Tirantes na arquitetura brasileira: do mobiliário à infraestrutura urbana

Utilizados para transmitir especialmente cargas de tração, os tirantes aliviam as forças de compressão que atuam sobre os elementos de uma estrutura. Por se tratar de elementos lineares, como cabos ou barras metálicas, sua forma delgada permite que ele se camufle no espaço ou traga uma composição notável para este através da repetição de seus componentes. Com essas qualidades, seu uso é relativamente comum na arquitetura, sendo possível encontrar exemplos que vão desde o design de mobiliário até projetos de infraestrutura urbana, como em pontes suspensas ou estaiadas. 

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Semelhantes às treliças, os tirantes operam sob a ação de forças de tração ou compressão. No entanto, a distinção principal reside no fato de que são componentes estruturais inseridos em uma estrutura, geralmente parte de um sistema de pórtico, e só experimentam forças normais. Portanto, lidam exclusivamente com forças de tração ou compressão e não estão sujeitos a momentos de flexão ou forças de cisalhamento em sua atuação. Seja para criar grandes vãos, suportar fachadas, distribuir as cargas de vento de forma eficiente, conformar um suporte estrutural ou, ainda, por questões estéticas, os tirantes permitem a criação de estruturas ousadas e inovadoras. Abaixo, reunimos oito projetos brasileiros que usam desta técnica em distintas escalas. 

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micasa vol.C / studio mk27. Foto cortesia de studio mk27

Ao pensar a mesa da cozinha integrada à sala do Apartamento Higienópolis, Teresa Mascaro realizou uma bancada em concreto armado in loco. Em forma de “L”, ela começa numa altura de 90cm na área da cozinha e, quando encontra a sala, desce 15cm alcançado a altura de mesa e se estende por 3m de comprimento. Ao longo desta extensão, ela não tem apoios no piso, ficando suspensa por duas barras de aço chumbadas na laje de teto. Estes tirantes metálicos também são utilizados como suporte de uma luminária linear em chapa de ferro que flutua sobre a mesa.

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Apartamento Higienópolis / Teresa Mascaro. Foto: © Pedro Mascaro

No Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o escritório carioca gru.a, realizou a Instalação Riposatevi. Esta ocupa os 400m² do salão principal do museu. Para sua execução, foi necessária uma trama horizontal de cabos de aço formada por triângulos equiláteros, fixada a 2,5 metros do piso. Dela partem 13 tirantes verticais fixados às bases das vigas do edifício, conectando o sistema de cabos de aço à estrutura em concreto armado do museu. Para cada ponto atirantado foram instalados ganchos onde estão penduradas as 30 redes que ocupam o espaço.

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Instalação Riposatevi / gru.a. Foto: © Rafael Salim

Oriunda de uma montagem que ocorreu num processo artesanal, realizado por uma equipe de quatro pessoas, a Casa Acaiacá, projetada por Gui Paoliello Arquiteto, teve o apoio de um único andaime metálico que foi sendo deslocado para a montagem manual das seis vigas dos pórticos. Estas vigas consistem em troncos de 20 centímetros de diâmetro aproximado e foram reforçadas com um tirante em cabo de aço, conformando uma viga vagão com 12 metros de comprimento total para vencer um vão central de 8 metros.

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Casa Acaiacá / Gui Paoliello Arquiteto. Foto: © Manuel Sá

Também numa sucessão de pórticos, desta vez de madeira laminada colada, o studio mk27 vence vãos de quase 15m na micasa vol.C. Para isso, a cada dois módulos, no plano superior, estão os tirantes de aço para o contraventamento.

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micasa vol.C / studio mk27. Foto cortesia de studio mk27

Já na Loja Líder, o escritório paulistano FGMF tinha o desejo de levar certo protagonismo para o nível superior, que é normalmente desprestigiado em comércios. Para isso, eles propuseram um grande mezanino suspenso por apenas 6 delgados tirantes em meio ao espaço principal, caracterizando de forma contundente a estrutura mista que vence engenhosamente vãos de 15 metros.

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Loja Líder / FGMF. Foto: © Rafaela Netto

Para vencer grandes vãos, e ajudar a estabelecer a estrutura metálica que apoia a cobertura do Viveiro de Imersão Animália, a qual apresenta aberturas superiores que promovem a permeabilidade de luz, o AM2 Arquitetura também adotou os tirantes para uma maior eficiência estrutural

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Viveiro de Imersão Animália / AM2 Arquitetura. Foto: © Manuel Sá

Em engenharias ainda mais ousadas, o mestre João Filgueiras Lima (Lelé) realizou o Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia, um edifício que permanece inteiramente suspenso cinco metros acima do solo. Para isso, duas torres laterais idênticas sustentam os tirantes que estabilizam o edifício, o qual se desenvolve em balanços simétricos de volumes invertidos.

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Centro de Exposições do Centro Administrativo da Bahia / João Filgueiras Lima (Lelé). Foto: Gabriel Fernandes from São Paulo, Brasil, CC BY-SA 2.0 , via Wikimedia Commons

Por fim, um dos exemplos mais icônicos de tirantes na infraestrutura urbana está na Ponte Octávio Frias de Oliveira, realizada pelo arquiteto João Valente Filho. Aqui, os tirantes são chamados de estais, em homenagem à técnica utilizada em barcos que remete à solução estrutural adotada e dão o nome de ponte estaiada. Neste exemplo, há um total de 144 estais, formados por feixes de cabos de aço - encapados por um tubo amarelo de polietileno para proteção do material estrutural - que suspendem duas vias de 900 metros de comprimento sobre o rio Pinheiros.

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Ponte Estaiada Octavio Frias. Foto: Marcosleal, CC BY-SA 3.0 , via Wikimedia Commons

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Sobre este autor
Cita: ArchDaily Team. "Tirantes na arquitetura brasileira: do mobiliário à infraestrutura urbana" 21 Out 2023. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1007777/tirantes-na-arquitetura-brasileira-do-mobiliario-a-infraestrutura-urbana> ISSN 0719-8906

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