O que você precisa saber para cursar arquitetura e urbanismo no Brasil

A arquitetura é uma das mais antigas carreiras do mundo, com sua origem, tal qual compreendemos hoje, datada dos primórdios da humanidade. O ensino de arquitetura, por outro lado, em um primeiro momento, era passado em coletivo a partir de habilidades que se aprendiam na prática e oralmente, de geração para geração. A partir das escolas de Belas Artes e das Universidades esse ensino foi se institucionalizando e se transformando até chegar no que temos hoje em dia.

O ensino superior começou a ser implantado no Brasil a partir do século XVII e se intensificou a partir de 1808 com a vinda da família real para solos nacionais. A partir da missão francesa, dez anos depois, foi criada a Real Academia de Ciências, Artes e Ofícios, que mais tarde passou a se chamar Academia Imperial de Belas Artes, durante o império, e Escola Nacional de Belas Artes  após a proclamação da República. Neste cenário, o primeiro curso de arquitetura foi ministrado pela Academia Imperial de Belas Artes a partir de 1827, e logo em seguida pela Escola Politécnica, que mais tarde integraria a primeira Universidade Brasileira no Rio de Janeiro. 

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Planta e Fachada da Academia Imperial de Belas Artes por Debret em 1826, Arquivo Nacional. Image © Wikimedia Commons

Acompanhando as disputas políticas brasileiras, o currículo dos cursos de arquitetura foram sendo modificados e adequados com o passar do tempo. A partir de uma quebra dos ideais neoclássicos pautados pela Academia Imperial, buscou-se definir novas bases que fossem de acordo com os ideais republicanos. É a partir de 1930 que o currículo de arquitetura começa a se tornar mais parecido com o que temos hoje, quando Lucio Costa assume a direção da Escola Nacional de Belas Artes e a arquitetura moderna brasileira começa a se tornar referência mundial. 

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Clássicos da Arquitetura: Ministério de Educação e Saúde / Lucio Costa e equipe. Image © Marina de Holanda

A profissão do arquiteto no imaginário brasileiro é relacionada principalmente à estética da construção civil, porém, sua verdadeira atuação e habilidades são mais amplas do que se prevê. Segundo a Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura, “do ponto de vista legal, compete ao arquiteto e urbanista o exercício de todas as atividades referentes a edificações, conjuntos arquitetônicos e monumentos, arquitetura paisagística e de interiores, urbanismo, planejamento físico, urbano e regional”. Para lidar com a transformação de paisagens e a criação de espaços é necessário compreender diversos elementos, tanto sociais e técnicos, quanto históricos, econômicos, ambientais, estéticos, entre outros.

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Clássicos da Arquitetura: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) / João Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi . Image © OWAR Arquitectos

Dessa forma, no Brasil, a graduação de arquitetura, o estudo e criação de espaços e edificações, está vinculada à graduação em urbanismo, que trata do estudo da transformação territorial. Assim, o currículo de graduação em arquitetura e urbanismo envolve uma série de competências: estudos artísticos e culturais, sociais, ambientais, técnicos, estudos de projetos e estudos profissionais, desenvolvendo, portanto, habilidades vinculadas à criatividade, identificação, análise e julgamento crítico de situações, questões técnicas construtivas, legislativas, e principalmente a integração desses diversos conhecimentos visando o discernimento quanto às necessidades e a possível solução em forma de projeto, urbano ou arquitetônico.

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Cortesia de Sem Muros Arquitetura Integrada

Hoje, segundo cadastro no Ministério da Educação, o Brasil apresenta mais de 800 cursos de arquitetura e urbanismo espalhados pelo território nacional, ministrados em instituições públicas e privadas, somando mais de 214 mil vagas entre cursos presenciais e online. Dessas vagas, apenas 2% são de cursos públicos e sua maioria está concentrada no sudeste brasileiro. Em média, os cursos de arquitetura e urbanismo duram 5 anos e exigem dedicação integral ou meio período. Em alguns cursos há o ensino prático de canteiro de obras experimentais, e em geral todos os cursos têm em projeto sua principal disciplina, juntando as disciplinas teóricas com as práticas. 

O arquiteto e urbanista se forma com habilidades que podem o levar a trabalhar profissionalmente com construção, planejamento urbano, projetos, fotografia e arte, tecnologia, pesquisa acadêmica, entre outras áreas que estão também, aos poucos, sendo experimentadas. Devido a sua formação ampla e crítica, a atuação profissional do arquiteto tem espaço tanto nas áreas que são de conhecimento específico, quanto para as jovens áreas de inovação, se mostrando uma carreira importante e atual frente à sociedade.    

Referências

  • VIDOTTO, Taiana Car. MONTEIRO, Ana Maria Reis de Goes, 2013. O Ensino de Arquitetura no Brasil: da Missão Francesa à Criação da Faculdade Nacional de Arquitetura. Acesse aqui.
  • UNESCO / UIA Carta para Educação dos Arquitetos, 2011. Acesse aqui.

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Sobre este autor
Cita: Giovana Martino. "O que você precisa saber para cursar arquitetura e urbanismo no Brasil" 24 Jan 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/974086/o-que-voce-precisa-saber-para-cursar-arquitetura-e-urbanismo-no-brasil> ISSN 0719-8906

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