A cidade Veneza instalou barreiras de vidro ao redor da famosa Basílica de São Marcos para impedir a entrada de água. A decisão foi tomada após uma inundação em dezembro de 2022, na tentativa de impedir que se repetisse a catástrofe de 2019, quando a elevação das águas causou grandes danos à estrutura, envelhecendo-a “20 anos em um dia”, de acordo com a Procuradoria da Basílica. A estrutura temporária será usada até que o sistema MOSE comece a funcionar plenamente, previsto para o final de 2025, protegendo a centenária basílica, a cidade de Veneza e sua Lagoa contra inundações.
A cerca transparente protege até 110cm e integra os canais subterrâneos de drenagem abaixo da igreja e da praça, que retiram as águas das enchentes da área. A sapata é blindada com concreto e enterrada sob as pedras do calçamento da Praça de São Marcos para evitar que seja derrubada pela força da água e para preservar a integridade do calcário branco e do traquito cinza de 1723, do arquiteto Andrea Tirali.
A construção das barreiras ocorreu depois que os responsáveis pelo planejamento decidiram não elevar o sistema MOSE da cidade para eventos acqua alta abaixo de 120cm, deixando a praça e a Basílica descobertas, pois estão no ponto mais baixo de Veneza, a apenas 64 cm acima do nível do mar. A igreja não está trabalhando sozinha para tentar proteger o patrimônio cultural da cidade contra a maré alta. Além da cerca, a cidade está acelerando a conclusão do projeto MOSE, iniciado em 2003.
A cidade se tornará inabitável se medidas adequadas não forem tomadas - Mario Piana, projetista das barreiras temporárias e professor de conservação arquitetônica da Università IUAV de Veneza
Com conclusão prevista para 2025, após anos de atraso, o Modulo Sperimentale Elettromeccanico atualmente é elevado para marés de mais de 110 centímetros, isolando temporariamente a Lagoa de Veneza do Mar Adriático durante as marés de acqua alta. Junto com outros projetos, como reforço costeiro, elevação de cais, pavimentação e melhoria da lagoa, o MOSE protegerá Veneza e a lagoa de marés de até 3 metros. O sistema consiste em fileiras de portões móveis instalados nas enseadas de Lido, Malamocco e Chioggia para evitar que algumas partes baixas da área (em particular, a praça San Marco) sejam danificadas pelas inundações.
Após várias iniciativas para enfrentar a crise do turismo e do patrimônio arquitetônico, as autoridades de Veneza anunciaram que os visitantes terão que reservar um horário de visita e pagar uma taxa de entrada para ver a histórica cidade do canal a partir de meados de janeiro de 2023. Seguido pela recente proibição de navios de cruzeiro, o regulamento busca solucionar a crise de superturismo que vem afetando o ecossistema da lagoa, o desenvolvimento urbano e a população local.