Ao descrever o processo de estruturação espacial da cidade de São Paulo, o professor Flávio Villaça constata que o seu crescimento no período entre a construção da ferrovia São Paulo Railways, em 1867, e o início do século XX foi voltado predominantemente para a burguesia pois, na época, as camadas populares ainda não constituíam um mercado significativo para terrenos urbanos.
Estamos há vinte e um anos no século vinte e um. O mundo nunca esteve mais conectado com o advento de novas tecnologias, mas as desigualdades históricas ainda são enormes. Essas desigualdades se manifestam de maneiras diferentes. As viagens globais, por exemplo - apesar da onipresença dos aviões hoje em dia - ainda são amplamente acessíveis apenas aos cidadãos de países “desenvolvidos” devido às restrições proibitivas de visto. No ensino de arquitetura, muitas instituições ainda priorizam um currículo eurocêntrico, cuja arquitetura de populações não ocidentais é amplamente ignorada. Outra perpetuação de sistemas preconceituosos é o Orientalismo - e explorar este conceito através de lentes arquitetônicas é útil para interrogar abordagens projetuais contemporâneas e futuras.
O verão está chegando e com ele a vontade de aprimorar os espaços ao ar livre de nossas casas. Seja para tomar um sol, aproveitar a brisa ou encontrar amigos, ambientes como os pátios, quintais e varandas podem ser extremamente versáteis de acordo com a forma que ocupamos. Por isso, selecionamos algumas dicas fundamentais para tirar maior proveito desses lugares.
https://www.archdaily.com.br/br/972919/ideias-para-decorar-patios-quintais-e-varandasEquipe ArchDaily Brasil
A arquitetura, por assim dizer, possui duas frentes de ação: uma que presa pela permanência e outra pela efemeridade. Definida por suas condições materiais, a arquitetura e forma como construímos nossos edifícios se reflete também nas estruturas que nós, como humanidade, decidimos preservar para o futuro. Promovendo a cooperação internacional nas áreas da educação, arte, ciência e cultura, a UNESCO é uma organização comprometida a preservar os principais locais de memória e de importância histórica para a humanidade. À medida que a arquitetura, assim como as paisagens naturais e urbanas encontram-se cada dia mais ameaçadas pelas crises sociais, econômicas e climáticas, debatermos a importância da preservação de sítios arqueológicos e lugares da memória para o futuro tornou-se mais urgente que nunca.
No restaurante Four Seasons de Nova York, projeto de Philip Johnson e Mies van der Rohe no icônico Seagram Building, uma piscina retangular assumia posição de protagonismo no espaço, destacada por quatro árvores plantadas em vasos em cada um dos vértices. O leve barulho que a água emitia tornou-se consagrado. Além de dotar o salão de personalidade, cumpria a função de absorver as conversas (muitas vezes sigilosas) entre as mesas. Bem como a maneira como a luz adentra um espaço, ou como serão apreendidas as paisagens do interior, o som é mais uma característica de um ambiente, algo geralmente preterido por parte dos arquitetos. Isso vai além de dotá-lo de uma acústica eficiente, mas criar uma atmosfera sonora a um espaço. O conceito de soundscape, ou paisagens sonoras, trata sobre isso.
Há alguns meses - em julho de 2021, um incêndio danificou parte considerável da estrutura do icônico Mercado de Kariakoo na cidade de Dar es Salaam. Projetado pelo arquiteto tanzaniano Beda Amuli e inaugurado em 1974, o Mercado de Kariakoo desempenhou por anos um papel fundamental como elemento de referência no tecido social e urbano da maior cidade da Tanzânia. Desde o fatídico incêndio de julho, muito se fala sobre o possível projeto de reforma do mercado, principalmente depois que começaram a circular as primeiras imagens do novo projeto, as quais revelam uma estrutura mais alta, com a adição de três novos pavimentos. A questão central é se a tipologia de “torre” seria realmente apropriada para este caso, considerando a natureza impopular de outros projetos de mercados “verticais” construídos em Dar es Salaam.
As novas gerações de arquitetos estão tendo que enfrentar inúmeros desafios, não apenas aqueles relacionados à sociedade contemporânea mas principalmente dentro do seu próprio campo profissional. Neste contexto, jovens arquitetos e escritórios emergentes de arquitetura estão redefinindo os limites da sua profissão a medida que buscam soluções para as principais questões do mundo hoje, como a sustentabilidade do ambiente construído, a acessibilidade das infra-estrutura e do espaço urbano e a equidade nas cidades. Isso significa dizer que o campo de atuação dos profissionais da arquitetura está passando por um intenso e acelerado processo de transformação, fazendo com que o papel do arquiteto na sociedade contemporânea pareça cada dia mais ambíguo. A seguir, enumeramos os muitos desafios enfrentados por estes jovens profissionais em seus escritórios, assim como de que forma eles estão percebendo estas mudanças em seu campo de atuação e o impacto destas no ambiente construído de nossas cidades.
Ao contrário da arquitetura clássica, caracterizada por um conjunto de divisões com funções e espaços muito definidos, o projeto arquitetônico contemporâneo busca integrar os espaços para atingir elevados graus de adaptabilidade e flexibilidade. Desse modo, os limites dos enclaves são borrados e surgem novas soluções que valem a pena ser analisadas. No caso dos dormitórios, os banheiros muitas vezes já não são uma pequena divisão adjacente e separada, mas espaços multifuncionais integrados e sutilmente ocultos. Assim como Mies van der Rohe, que agrupava os serviços em áreas estratégicas para criar pisos abertos, vamos rever alguns casos que adotaram a solução específica do banheiro escondido atrás da cama.
