As vantagens do mercado de móveis usados em economias fragilizadas

Impulsionada pela geração Z que prefere ter acesso a coisas do que a posse delas, o mercado de usados começa a crescer significativamente no mundo inteiro.

Entre eles, o mercado de móveis usados, que além de dar reuso a produtos que iriam para o lixo, ajuda na diminuição dos índices de CO2 liberados pelas fábricas – fabricar e despachar uma única peça de mobiliário emite cerca de 90kg de CO2, o equivalente a voar em um Boeing 747 por uma hora.

O mercado de usados tem previsão de crescimento de $16,6 bilhões até 2025 e até gigantes como a Ikea estão de olho nessa fatia importante e lucrativo do ramo de mobiliário.

O programa Buy Back ,criado pela gigante varejistsa marca, troca móveis usados por um cartão com bônus para os clientes comprarem outros itens na loja e fazem uma pequena reforma para revender esse mesmo móvel por um preço mais barato.

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Como funciona o Ikea Buy Back. Imagem via Tabulla

Usados na moda

Todos esses móveis de segunda mão precisam ser reconhecidos como à parte do mercado de móveis vintage, antigos e colecionáveis ​. Estes móveis usados são de fabricantes e varejistas convencionais voltados para compradores que podem não ter condições de comprar novos – ou talvez queiram apenas reutilizar produtos que poderiam acabar em aterros sanitários.

Foi o setor de vestuário que mostrou o caminho para os players de artigos de decoração e móveis. A onda de sites de revenda online como The RealReal, Poshmark e Mercari introduziu o conceito de compra de roupas usadas para uma nova geração.

Segundo dados do site de revenda de roupas Threadup, o mercado de segunda mão está se tornando um fenômeno global, com expectativa de crescimento de 127% até 2026 e o mercado global de vestuário de segunda mão crescerá 3 vezes mais rápido do que o mercado global de vestuário em geral.

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Crescimento do mercado de roupas usadas. Fonte: Threadup

No Brasil, o maior exemplo é o site Enjoei que começou como um blog de revenda de usados, cresceu 55% no quarto trimestre de 2021 atingindo um volume de vendas de 826 milhões de reais em 2021. É hoje a empresa pioneira quando falamos de venda de usados, mesmo que o foco seja amplo, abrigando de roupas a eletrodomésticos.

Outra empresa exemplo do mercado de móveis usados é a Kaiyo, que existe desde 2015, começando como um modelo de aluguel com um nome diferente, mas fazendo a transição para o mercado de usados ​​com seu nome atual em 2019.

A Kaiyo, que atualmente opera apenas online, oferece entrega em até dois dias a partir de seu armazém, onde cada peça é limpa profissionalmente antes de ser enviada aos consumidores. Isso é um fator nas decisões de compra, especialmente para as novas gerações de usuários que estão preocupados com a procedência do que estão comprando.

Os consumidores estão cada vez mais criteriosos sobre suas decisões de compra, principalmente os millennials, e eles realmente querem saber se o que estão comprando foi feito de forma ética e sustentável. — Alpay Koralturk, Ceo da Kayo  

Esses novos compradores entendem que é melhor ter algo bem feito e que resistirá ao teste do tempo do que algo que é facilmente descartado e ecologicamente incorreto.

Desafios dos usados

Para Maxwell Ryan, CEO do blog de 15 anos Apartment Therapy que, impulsionado pelo boom dos usados, criou o Apartamente Therapy Bazaar, um site ligado à famosa revista digital para conectar compradores e consudmidores de móveis usados – o grande desafio do mercado de usados são as fotos e o transporte.

Transportar um sofá não é tão simples quanto transportar uma camisa ou um tênis. Como diminuir as taxas de frente entre cidades e as entregas em cidades muito remotas?

Ryan também identificou que boas imagens com ambiente decorados e montados alavancam as vendas vertiginosamente. Mas como fazer com que os usuários consigam essas imagens tirando fotos das telas dos seus celulares em apartamentos muito pequenos e muitas vezes escuros?

Ryan está investindo numa tecnologia para tratar as imagens enviadas pelos usuários criando ambientes vendáveis e agradáveis e assim melhorar a experiência do usário.

Desafios à parte, é apenas uma questão de tempo para que o mercado de usados ultrapasse o mercado de móveis novos e alavanque ideias e soluções nesse ramo mundo afora.

Via Tabulla.

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Sobre este autor
Cita: Marília Matoso. "As vantagens do mercado de móveis usados em economias fragilizadas" 03 Set 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/987069/as-vantagens-do-mercado-de-moveis-usados-em-economias-fragilizadas> ISSN 0719-8906

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