7 Dicas para criar cidades para os pedestres

A Associação de Pesquisa e Planejamento Urbano de San Francisco (SPUR), é uma ONG que se dedica a elaborar estratégias que procuram melhorar a qualidade de vida urbana, especificamente nas cidades que conformam a região da Baía de San Francisco.

A maior cidade desta baía é San José, que durante as décadas de 50 e 60 viveu um processo de expansão que a consolidou como uma área metropolitana. Mais tarde, nos anos 90, a cidade recebeu o título de Capital do Vale do Silício, resultado de um desenvolvimento tecnológico astronômico.

As estimativas mais recentes apontam que San José terá o maior crescimento das cidades da baía. Isso levou a SPUR a elaborar a pesquisa Getting to Great Places, com foco no desenvolvimento de San José, levando em consideração que o governo local pretende orientar este crescimento urbano para a criação de bairros mistos que sejam prioritariamente adequados e agradáveis para os pedestres.

A seguir, apresentamos 7 dicas elaboradas a partir da pesquisa da SPUR.

Circulação de pedestres

© Michigan Municipal League (MML), via Flickr. Used under Creative Commons

Caminhar em uma rua com cafés, restaurantes e lojas é muito mais agradável do que em uma rua onde existem grandes edifícios comerciais e estacionamentos para automóveis.

A Associação de Pesquisa e Planejamento Urbano de San Francisco explica que a percepção de distancias tem grande influência nesse quesito, logo, as cidades podem evitar o desconforto dos pedestres através de uma medida muito simples: não permitir que quadras inteiras se fechem para as ruas.

Além disso, as quadras devem possuir entradas e passeios para que os pedestres possam circular por entre os edifícios.

Voltar os edifícios para a rua

© Michigan Municipal League (MML), via Flickr. Used under Creative Commons

Se os pedestres passam por uma loja cuja entrada principal está repleta de vagas de estacionamento para automóveis, é provável que não se interessem em entrar no estabelecimento.

Assim, a Associação aconselha que as lojas tenham suas entradas o mais próximo possível da rua. A respeito disso o planejador da SPUR, Benjamin Grant, afirma que assim cria-se “uma espécie de intimidade e sentido do lugar”.

Além disso, Grant explica que os seres humanos se sentem mais confortáveis em espaços que não são tão expostos, como as praças tradicionais, algo conhecido como “instinto residual”.

Definir os usos dos espaços públicos

Times Square, Nova Iorque © Brian Digital, via Flickr. Used under Creative Commons

Existem certos espaços públicos que podem ser muito tumultuados e, por isso, se tornam incômodos para algumas pessoas. Entretanto, é necessário reconhecer que esses espaços conseguem atrair os cidadãos que os consideram boas opções para passar o tempo. Um exemplo disso é o que ocorre na Times Square, em Nova Iorque.

Sobre isso, Grant considera que é importante que esse tipo de lugar tenha um bom equilíbrio entre espaço disponível para a circulação e espaço destinado a acomodar os quiosques ou lojas, especificando que estes últimos não podem tornar-se prioridade no espaço público.

Construir estacionamentos “invisíveis” para automóveis

© Éole, via Flickr. Used under Creative Commons

“Todos os condutores são pedestres quando saem dos seus automóveis”. É desse modo de Grant introduz a ideia de qual seria o lugar mais adequado para construir estacionamentos para automóveis sem afetar os pedestres nem a qualidade dos espaços públicos.

Em sua opinião, se um edifício possui estacionamentos na sua parte frontal, “os pedestres se sentem como cidadãos de segunda classe”. Por isso, recomenda-se que, quando da construção de estacionamentos, estes sejam subterrâneos ou localizados parte posterior do edifício, para que sejam “invisíveis” aos pedestres e demais condutores.

Além disso, eles devem ser multiuso (comerciais e residenciais), com acessos lógicos e seguros para os pedestres, isto é, todos os cidadãos.

Garantir a escala humana dos edifícios

Empire State Building © Bokeh & Travel, via Flickr. Used under Creative Commons

O Empire State Building é um edifício que possui 381 metros de altura, mas não é visto como uma construção impenetrável, pois conta com acessos exclusivos para pedestres, o que faz toda a diferença. Segundo o livro “Getting to Great Places” da SPUR, estes detalhes o tornam um edifício capaz de criar um ambiente aconchegante para o pedestre no nível do solo.

Acessos claros e definidos para pedestres

Praça Trafalgar © LifeInMegapixels, via Flickr. Used under Creative Commons

Para caminhar pelas praças e parques, os pedestres devem contar com acessos que permaneçam evidentes e que sejam bem definidos. Por isso, recomenda-se que os caminhos e passeios sejam sinalizados, motivando as pessoas a percorrerem o lugar. Além disso, estas sinalizações tornam mais fácil o percurso dos turistas, sobretudo nos locais visitados por muitas pessoas.

Construir “ruas completas”

© EURIST e.V., via Flickr. Used under Creative Commons

Há algumas décadas, as ruas de certas cidades tinham como foco facilitar os deslocamentos dos automóveis, por isso, certos atributos tradicionais das ruas estavam sendo perdidos. Algumas dessas características correspondem à presença de espaços comerciais, sociais, para o transporte público e para as bicicletas.

Por isso, o guia procura recuperar estes atributos através da construção de “ruas completas”, isto é, seguindo um desenho urbano que foque em aproveitar todo o potencial de uma rua. Assim, os cidadãos podem contar com espaços públicos mais tranquilos, onde podem tomar um café, ler um livro ou andar de bicicleta.

Publicado originalmente em 26 de outubro de 2014 e atualizado em 11 de setembro de 2019.

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Sobre este autor
Cita: Constanza Martínez Gaete. "7 Dicas para criar cidades para os pedestres" 16 Set 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/756030/7-dicas-para-criar-cidades-para-os-pedestres> ISSN 0719-8906

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