![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 1 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627d/ccea/3e4b/3145/ba00/0003/newsletter/shutterstock_1832904526.jpg?1652411606)
Na cordilheira dos Andes peruanos, a mais de 3.700 metros de altitude, está localizada a ponte suspensa de corda Q'eswachaka, declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO. A ponte tecida à mão, que une as duas encostas sobre o rio Apurimac, tornou-se a última ponte inca em uso que sobreviveu à modernidade. Isso foi possível graças à transmissão da cultura e engenharia inca ao longo de suas gerações, que renovam a ponte todos os anos para sua conservação.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 2 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627d/cc90/3e4b/31c6/ef00/0001/newsletter/shutterstock_1636519783.jpg?1652411523)
A três horas e meia da cidade de Cusco, no distrito de Quehue, a ponte Q'eswachaka possui 29 metros de comprimento e 1,20 metros de largura, e faz parte da extensa rede de caminhos do Império Inca Qhapaq Ñan, onde pontes suspensas foram feitas de fibras vegetais para atravessar a geografia acidentada dos Andes. Por isso, nos últimos 600 anos, as famílias das comunidades Chaupibanda, Choccayhua, Huinchiri e Ccollana se reuniram anualmente para a renovação da ponte Q'eswachaka. É um processo ancestral que dura três dias e termina com um festival de danças nativas.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 11 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627e/bed0/3e4b/318f/a100/0004/newsletter/21.jpg?1652473528)
O processo de preparação para a construção da ponte começa dias antes (no final de maio), quando os moradores das quatro comunidades se reúnem para coletar o q'oya, fibra vegetal resistente que constitui o material base da ponte. Posteriormente, ele é secado por um dia inteiro, antes de ser batido com pedras e encharcado para endurecer. Concluído o primeiro processo, as famílias procedem à confecção do q'iswa, que é composto por vários q'oyas que formam uma corda.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 13 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627e/bf92/3e4b/3105/6d00/0005/newsletter/18.jpg?1652473715)
Uma vez iniciado o mês de junho, começa a etapa de construção da ponte com a tradicional "celebração à terra". Em seguida, uma família de cada comunidade tem a obrigação de carregar um longo q'iswa, que será entregue à autoridade reguladora encarregada de registrar a participação de cada uma delas. Posteriormente, os q'iswas são estendidos e entrelaçados para obter uma corda mais grossa e resistente. Esta nova corda será utilizada para formar as bases e corrimãos da ponte. No final do dia, as grandes cordas são transportadas para as extremidades da Q'eswachaka para uso no dia seguinte.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 14 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627e/bfb6/3e4b/318f/a100/0006/newsletter/22.jpg?1652473757)
Assim como no primeiro dia, o segundo começa com a tradicional celebração de "pagamento à Pacha mama" (terra) antes das obras. Em seguida, um morador atravessa um longo q'iswa pela encosta, que servirá de guia para o transporte de suprimentos durante a reforma da ponte. Logo, são posicionadas as bases da ponte e as cordas, que funcionarão como corrimãos, são amarradas nas extremidades da encosta. Uma vez instaladas, a ponte antiga é descartada. Todo esse complexo processo é supervisionado pelo engenheiro andino Chakaruwaq, encarregado de verificar a boa construção da ponte.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 6 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627e/bce6/3e4b/3105/6d00/0001/newsletter/3.jpg?1652473047)
O terceiro dia começa com a instalação das laterais da ponte, que são posicionadas pelo engenheiro andino junto com seus assistentes. Estes são divididos em dois grupos de 3 homens, um em cada extremidade, que iniciam a tecelagem através da união das cordas de base com os corrimãos e terminam quando se encontram no meio da ponte. Durante esse longo processo, os moradores das comunidades se reúnem para preparar, com base em folhas, galhos e q'iswa, o fundo que cobrirá o piso da ponte. Por outro lado, também são posicionados os callapos, longos galhos que servem para dar maior estabilidade à estrutura. No pôr do sol, terminada a reconstrução, as autoridades locais são as primeiras a atravessar os 29 metros que separam as margens do rio, e assim termina a reforma da última ponte inca.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 3 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627d/ccbc/3e4b/3145/ba00/0002/newsletter/shutterstock_1832904532.jpg?1652411567)
Por fim, terminada a reconstrução da ponte, as comunidades se reúnem para festejar com danças, cantos e comidas tradicionais, até o anoitecer. A construção desta obra de engenharia, uma ponte de palha sem partes metálicas, mantém-se viva graças ao conhecimento herdado através da transmissão oral. Portanto, a ponte Q'eswachaka não é apenas uma obra-prima da engenharia ancestral, mas também uma amostra da cultura ancestral que sobrevive no coração dos Andes peruanos.
![Q'eswachaka, uma ponte de corda tecida à mão que é reconstruída todos os anos - Imagem 5 de 14](https://images.adsttc.com/media/images/627e/bceb/3e4b/318f/a100/0001/newsletter/5.jpg?1652473051)