Bem-estar, combate ao sedentarismo, saúde mental e, até mesmo, inclusão social. Ao ser palco de práticas esportivas e culturais, os ginásios possuem um relevante papel para a sociedade. Pensar este espaço de forma adequada para receber esportistas e a comunidade de forma confortável, ao mesmo tempo que se busca por um diálogo com o entorno e uma identidade própria, é papel do arquiteto por trás do projeto.
Por se tratar de grandes dimensões, planejar o layout (que, além da quadra, pode incluir um amplo programa de recepção, vestiários, áreas de treinamento e espaços de convivência) conforme os fluxos é fundamental para garantir a eficiência do espaço. Questões de conforto que abrangem a iluminação, natural e artificial, a climatização e a acústica também são imprescindíveis para garantir um espaço no qual o atleta possa oferecer o seu melhor desempenho. Toda uma combinação de fatores que, junto da segurança do público e da possível estética que o ambiente deverá apresentar, conforma um grande desafio para seus projetistas.
Sendo assim, apresentamos abaixo cinco exemplos que resolvem o programa a partir de diferentes soluções e materiais. Brindando não apenas um espaço confortável aos esportistas, mas também criando uma interação com o entorno, que propõe espaços de qualidade e encontro para toda a comunidade.
Artigo Relacionado
Conheça outros projetos de arquitetura esportiva!Arena Castanheiras em Santana de Parnaíba / Estúdio Trópico
"O formato shed foi proposto por otimizar iluminação e ventilação naturais e a implantação garantiu que as aberturas zenitais ficassem voltadas para a face sul. (...) Os fechamentos laterais estão soltos 2,30m do piso para favorecer a ventilação natural e para garantir a permeabilidade visual do entorno. Estes fechamentos são compostos por telha trapezoidal de alumínio que em alguns trechos possuem 31% de perfuração, descortinando assim as vistas do entorno, e nos demais trechos é composto por telha sanduíche de 10cm opaca na face externa, perfurada na parte interna e preenchida com lã de rocha, garantindo proteção térmica e acústica ao conjunto. (...) A cobertura é composta pelas mesmas telhas do fechamento lateral, porém o sistema conta com 20cm de espessura, uma vez que é o elemento que mais recebe a incidência dos raios solares. O fechamento dos sheds é feito com painel de policarbonato alveolar e nos trechos com ventilação, por venezianas de policarbonato."
Ginásio da Escola Secundária Honjo na Universidade Waseda / Nikken Sekkei
De modo geral, em instalações educacionais japonesas, as janelas dos espaços esportivos são cobertas com cortinas blackout quando as competições são realizadas. Para criar um espaço que permitisse a luz natural indireta adequada para exercícios internos, bloqueando a luz solar direta para proporcionar uma sensação do ambiente externo, foram projetados quatro "tubos" estruturais ao redor do perímetro da arena. Segundo os arquitetos, "esses tubos têm um papel importante a desempenhar na operação da instalação, pois abrigam equipamentos de ar-condicionado, iluminação e som. O acesso é possível através de escotilhas embutidas nas paredes. O tubo mais externo é o maior e funciona como um corredor, uma pista de corrida interna e uma passagem para a entrada de luz indireta no ginásio." Além disso, aberturas de distintos tamanhos nas paredes da arena proporcionam uma luz natural neutra, que evita a necessidade de cortinas.
Arena Esportiva em Bambu para a Escola Internacional Panyaden / Chiangmai Life Construction
"Em ambas as extensas laterais, varandas fornecem espaço para os pais e outros visitantes observarem eventos esportivos ou shows. (...) O design e a materialidade permitem um clima fresco e agradável durante todo o ano através da ventilação e isolamento naturais. Ao mesmo tempo, a estrutura exposta de bambu é um presente para os usuários e uma exibição de artesanato magistral. (...) O projeto estrutural inovador é baseado em treliças de bambu pré-fabricadas desenvolvidas com um vão de mais de 17 metros sem reforços de aço ou conexões. Essas treliças foram pré-fabricadas no local e organizadas na estrutura com a ajuda de um guindaste."
Ginásio de Esportes do Colégio São Luís / Urdi Arquitetura
A reforma do ginásio ampliou o número de suas quadras ao inserir um campo gramado em sua cobertura e criar arquibancadas retráteis. Segundo os arquitetos, "a opção pela arquibancada retrátil em apenas um lado permitiu a liberação das fachadas externas para uma relação visual direta com a cidade e, principalmente, com as enormes árvores que circundam a esquina onde o edifico está implantado. (...) A temperatura confortável e a renovação de ar dentro do edifício são garantidas pelo design das fachadas, com aberturas permanentes estrategicamente posicionadas para trazer ar fresco constantemente para as quadras, e vidros que controlam a radiação solar recebida." Junto disso, há a possibilidade de abrir portas deslizantes na fachada norte do edifício ajuda a controlar a intensidade dos ventos ao longo das estações do ano. Além disso, todo o conjunto "recebeu tratamento acústico para acolher não somente eventos esportivos, mas também os eventos institucionais e culturais da escola. Apoiado por uma infraestrutura cenotécnica completa, o espaço tem seus tempos de reverberação e isolamento acústico calibrados para que qualquer uso pretendido tenha conforto e excelência, sem incomodar a vizinhança."
Ginásio Gammel Hellerup / BIG
"O espaço, formado por paredes chanfradas de concreto, possui cobertura abobadada de madeira, formada por uma série de vigas curvas de madeira laminada colada. A cobertura, que serve duas funções (como pele interna e externa) é uma adição bem-vinda ao já existente campus de prédios de tijolos amarelos, de 1950. Este pátio montanhoso cria um ponto de encontro informal que pode hospedar inúmeras atividades de trabalho em grupo e até eventos maiores."
