O capítulo final do High Line está completo; mas espere, não feche o livro ainda!

O capítulo final do High Line está completo; mas espere, não feche o livro ainda!

Com a inauguração da última etapa do High Line em Nova Iorque no mês passado, a cidade pôde finalmente fazer um balanço de uma transformação urbana que levou uma década e meia de sua concepção à concretização - e nos primeiros cinco anos desde a inauguração de sua primeira etapa se tornou um dos grandes fenômenos de planejamento urbano do século XXI, inspirando propostas semelhantes em cidades ao redor do mundo. Neste artigo, publicado originalmente pela Metropolis Magazine como "The High Line's Last Section Plays Up Its Rugged Past," Anthony Paletta escreve sobre essa nova peça final ao quebra-cabeça, e examina o que este projeto referência significou para o West Side de Manhattan.

A promessa de qualquer ferrovia urbana, ainda que obscura ou congestionada no seu início, é a eventual liberação para a fronteira aberta, a perspectiva de que esses trilhos enterrados poderiam, em tempo, levá-lo em qualquer lugar. Para aqueles de nós cujo único cronograma é o nosso ritmo de caminhada, esta é a experiência da última fase recém inaugurada do High Line. O parque, depois de serpentear em suas duas fases iniciais ao longo de 20 densas quadras de Manhattan, se alarga em uma grande promenade que termina com a épica vista para o Rio Hudson. É um grande coda e um final satisfatório para um dos projetos de parque mais ambiciosos na memória recente.

Agora, totalmente finalizado, o plano serpenteante do High Line produz uma figura agradável. Orientado quase linearmente norte-sul, o parque vai do Meatpacking District até Hudson Yards, antes de repentinamente enrolar-se - como um ponto de interrogação invertido - na direção oeste, para o Hudson. Sua longa curva através da cidade foi ditada, como as curvas dos elevados do Túnel Lincoln em Weehawken do outro lado do rio, por exigências de engenharia para lidar com a mudança de inclinação num espaço limitado. A terceira etapa do projeto, obra do escritório de paisagismo James Corner Field Operations em parceria com Diller Scofidio + Renfro, coroam este fato. Enquanto que as porções mais ao sul estão repletas de caminhos que se bifurcam e paisagismo que obscurece e seduz intencionalmente as vistas à frente, a última parcela do parque se alarga de maneira impressionante. Há aqui muitos lugares para sentar em ambos os lados, com uma série daqueles bancos de madeira posicionados diretamente no centro da promenade. Eles se dobram perfeitamente por baixo da camada de concreto, exigindo apenas que você se sente apenas por um momento.

O espaço parece vasto. O High Line pode ser o único lugar em Nova Iorque em que ter o seu ritmo de caminhada definido por "cardumes de turistas" não é muito perturbador, mas esta porção norte oferece misericordiosamente a chance de ultrapassar de qualquer carrinho de bebê especialmente demorado.

Vista para oeste no pôr do sol. Bancos em Rail Track Walk . Imagem © Iwan Baan, 2014 (Trecho 3)

A ampla plataforma se divide em certo trecho, mas não para contornar as árvores, como é o caso das porções mais ao sul do High Line. Ao lado direito você encontrará o que Sinclair Lewis definiu como "um monstro de membros de aço, costelas de carvalho, carne de cascalho, e uma fome estupenda para o transporte" - são trilhos desenterrados sobre os quais se pode caminhar sem medo dos trens. Esses trilhos se tornam uma área lúdica à medida que o parque as entrelaça - e então, surpreendentemente, se transformam em uma porção fechada do parque mantida em sua fascinante decadência. Aqui, a vegetação não é cuidadosamente plantada, é um vislumbre para aqueles de nós que não tiveram a sorte de encontrar o High Line em seus dias de desuso, daquela era "descuidada" mas fascinante."

A fase final oferece um lembrete funcional do passado da estrutura. O trecho Hudson Yards da linha foi, afinal, necessário para a aquisição bem sucedida dos trilhos. CSX, a última operadora da linha na verdade não tinha posse da linha mas, como muitas outras linhas férreas, realizou uma série de intervenções para o seu funcionamento contínuo. Se uma linha de trem é simplesmente abandonada, os proprietários ao longo do percurso são livres para reafirmar o uso de sua propriedade. O termo "Railbanking", que é o processo legal através do qual as linhas férreas podem ser utilizadas e mantidas por autoridades civis, se baseia em muitos casos na noção (frequentemente especulativa) de que um corredor está sendo mantido para uma operação ferroviária teórica futura. Isso, por sua vez, requer uma conexão factível com uma rede ferroviária - neste caso, Hudson Yards. Uma vez que a CSX doou os trilhos até a 30th Street para a cidade em 2005, a questão se tornou essencialmente discutível, mas a parcela final do High line não era menos bem quista pelos apoiadores e amigos do parque (e posteriormente foi presenteado à cidade, em 2012).