O crescimento das cidades brasileiras sem o devido acompanhamento dos poderes públicos acarretou em uma série de problemas relacionados à falta de moradia digna na nossa sociedade. Desde a década de 1980, associações populares e acadêmicos se juntaram na luta para pressionar o poder público a desenvolver políticas habitacionais que pudessem, não somente construir novas habitações e novos bairros, mas também garantir outros direitos como educação e saúde. Hoje, 40 anos depois desse levante, observamos a ausência de políticas públicas habitacionais nas três escalas de governo que atuem frente à população mais vulnerável, ao mesmo tempo que percebemos a popularização das iniciativas de Assessorias Técnicas para Habitação de Interesse Social, conhecidas como ATHIS.
A arquitetura sustentável começa com projetos para ciclos de vida mais longos e reutilização. Procurando criar futuros mais inclusivos e viáveis, os arquitetos estão explorando a reutilização adaptativa como uma das melhores estratégias para enfrentar a crise climática e promover a justiça social. Reutilizar mantém viva a cultura de uma região, fazendo a ponte entre o antigo e o novo à medida que os projetos ultrapassam os limites do design circular e adaptável.
Cheio de conotações e nuances, o termo paisagem é um conceito complexo e amplo. Ao lidarmos com o material e o imaterial, entendemos que trata-se de uma construção mental que relaciona um ambiente físico a um contexto sócio-cultural específico. De 12 a 27 de novembro, Jordi Giner, Francisco Garrido e Alberto Moragrega apresentaram Al-luvió, uma proposta para Lluèrnia, a festa da luz e do fogo realizada todos os anos em Olot, que reinterpreta a forma como em geral entendemos a ideia de paisagem e as formas habituais de intervir sobre ela.
Pode-se dizer que um dos principais aspectos a serem levados em conta ao projetar uma piscina é a escolha da cor de seu revestimento. A luz, as sombras, a profundidade, o ambiente e os elementos que a envolvem são variáveis que afetam diretamente a tonalidade final da água. Os efeitos da iluminação artificial e/ou natural também são determinantes de sua estética final, portanto, se ela estiver em um espaço externo refletindo o céu, produzirá um efeito diferente do que se ficar em um espaço interno, onde o teto influenciará sua cor.
Em novembro de 1930, em Indiana, Estados Unidos, uma das grandes façanhas da engenharia moderna foi realizada: uma equipe de arquitetos e engenheiros transportou uma central telefônica de 11.000 toneladas sem nunca suspender as operações e suprimentos básicos para os 600 funcionários que trabalhavam no interior.
Surtos de doenças contagiosas podem exercer uma influência de longo prazo no desenho urbano – muitos moldaram de forma inegável a maneira como as cidades modernas são e operam. Parques, ruas largas e até mesmo os banheiros de nossas casas são um legado importante de surtos de cólera no passado. Hoje estão tão incorporados em nosso dia a dia que são considerados elementos básicos das cidades modernas. Ao longo de gerações, as cidades se recuperaram do choque inicial do contágio e reconstruíram a confiança das pessoas depois de períodos de incerteza.
https://www.archdaily.com.br/br/972093/as-cidades-podem-prosperar-em-tempos-de-crise-3-perguntas-para-as-cidades-em-2022Anne Maassen e Rogier van den Berg
Apesar de serem práticas relacionadas, o paisagismo e a jardinagem são atuações diferentes que trabalham com elementos naturais e vivos no ambiente construído. Veja a seguir a atuação de cada uma dessas práticas.
Nesta nova colaboração titulada originalmente Cartografias do Metaverso, os arquitetos espanhóis Enrique Parra e Manuel Saga - fundadores do blog MetaSpace- exploram o potencial da cartografia nos jogos de computador, uma ferramenta que às vezes sobrepassa o papel de mero orientador, como na sequencia Diablo e torna-se um elemento gravitante dos jogos, como em Civilization e World of Warcraft.
A linguagem cartográfica e planimétrica próprias da arquitetura é comum também no mundo dos videogames. Muitos deles baseiam grande parte da sua experiência na interação com um ou vários mapas sobre os quais nos orientamos, descobrimos em que ponto nos encontramos e para onde se supõe que devemos nos dirigir.
Exemplo disto é a saga Civilization, uma série de jogos de gestão de impérios publicados desde 1991 até hoje. Todas suas versões se desenvolvem sobre um mapa, uma visão geográfica do mundo que representa suas distintas áreas, os recursos disponíveis, o equilíbrio geopolítico e outros fatores. Estas variantes constituem as regras a seguir. a situação a enfrentar; o mapa converte-se em um tecido dinâmico, ou seja, a interface que permite o jogo.
https://www.archdaily.com.br/br/783806/o-verdadeiro-potencial-da-linguagem-planimetrica-nos-jogos-de-computadorEnrique Parra y Manuel Saga
Ao longo dos séculos as cozinhas passaram por um interessante processo de modificação que ditou tanto o seu uso – antes frequentada apenas pelos empregados, hoje é um espaço essencial de socialização – como seu tamanho – de maior cômodo da casa para um dos menores. Entretanto, independentemente das suas dimensões, a cozinha representa cada vez mais o coração da casa. Um espaço essencial que, nos dias atuais, transcende o simples ato de preparar os alimentos, tornando-se um local associado também ao lazer e a união. Para tanto, este ambiente precisa estar apto a responder uma série de particularidades que exige funcionalidade e eficiência mas, ao mesmo tempo, conforto e bem-estar.