin, Texas. Considerada por muitos como um dos melhores lugares para se viver nos Estados Unidos, Austin vem passando por um enorme crescimento ao longo dos últimos anos, impulsionado sobretudo pela indústria da construção civil. Como uma continuidade do legado modernista na região, os projetos de arquitetura contemporânea construídos recentemente no Texas abrangem uma grande variedade de estilos arquitetônicos. Enfatizando materiais locais e um cuidado com os detalhes, os projetos que apresentaremos à seguir exploram volumetrias e formas simples ao mesmo tempo que procuram integrar-se à exuberante paisagem natural, suas montanhas, lagos e florestas.
A infraestrutura de drenagem urbana existente em grande parte das cidades, principalmente as brasileiras, já se encontram obsoletas, sendo assim, necessário sua expansão e adequação. Mas para isso, é preciso pensar em um novo modelo de gestão dessas águas, que considere aspectos que há muito tempo foram esquecidos, como aqueles ligados à ecologia. Nos últimos anos, o termo ecologia urbana ganhou espaço como uma forma de produzir cidades regenerativas e mais resilientes. Essas cidades têm sido chamadas de cidades ecológicas ou biocidades. Termos semelhantes, mas que variam de autor para autor, e têm em comum o fato de terem como principal linha de condução o uso de soluções baseadas na natureza e nas relações ecológicas.
Quando se pensa a arquitetura enquanto uma ferramenta de impacto na vida pública, há um enorme precedente de casos a serem levantados, e sem dúvidas ele inclui a história da aproximação dos arquitetos com o Estado em diversos contextos. De exemplos categóricos, como a formulação do projeto urbanístico e arquitetônico para Brasília, até demonstrações mais contemporâneas das virtudes desse tipo de aproximação, a vocação pública do projeto se mostra em sua forma mais explícita nesse tipo de programa. O desenho de projetos com tal conotação também deve confrontar o fato de que seu cliente não reúne as demandas tradicionais de uma encomenda, mas uma representação dos interesses coletivos e das boas formas de gestão da dimensão pública, o que representa uma grande oportunidade para os profissionais do campo pensarem boas formas de alimentar e reforçar os valores democráticos na sociedade.
Quase quatro meses após a declaração de emergência de saúde pública de importância internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 30 de janeiro, o número de casos de coronavírus no mundo continua a aumentar. Ainda que países onde houve declínio na taxa de transmissão do vírus estejam reabrindo negócios e voltando à normalidade, os impactos da pandemia, que vão além da saúde dos habitantes, continuam atingindo seu cotidiano, com mudanças no trabalho, nos hábitos e na economia. Tais mudanças ainda podem perdurar e afetar o futuro do campo da arquitetura e construção, com a perspectiva de uma crise no setor.
Após um desastre natural, a arquitetura desempenha um papel fundamental não apenas na reconstrução dos edifícios vítimas de danos, mas também no conforto e segurança para os afetados. Uma arquitetura pós-desastre bem-sucedida deve atender tanto à necessidade de abrigo imediato a curto prazo quanto às necessidades de reconstrução e estabilidade a longo prazo. Pensnado nisso, a seguir compilamos 4 exemplos de arquiteturas pós-desastre, desde protótipos construídos e pensados para ser montados em curto prazo, até propostas nunca construídas, mas com soluções que destacam-se por sua eficiência.
Se bem que a previsão e prevenção de problemas e danos são fatores cada vez mais relevantes na hora de projetar nossos edifícios, espaços e cidades, determinadas situações extraordinárias ainda escapam ao nosso controle, demandando respostas arquitetônicas imediatas e urgentes, capazes de oferecer abrigo e qualidade de vida às comunidades afetadas por desastres naturais e conflitos das mais variadas ordens, soluções que – nos casos mais extremos – podem ser a única chance de sobrevivência para muitas pessoas.
Desastres naturais como terremotos, tsunamis, furacões, inundações assim como conflitos armados, disputas territoriais ou outras crises humanitarias de escala mundial – como a atual pandemia de COVID-19 –, demandam uma reação imediata para controlar e evitar o agravamento das suas consequências – ajudando a salvar vidas. A arquitetura de emergência pode ser definida como uma resposta construtiva que faça frente às necessidades humanas mais urgentes, as quais emergem em momentos de crise e situações excepcionais, materializadas em forma de infra-estruturas responsíveis que buscam oferecer soluções imediatas abrangendo desde abrigos para acolher pessoas em situação de emergência até instalações de saúde e atenção médica nas zonas afetadas.