Deixando esta questão de railbanking de lado, uma razão significativa da nova porção oferece uma impressionante conexão com seu passado férreo que ainda paira sobre o ainda bem ativo MTA Hudson Yards. O parque oferece um panorama vasto de muitos trens serpenteantes; uma das vistas mais utilitaristas que um parque de Nova Iorque tem a oferecer. Isto, é claro, não vai durar muito.

Detalhes do Rail Track Walks no High Line em Rail Yards. Imagem © Iwan Baan, 2014 (Trecho 3)

O que me leva à uma segunda impressão do lugar, seu papel como catalisador e plataforma de observação das transformações da cidade. O tipo de área do High Line de uma década e meia atrás , quando o artigo de Adam Gopnik para o New Yorker foi publicado em 2001 - aquele sobre o abandono dos trilhos, evidenciando as áreas de moradores de rua e um verdadeiro lixão de componentes eletrônicos - não existe mais nem remotamente. Gopnik escreveu sobre a elevação do High Line, "que uma pequena altura faz até as coisas feias que estão abaixo parecerem ordenadas e padronizadas". Não existe mais nada de feio sob o High Line, exceto talvez os pátios férreos, mas estes estão prestes a desaparecer. As primeiras torres de Hudson Yards podem ser vistas já sendo erguidas, e os trilhos expostos logo desaparecerão por baixo de uma grande plataforma. Nós somos uma nação sedenta por terra desencadeada pela abertura de estradas de ferro; o oeste do país é provavelmente o caso mais dramático da corrida por terras provocado pela criação de ferrovias.

O High Line provou ser a maior sensação do pedaço e novos edifícios se ergueram quase como clientes ansiosos que esperam uma mesa no melhor restaurante da cidade, ao longo de quase cada porção de terra disponível. O lado sul se saiu bem, de maneira geral. É uma porção liderada tanto pelo antigo venerável como pelo muito chique; a porção do meio é cada vez mais sufocada com jantares calmos e bem servidos.

View looking west along the Interim Walkway. Imagem © Iwan Baan, 2014 (Trecho 3)

Mais importante, no entanto, dado o futuro ainda não claro de Hudson Yards, essa porção ainda preserva uma vista que, em sua maior parte, novas construções não podem e não irão apagar. A fase inicial de construção do Hudson Yards está em andamento; a primeira torre no local, 10 Hudson Yards, pode ser visto em balanço sobre a Décima Avenida, um esforço impressionante para a preservação por parte das empresas coligadas. Uma conexão de 60 pés direto para Hudson Yards Plaza é planejada, outra conexão bem-vinda. No entanto, a linha férrea corre ao longo da periferia do local de outra forma. A vista para o Hudson é garantida; os trilhos correm diretamente ao longo da West Side Highway, e só há um parque do outro lado. Planos relacionados para o lado oeste do local envolvem algumas poucas estruturas e principalmente áreas de parque (as exigências de construir por sobre o pátio férreo permitem poucas fundações viáveis ​​ - a única exceção é uma estrutura que pode novamente ficar em balanço sobre a extremidade sul do local, mas que ainda não foi projetado). A densidade de Midtown parece muito distante, e, mesmo tendo em conta eventuais torres a oeste da Décima Primeira Avenida, parece provável que continue assim.

Como os trilhos se voltam novamente para o leste, a sua súbita perda de altura é uma espécie de choque. Elevação, ontologicamente, é a única coisa com a qual você pode sempre contar no High Line - perceber a rampa descendo rapidamente até o nível da rua foi inicialmente atordoante. Frederick Jackson Turner definiu a fronteira como aquela que leva o viajante "do vagão de trem e coloca-o na canoa de madeira." Aqui, ela te tira da estrada de ferro e coloca você no ônibus para Toronto, Buffalo, Rochester e Syracuse.

Mas espere, andando de volta ao longo da 34th Street pode-se ver o quase concluído parque atrás das cercas - parte Hudson Boulevard, que será em breve inaugurado. E um novo parque começa. É um passeio para outro dia.

Sobre este autor
Cita: Anthony Paletta. "O capítulo final do High Line está completo; mas espere, não feche o livro ainda!" [The High Line's Final Chapter is Complete; But Don't Close the Book Just Yet] 31 Out 2014. ArchDaily Brasil. (Trad. Gabriel Pedrotti) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/755602/o-capitulo-final-do-high-line-esta-completo-mas-nao-feche-o-livro-ainda> ISSN 0719-8906

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