"Never Built New York" explora o passado esquecido e o futuro que nunca chegou

"Never Built New York" explora o passado esquecido e o futuro que nunca chegou
Ponte Arranha-céu de Raymond Hood. Cortesia de Metropolis Books

Esse artigo foi publicado originalmente pela Revista Metropolis como "An Incredible Journey into the New York City that Never Was."

Imagine que as águas que cercam a Estátua da Liberdade foram aterradas. Que você poderia caminhar até a própria estátua, seguindo um caminho do Manhattan Battery Park. Acredite ou não, em 1911, isso poderia ter ocorrido.

Em Never Built New York, os autores Greg Goldin e Sam Lubell (prefácio de Daniel Libeskind) descrevem com ironia e, às vezes, nostalgia, os projetos arquitetônicos e de planejamento mais significativos do século passado, os quais teriam mudado drasticamente a cidade - mas que nunca foram implantados.

O livro organiza mais de cem projetos de uma forma geográfica, começando com plantas da cidade para projetos localizados em Downtown, Midtown e Uptown Manhattan, Bronx e Queens, Brooklyn e Staten Island. Alguns são bem conhecidos, como a longa batalha pelo projeto da sede das Nações Unidas ou o colapso trágico de um plano mestre ambicioso para o Ground Zero. Outros são inesperados e surpreendentes - como o projeto residencial de Moshe Safdie, Habitat New York, ou radicais como a torre de Koolhaas para a 23 East 22nd Street. Alguns são vôos puros de fantasia. A maioria realmente poderia ter sido construída; Por razões muitas vezes financeiras e de natureza política, no entanto, eles nunca se concretizaram.

"O livro toca em uma parte de toda a humanidade - sobre como teria sido alguma coisa. E se eu tivesse feito isso? E se eu tivesse casado com ela? E se eu tivesse mudado para lá? Todo mundo pensa sobre isso", diz Lubell.

T. Kennard Thomson, "City of New Manhattan." O plano consistia em ampliar Manhattan por quatro milhas até o Upper Bay. Esta adição de 1,400 hectares teria esticado a cidade de Battery Park todo o caminho até a Estátua da Liberdade e além. Cortesia de Metropolis Books

Tão atraentes como as extraordinárias coleções de desenhos é a linguagem viva que os autores usam para contar as histórias dos projetos. Goldin e Lubell, cujo tom editorial varia do sarcástico ao crítico, introduzem o leitor para as pessoas por trás desses projetos visionários, dando-nos vislumbres de seus sonhos e obsessões.

Ponte Arranha-céu de Raymond Hood. Cortesia de Metropolis Books

Raymond Hood, o arquiteto por trás do Daily News Building e do American Radiator Building, também é um protagonista. Os autores relatam como, em 1925, Hood desenhou uma ponte de mais de 3 km de comprimento que era também um arranha-céu. O projeto incluía duas torres residenciais de 50 a 60 andares de altura, que funcionavam como pilares para ancorar a ponte suspensa.

A megaestrutura acomodaria 50.000 pessoas, lojas, teatros e esplanadas. Os elevadores iriam proporcionar aos moradores acesso à beira-mar para passeios de barco, natação, ou outras atividades aquáticas. Hood defendeu o esquema como uma solução viável para o congestionamento do tráfego: "Mentes sérias alegaram que o projeto não era somente estruturalmente sólido, mas possuído de vantagens financeiras incomuns".

Office of Metroplitan Architecture, 23 East 22nd Street. Cortesia de Metropolis Books

O congestionamento do tráfego era também uma fonte do aflição para Robert Moses, cujo projeto 1941 Mid-Manhattan Expressway era parte de um plano maior para construir cinco auto-estradas na cidade. A uma altura de dez andares acima da rua, a via expressa percorreria um centro densamente construído, literalmente invadindo edifícios existentes. Moses previu espaços comerciais e de estacionamento sobre os viadutos, e edifícios pendurados na rodovia "como cracas em algum grande casco", nas palavras dos autores.

Trilho de Trem Elevado Rufus Henry Gilbert. Cortesia de Metropolis Books

Outro protagonista, Rufus Henry Gilbert, sentia que a cidade precisava de mais trânsito de massa. Em 1870 ele imaginou um trem com propulsão de ar comprimido que funcionasse dentro dos "tubos atmosféricos." Estes tubos pneumáticos seriam suspendidos sobre um arco gótico delgado, suportado por colunas coríntias estriadas. Gilbert lutou com toda a sua força para ver seu projeto se tornar realidade, mas foi derrotado pela falta de fundos e manobras de poder. Segundo Lubell e Goldin, morreu "caduco e quebrado".

A Nova Iorque não-construída informa o que existe hoje. Em alguns casos, sublinha a falta de audácia da cidade; como outra pessoa poderia caracterizar o afundamento do aglomerado de torres modernistas de Mies van der Rohe, ao sul de Water Street, para uma das torres de escritório mais volumosas da cidade - One New York Plaza? Em outros, evidencia um pesadelo urbano evitado por pouco - o que aconteceria se, por exemplo, a insana Midtown-Expressway de Moses e a ampliação da 5ª Avenida através do Washington Square Park tivessem recebido a aprovação?

Apartamentos de Ludwig Mies Van Der Rohe Battery Park. Cortesia de Metropolis Books

Never Built Nova York é, em última instância, um guia para a cidade que vai além do que é imediatamente visível. Auxilia na comparação à Nova Iorque que "é" com a que poderia ter sido, e o que um dia poderia ser. Como Goldin e Lubell afirmam: "esta caminhada pelo passado distante e recente é também uma viagem ao futuro. Never Built New York trata sobre o poder das ideias em moldar o futuro. Delicie-se e imagine."

Never Built New York

Sobre este autor
Cita: Mattioli, Guglielmo. ""Never Built New York" explora o passado esquecido e o futuro que nunca chegou" ["Never Built New York" Explores the Forgotten Past and the Future that Never Was] 08 Dez 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/801042/never-built-new-york-explora-o-passado-esquecido-e-o-futuro-que-nunca-chegou> ISSN 0719-8906

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