Como o voo de um pássaro, uma chuva de verão, marés no oceano, um relâmpago numa tempestade, uma estiagem prolongada, fenômenos naturais ocorrem todos os dias e nem percebemos. Mas há alguns que chamam mais a nossa atenção, como a erupção de um vulcão, um terremoto, o surgimento de um novo vírus ou uma grande inundação. Mesmo assim, caso ocorram numa região desabitada e não causem grandes danos materiais consideráveis, continuam sendo apenas fenômenos naturais. Caso aconteçam em pontos do planeta onde vivem muitas pessoas e que causem mortes, ferimentos, interrupção da produção, grandes prejuízos financeiros e a necessidade de deslocamento da população, aí sim são considerados desastres naturais.
https://www.archdaily.com.br/br/939699/o-impasse-da-arquitetura-para-abrigar-pessoas-atingidas-por-desastresJoão Carlos Souza
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Cidades como Paris foram reformadas e qualificadas no século 19 com pretexto de enfrentar doenças. Foto: Alexus Goh/Unsplash
Cidades e epidemias têm uma relação intrincada. Ao longo da história, cidades se constituíram como locais propícios à disseminação de doenças. Centros econômicos, sociais e culturais, vocacionadas para conectar ideias e desenvolver soluções, responderam às epidemias com inovação. Mas a melhoria do espaço urbano – com saneamento e fornecimento de água, construção de parques e espaços abertos, melhores condições de transporte – frequentemente veio acompanhada da recriação da cidade precária nas periferias.
https://www.archdaily.com.br/br/939978/planejamento-urbano-e-epidemias-como-doencas-do-passado-transformaram-as-cidadesFernando Corrêa, Luis Antonio Lindau, Henrique Evers e Laura Azeredo
Como resposta aos desastres naturais, crises sanitárias e conflitos armados que tão frequentemente abalam as nossas sociedades, arquitetos precisam agir rapidamente, usando a sua criatividade para apresentar soluções emergenciais aos mais urgentes problemas de nosso tempo. À seguir, compilamos uma lista de projetos inspiradores que exploram uma faceta da arquitetura que nem sempre está destinada às primeiras páginas das revistas, mas que neste momento, parecem ser a única arquitetura possível, estruturas honestas que procuram solucionar problemas, unir pessoas e resgatar comunidades.
A arquitetura de emergência é uma tipologia que se desdobra das mais variadas formas, assim como serve para atender uma enorme diversidade de circunstâncias excepcionais – sendo a última delas uma crise sanitária mundial. Neste contexto, soluções emergenciais passaram da noite para o dia a ser o centro das atenções, algo que nos faz refletir sobre a importância deste tipo de estruturas, que até ontem, permaneciam à sombra de outros discursos e tendências, mas que em outros contextos – menos privilegiados – tem sido da maior importância já a algum tempo. Tudo aquilo que para nós parece tão cotidiano e as vezes até vulgar, em outros contextos pode ser algo inalcançável, que apesar de ser uma necessidade básica, ainda assim, encontra-se tão distante daquela realidade.
Como disse Mike Tyson: “Todo mundo tem um plano, até levar um soco no queixo.”
A pandemia de COVID-19 vai deixar uma marca indelével no mundo da estética. Desde a fundação da Sociedade das Nações em 1920, finalmente, a estética internacionalizante da arquitetura – como a conhecemos desde então – pode deixar de ser a via de regra ditada pelos cânones da disciplina. Markus Breitschmid, arquiteto e acadêmico suíço professor da Virginia Tech desde 2004, argumenta em seu artigo “In Defense of the Validity of the 'Canon' in Architecture,” que o Cânone na Arquitetura é o principal instrumento responsável por isolar a arquitetura do resto do mundo:
Os blocos de concreto são peças utilizadas sobretudo na execução de paredes e muros, podendo assumir função estrutural ou de vedação. Por ser um material pré-fabricado de baixo custo, comumente utilizado de forma aparente, é adotado em muitos projetos com o intuito de executar uma obra econômica, rápida e prática, sem necessidade de mão de obra especializada.