Um bom projeto (nem) sempre depende de um software

O ArchDaily apresentou seu tema mensal de julho — processos projetual — e não perdeu a oportunidade de abrir a discussão sobre como o uso de tecnologias está sendo incorporado à forma de fazer arquitetura. Embora a disciplina venha avançando há anos em campos como inteligência artificial (IA), realidade virtual (RV), modelagem paramétrica, BIM e outras ferramentas de ponta, sua implementação e sistematização nos processos cotidianos de projeto ainda são lentas.

Ao longo do mês, realizamos uma chamada aberta para ouvir as experiências e aprender com nossos leitores, explorando juntos como as últimas inovações estão transformando o desenvolvimento da profissão. Depois de revisar uma quantidade imensa de comentários e opiniões, foi surpreendente encontrar concordâncias sobre como filtramos e atualizamos as tecnologias que usamos nos processos de projeto. Confira os principais pontos de vista a seguir.

Filtrando as tecnologias

Juan Pablo Hoyos, arquiteto da Colômbia, escreveu: "Nesse constante fluxo de mudanças, é preciso saber filtrar o que é conveniente e o que não é ao abordar um processo de projeto. No ambiente em que trabalho, nem sempre um bom desenho depende de um software. Os projetos usando metodologia BIM, modelagem 3D, renderizações, fotomontagens e outras ferramentas são usados diariamente, mas a realidade virtual ou aumentada e o design paramétrico se tornam apenas experimentais, pois depois de aplicar esses métodos, eles não avançam muito ao entrar na fase orçamentária, e é aí que inovar com um design vanguardista versus a forma tradicional de construir acaba ganhando a batalha. Os projetos não são para nós habitarmos, mas sim para os clientes, e muitas vezes eles preferem o tradicional, as linhas puras e retas, os vãos tranquilos, os espaços diáfanos ou cheios de história. Somente em concursos de arquitetura nos permitimos explorar todas as tecnologias disponíveis e esperamos que algum dia alguma dessas ideias se materialize além do virtual".

Por outro lado, tem ocorrido um amplo debate sobre o papel que desempenharemos quando as tecnologias chegarem aos nossos próprios locais de trabalho. Nos últimos anos, temos testemunhado como a automação tem ganhado terreno nos processos cotidianos de design, construção e fabricação. Muitas dessas ferramentas emergentes prometem automatizar o processo de projeto, permitindo configurar rapidamente os espaços habitáveis e suas dimensões nas primeiras etapas do projeto. Um exemplo disso é trazido por Jesper Wallgren, arquiteto e fundador da Finch 3D, uma ferramenta já conhecida pelos arquitetos que automatiza tarefas repetitivas e ajuda a tomar decisões mais informadas, utilizando simulações e inteligência artificial.

Sem dúvida, isso se traduzirá em "mais tempo para desenvolver a criatividade", como afirmam nossos leitores ao opinar sobre nosso tema de junho de 2021: a automação na arquitetura. Portanto, é crucial estar atento e atualizado com as novas tecnologias e softwares de design e arquitetura devido à rápida evolução do campo. Essas ferramentas inovadoras podem melhorar a eficiência e qualidade do trabalho, permitindo que os profissionais se mantenham competitivos em um mercado em constante mudança e ofereçam soluções mais criativas e vanguardistas aos desafios do projeto.

Atualizando os software

Nunca é tarde. Também da Colômbia, o arquiteto Carlos Londoña comenta: "Tenho procurado me manter atualizado como arquiteto na área de design e construção, apesar de ter feito a graduação na década de 80, quando ainda não existiam computadores pessoais. Fiz cursos e estou utilizando as ferramentas de informática e tecnologia que surgiram. Na verdade, acabei de concluir um mestrado como BIM Manager, que é o ponto de partida para estar aberto aos novos desenvolvimentos para desenho, construção e manutenção de edifícios e cidades". Do México, o arquiteto David Sanchez escreve: "Este ano começamos a usar várias inteligências artificiais como ferramenta para a conceituação e estudo de nossos projetos. Acreditamos que são ferramentas muito importantes que todos devemos implementar".

De forma pioneira, há universidades que há anos vêm buscando incorporar as novas tecnologias de design e construção em suas agendas. Houve grandes avanços nos processos de design, como no Protótipo TOVA da Pós-Graduação 3D Printing Architecture IAAC na Catalunha ou no Laboratório de Construção na Universidade do Bío Bío no Chile. Um caso interessante foi durante a pandemia de COVID-19, que acelerou a digitalização e automação na arquitetura. Nicanor, arquiteto do Peru, escreve: "Como professor universitário, após o retorno ao modelo presencial, retrocedemos na exploração da realidade aumentada ou virtual no desenho, elaboração e apresentação de projetos. A ideologia da milenar maquete como única forma de tornar uma proposta de projeto compreensível, já alheia ao exercício da profissão, é um dogma nos ambientes de estudo".

Os arquitetos expressaram suas opiniões com ênfase a respeito dos filtros com a tecnologia e atualização de software. Alguns acham que certas ferramentas ainda são experimentais e preferem as tradicionais, enquanto outros veem a automação como uma forma de liberar tempo para a criatividade. E você, o que acha?

Este artigo é parte dos Temas do ArchDaily: Processo Projetual. Mensalmente, exploramos um tema em profundidade através de artigos, entrevistas, notícias e projetos de arquitetura. Convidamos você a conhecer mais sobre os temas do ArchDaily. E, como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuição de nossas leitoras e leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.

Sobre este autor
Cita: Dejtiar, Fabian. "Um bom projeto (nem) sempre depende de um software" [Un buen diseño (no) siempre depende de un software] 27 Ago 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Daudén, Julia) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1004932/um-bom-projeto-nem-sempre-depende-de-um-software> ISSN 0719-8906

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