Arquitetura em Machu Picchu, três projetos na paisagem

Preservação de patrimônio e integração com a paisagem são dois temas cruciais no desenvolvimento da arquitetura peruana cujo território é uma síntese de paisagens com memórias. O projeto vencedor do concurso de Ideias para intervenções no Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu (Cusco), não somente alcança ambas relações, mas as entrelaça, adapta e propõe. Mimetiza-se respeitando a tradição arquitetônica do lugar, emergindo com sua própria linguagem contemporânea. Cria pontes de novas relações respeitando as preexistentes, continuando assim, com a natureza do lugar onde há harmonia entre a paisagem e a história. Naturalmente, integra os visitantes a ser parte dessa experiência.

A seguir, conheça mais detalhes deste projeto arquitetônico e, sobretudo, uma aproximação ao que vem sendo o desenvolvimento de exteriores e paisagismo do masterplan proposto ao Parque Arqueológico.

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Descrição dos arquitetos

A cidadela inca de Machupicchu, localizada em Cusco, é o local mais icônico do Peru, uma das maravilhas do mundo moderno e Patrimônio histórico e cultural da humanidade segundo a UNESCO. Recebe, por dia, 2500 visitantes e, por isso, Peru considera necessário priorizar sua conservação ante o iminente desgaste que exerce pelo alto número de visitas turísticas.

Ante este cenário, em 2014 o Ministério da Cultura do Peru (MINCUL) e a Dirección Desconcentrada de Cusco (DDC-Cusco) convocaram o "Concurso de Ideias de Arquitetura para as intervenções no Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu", resultando em um anteprojeto da arquiteta Michelle Llona R. que lidera o estudio LLONAZAMORA.

Seguindo a pauta do concurso, em 2016 MINCUL E DDC-Cusco elaboraram um informe, "Visão Estratégica para a Nova Gestão de Machupicchu", que aborda a problemática e propõe um novo modelo de gestão integral e sustentável.

O novo enfoque busca migrar de uma experiência turística baseada somente no trajeto físico pela cidade inca, à interpretação de um território maior, que dá sentido e relaciona Machupicchu em um sistema paisagístico, arqueológico e cultural que se estende e envolve todo seu entorno.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

Dentro deste novo modelo de gestão de Machupicchu encontram-se três peças arquitetônicas chaves para o desenvolvimento de seus objetivos principais: um centro de visitantes, uma ponte e uma alameda. Ou seja, um sistema integrado, um masterplan urbano arquitetônico e paisagístico, que ressalte o território e o legado dos incas e que ponha em valor a experiência turística desde o pueblo de Machupicchu (exemplo Aguas Calientes) até a entrada da Cidadela. Com estas primeiras intervenções espera-se garantir a conservação e sustentabilidade dos recursos naturais e arqueológicos, melhorar a qualidade da visita e promover uma maior apropriação da população local.

Os três projetos, em suas diferentes escalas, propõem soluções específicas e cuidadosas, desde os traços gerais, aos materiais e detalhes construtivos, priorizando os aspectos de sustentabilidade e durabilidade.

Centro de visitantes de Machupicchu

O novo centro de visitantes será a porta de entrada ao Parque Arqueológico Nacional de Machupicchu (PANM). O projeto localiza-se cruzando o rio Vilcanota, na base da montanha, conectado a uma série de caminhos (rodovia, ciclovia e rotas de pedestres) levando à cidadela de Machu Picchu. 

Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA

O programa arquitetônico divide-se e organiza-se em três edifícios principais conectados por diferentes praças ou terraços. Este conjunto de três estruturas mantém a proporção observada nos frontões incas de la Llaqta, tetos que são inseridos na paisagem, abraçados pela geografia e vegetação.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

Sob os tetos de madeira um grande espaço abriga o programa público do centro de visitantes, reforçando uma experiência de interioridade em oposição à grandiosidade da paisagem exterior, previamente ao espetáculo do cume.

Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA
Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA

As praças estendem-se sobre a topografia e marcam os muros incas existentes para valorizá-los e incluí-los no turismo. Estas praças relacionam edifícios uns aos outros, articulando e integrando o centro de visitantes com a paisagem e uma série de trajetos exteriores que ascendem a Llaqta.

Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA

Alameda

A alameda é um trajeto de aproximadamente 2 km ao longo do rio Vilcanota que conecta Machupicchu com o ingresso ao PANM. Esta via é o espaço público de maiores dimensões da área, localizado sobre um complexo trabalho de defesas costeiras que buscam proteger esta essencial infraestrutura.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

O projeto define sete praças, que são lugares de descanso e encontro para os turistas. A seção típica está conformada por três vias: a via de veículos, a ciclovia (que propicia novas formas de turismo e passeio para os habitantes), e a via de pedestres que conecta as duas últimas e introduz ao visitante a paisagem natural.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

Este passeio cheio de vegetação é desenhado a partir de uma série de elementos pré-fabricados de concreto e aço corten, aos que se somam à calçada de granito e elementos de pedra. O passeio busca, com seus materiais, estender a atmosfera do leito do rio para o caminho, pondo as grandes pedras em valor e buscando uma integração com a paisagem e a vegetação local.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

Ponte

A ponte é um projeto que cria um conjunto de pequenos espaços públicos, que consolida uma área de descanso para os visitantes, após a visita à Llaqta de Machupicchu. Além disso, propõe uma série de instâncias para a contemplação da paisagem, evidenciando o novo e complementando o trajeto de saída. 

Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA
Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

É uma estrutura que não imita as construções incas e busca que suas fundações e estruturas estejam na menor distância possível do centro arqueológico. Propõe-se uma viga de aço corten de 74 metros de comprimento, com somente três pontos de apoio, para permitir que a vegetação siga crescendo e diminua o impacto na montanha.

Cortesía de Archivo personal LLONAZAMORA

Finalmente, apresenta-se um conjunto de intervenções que não põe no centro o edifício ou o construído, mas que busca habilitar uma plataforma arquitetônica que ressalta a paisagem e o legado dos incas, com especial cuidado na experiência de turistas e habitantes.

Cortesía de VISTA PREVIA y LLONAZAMORA

Centro de Visitantes:

Arquitetura

Arquitetos: Arq. Michelle Llona
Chefes de Projeto: Arq. Rafael Zamora, Arq. María Alejandra Linares
Equipe de projeto: Arq. Carolina Zegarra, Arq. Sebastián Schwarz, Arq. Karen Vila
Especialidades:
Museografia: Arq. Juan Carlos Burga
Museologia: Arqueóloga Cecilia Pardo
Engenharia Estrutural em Concreto: Eng. Luis Flores
Engenharia Estrutural em Madeira: Arq. Luis Takahashi
Engenharia de Instalações: JG Ingenieros
Iluminação: Hilite SAC
Engenharia de Segurança: Arq. Eddie Tafur
Projeto Ambiental: POGGIONE BIONDI Arquitectos
Localização: Região de Cusco, Provincia de Urubamba, Distrito de Machupicchu
Área construída: 9,253.49 m2
Cliente: Ministerio de Cultura, Dirección Desconcentrada de Cultura de Cusco

Exteriores e Paisagismo

Arquitetos: Arq. Rafael Zamora, Arq. María Alejandra Linares
Chefes de Projeto: Arq. Claudia Bode
Equipe de projeto: Arq. Gabriela Aquije, Arq. Carolina Zegarra, Arq. Sebastián Schwarz, Arq. Karen Vila, Arq. Cristina Bonta
Especialidades:
Engenharia de Agrimensura: Eng. José Palacios
Engenharia Estrutural de Concreto: Eng. Luis Flores
Engenharia Estrutural (Exteriores e  Muros de contención): Eng. Juan Bariola
Engenharia de Instalações: JG Ingenieros
Iluminação: Hilite SAC
Engenharia de Segurança: Arq. Eddie Tafur
Localização: Región de Cusco, Provincia de Urubamba, Distrito de Machupicchu
Área: 10.261.01 m2.
Área de paisaje: 9,843 m2
Cliente: Ministerio de Cultura, Dirección Desconcentrada de Cultura de Cusco

Alameda:

Arquitetos: Arq. Michelle Llona
Chefe de Projeto: Arq. Rafael Zamora, Arq. Lucia Weilg
Equipe de projeto: Arq. María Alejandra Linares, Arq. Carolina Zegarra, Arq. Karen Vila
Localização: Región de Cusco, Provincia de Urubamba, Distrito de Machupicchu
Área construida total: 27,338.00 m2.
Cliente: Municipalidad Distrital de Macchupicchu Pueblo

Ponte:

Arquitetos: Arq. Michelle Llona
Chefe de Projeto: Arq. Rafael Zamora, Arq. Lucia Weilg
Equipe de projeto: Arq. María Alejandra Linares, Arq. Carolina Zegarra, Arq. Karen Vila
Engenheiros: Eng. Luis Flores Mantilla, Eng. Cesar Aranis García-Rosell
Localização: Región de Cusco, Provincia de Urubamba, Distrito de Machupicchu
Área construída total: 506.20 m2
Cliente: Ministerio de Cultura, Dirección Desconcentrada de Cultura de Cusco

Crédito das Imagens (plantas, diagramas e croquis): Arquivo pessoal LLONAZAMORA

Crédito das Imagens (renderizações): VISTA PREVIA e LLONAZAMORA

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Sobre este autor
Cita: Bayona, Delia. "Arquitetura em Machu Picchu, três projetos na paisagem" [Arquitectura en Machu Picchu, tres proyectos en el paisaje] 07 Mai 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/870690/arquitetura-em-machu-picchu-tres-projetos-na-paisagem> ISSN 0719-8906

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