Por que a batalha entre o lado artístico e empresarial na arquitetura não faz sentido

Este artigo foi originalmente publicado na The Architect's Newspaper como "Phil Bernstein pens inaugural column on technology, value, and architects’ evolving role."

Esta é coluna inaugural "Valores Práticos", uma nova série bimensal pelo arquiteto e tecnólogo Phill Bernstein. A coluna irá focar no papel evolutivo do arquiteto na intersecção do projeto e construção, incluindo temáticas como sistemas de entrega alterativos e geração de valores. Bernsstein já foi vice presidente da Autodesk e agora leciona na Escola de Arquitetura de Yale.

Este semestre estou dando uma aula chamada “Explorando Novas Proposições de Valores para a Prática que é baseada na premissa que o papel dos arquitetos na indústria da construção requer que pensemos criticamente sobre nosso valor como projetistas neste sistema. Depois de estudar a estrutura e dinâmica de modelos de negócio práticos, a cadeia de fornecimento e outros exemplos de empresas de design inovadoras, os alunos terão que criar um plano de negócios para um escritório de arquitetura da "próxima geração". Sou agnóstico quanto ao que essa prática faz per se, desde que funcione em algum lugar na constelação de coisas que os arquitetos podem fazer, mas há uma restrição - a empresa proposta não pode receber em pagamentos fixos ou taxas cobradas por hora. Têm de criar valor (e lucro) através de alguma outra estratégia.

Phil Bernstein. Imagem Cortesia de Phil Bernstein via The Architect's Newspaper

Quero que nossos alunos pensem criticamente sobre esta questão de proposição de valores: Onde arquitetos contribuem para a construção de edifícios e como é percebido o valor resultante, e quem se beneficia? Tecnologia tem começado a mudar nossas equações de valores. A crescente dependência na informação de projeto criada como resultado do processo do arquiteto - a “big data” das representações de design, geometria que guia os equipamentos de fabricação controlados por computadores, a telemetria da "construção inteligente" - é apenas uma oportunidade para argumentar que arquitetos são o ponto de partida do sistema de entrega da construção. Mas devemos desenhar ambos os métodos e protocolos que demonstram nosso valor, e como um resultado importante, colher os benefícios financeiros de acordo. Isso, ao que me parece, é uma rota muito mais direta para garantir a relevância de arquitetos para a arquitetura, as várias campanhas publicitárias que insiste que os clientes "olhem para cima" para realmente apreciar seus arquitetos não parece suficiente.

Na discussão destas ideias com meus colegas arquitetos frequentemente me deparo com o ceticismo que coloca esta perspectiva em oposição com duas realidades percebidas da prática. Primeiro, esta asserção que a arquitetura é, em essência, um empreendimento artístico e expressivo que será manchado por considerações em relação a dinheiro, negócios ou mesmo as implicações da instrumentação digital no próprio processo de projeto. Concordo com a primeira parte desta conclusão, mas - como você pode imaginar - eu faço exceção à segunda. Que o projeto é o valor fundamental da profissão não há discussão, mas também não é o ponto: A questão mais interessante é a forma como melhor capacitar os clientes a compreender esse valor, os arquitetos para habilitá-lo, e outros membros dos sistema para se unirem atrás dele. E uma vez que os arquitetos operam em uma cadeia de suprimentos (de fornecedores e consumidores) que é uma rede complexa de trocas de dinheiro, informação e risco (e, portanto, valor), como o projeto nos torna participantes mais valorizados?

Recentemente falei numa conferência com dois outros arquitetos para um grande grupo de estudantes de arquitetura. Quando questionado sobre o que pensava ser uma questão crítica que iriam enfrentar em suas carreiras, respondi seguindo as linhas do argumento acima. Em resposta, um dos conferencistas declarou aos estudantes que arquitetos não entram na profissão por estarem interessados em dinheiro, mas sim por sua paixão por projeto - e que ele nunca fez muito dinheiro com seu escritório, mas era muito mais feliz em sua carreira que sua irmã advogada bem paga. A mensagem era clara: um interesse no negócio de arquitetura, ou ainda, as oportunidades financeiras resultantes, está além de nossa dignidade como projetistas apaixonados. 

Ambas declarações são falsos binários na melhor das hipóteses, e são conclusões potencialmente danosas à profissão na pior delas. Todo arquiteto quer que clientes, colaboradores, mesmo construtores percebam o valor de nosso trabalho de projeto. No entanto, este é um pensamento ilusório até que possamos nos posicionar nos sistema - os protocolos financeiros e técnicos pelos quais as idéias do arquiteto são construídas - e fazer esse caso. Nas colunas seguintes vou explorar como podemos fazer isso, e projetar uma profissão que poderia satisfazer melhor nossas paixões e, como resultado, nossos bolsos. 

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Sobre este autor
Cita: Bernstein, Phil. "Por que a batalha entre o lado artístico e empresarial na arquitetura não faz sentido" ["False Binaries": Why the Battle Between Art and Business in Architecture Education Doesn't Make Sense] 15 Abr 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/868689/por-que-a-batalha-entre-o-lado-artistico-e-empresarial-na-arquitetura-nao-faz-sentido> ISSN 0719-8906

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