Exposição: Alturas de Macchu Picchu: Martín Chambi – Álvaro Siza at work.

Em 1995, o arquiteto português Álvaro Siza foi para Macchu Picchu. Em sua mala, algumas peças de roupa, uns livros de poesia e um daqueles caderno de croquis, um sketchbook. Estes foram os poucos e necessários itens que o arquiteto precisou para memorizar e interpretar sua viagem, permitindo-lhe completar suas investigações sobre arquitetura.

Álvaro Siza, Croqui #399, Macchu Picchu, Peru, 1995. © Álvaro Siza

Meio século antes, o fotógrafo peruano Martin Chambi se aventurou nos picos de Macchu Picchu para realizar sua famosa série de fotografias das antigas ruinas incas. Seu trabalho tem um apelo político e busca contribuir aos seus moradores uma maior identificação e apropriação do lugar. Contudo, as ferramentas de Chambi e Siza são as mesmas: a produção de imagens para definir uma realidade.

Macchu Picchu,Peru, 1927 © Arquivo Fotográfico Martín Chambi

O Centro Canadense de Arquitetura (Canadian Center for Architecture – CCA) apresenta a mostra: Alturas de Macchu Picchu: Martin Chambi e Álvaro Siza at work – uma exposição com trinta e cinco croquis originais de Siza ao lado das fotografias históricas de Chambi, da década de 1920. A exposição está na Galeria Octogonal do CCA até 22 de abril de 2012.

Alturas de Macchu Picchu: Martín Chambi – Álvaro Siza at work. Instalação CCA. © CCA, Montreal

“As imagens apresentadas na exposição são, por um lado, documentações precisas do local. No entanto, elas não deixam de ter as interpretações políticas e estéticas de seus autores. Em ultima análise, tanto Siza quanto Chambi mostram Macchu Picchu como uma paisagem de suas invenções”.

Macchu Picchu, Peru, 1927 © Arquiivo Fotográfico Martín Chambi

Uma seleção de livros de poesia, sugerida pelo próprio Álvaro Siza, é destaque na exposição. Inclui-se nesta “Alturas de Macchu Picchu”, de Pablo Neruda, a segunda parte de seu “Canto Geral de 1945”, de onde a exposição empresta o nome.

Álvaro Siza, Croqui #399, Macchu Picchu, Peru, 1995. © Álvaro Siza

Álvaro Siza sempre se utilizou dos croquis em seus sketchbooks como ferramenta de projeto. Um de seus primeiros projetos que documentam a importância desse processo em sua arquitetura é o Conjunto Habitacional Quinta da Malagueira, iniciado em 1977 em Évora, Portugal. Neste, questões vernaculares do lugar de implantação já eram consideradas. E, assim, também o fez com seus registros de Macchu Picchu.

Álvaro Siza, Croqui #399, Macchu Picchu, Peru, 1995. © Álvaro Siza

Acrescenta-se a exposição, uma seleção de fotografias peita por Gabriele Bacilico, Giovanni Chiaramonte, Roberto Collová e Jean-Louis Schoellkopf – um olhar de observadores contemporâneos que finaliza a exposição.

Alturas de Macchu Picchu: Martín Chambi – Álvaro Siza at work. Instalação CCA. © CCA, Montreal

Martin Chambi (Coaza, Peru, 1981 – Cuzco, Peru, 1973) nasceu em uma família de camponeses quechuas e aprendeu fotografia em sua juventude. Em 1908, fez um estágio no estúdio de Max T. Vargas, em Arequipa e em 1923, estabeleceu seu próprio estúdio, em Cuzco, tornando-se um dos fotógrafos favoritos da elite local. Seus registros da cultura pré-hispânica andina foram um elemento chave para o movimento indígena de Cuzco, que procurou recuperar sua autonomia regional de linguagem, estética e expressão.

Macchu Picchu, Peru, 1927 © Arquiivo Fotográfico Martín Chambi

Álvaro Siza (Matosinhos, Portugal, 1933 – ) surgiu em 1950 como o protagonista da Escola de Porto, um grupo de arquitetos que tentam conciliar as experimentações da arquitetura moderna com as condições de produção em Portugal, na época sob um governo ditatorial. Após o retorno do Pais à democracia, em 1974, Siza criou um conjunto significativo de projetos de habitação social e outros projetos menores particulares. O escopo de seu trabalho logo se tornou internacional, com projetos posteriores concluídos na Alemanha, Espanha, Holanda, Japão, Italia, Brasil e Coréia do Sul. Não diferente, seu reconhecimento mundial culminou em sua conquista do Prêmio Pritzker de Arquitetura, em 1992.

Álvaro Siza, Croqui #399, Macchu Picchu, Peru, 1995. © Álvaro Siza

Curadoria: Fabrizio Gallanti é um Diretor Associado de Programas do CCA. Gallanti estudou arquitetura na Universidade de Genova, Itália, e recebeu seu titulo de doutor em projeto de arquitetura pela Politécnica de Turim. Atua profissionalmente em parceria com Francsica Insulza e foi um dos membros fundadores do Gruppo A12, um coletivo de profissionais dedicados a arquitetura e arte, sediado em Genova e Milão. Gallanti exerceu a profissão da arquitetura em Santiago do Chile, bem como lecionou projeto de arquitetura na PUC de Santiago e na Escola Politécnica de Milão, em Piacenza, Itália. Também atuou como editor do web-site Abitare. Seus textos têm sido publicados em revistas como A+U, Abitare, Domus e Il Giornale dell´architettura. Gallanti fez a curadoria da série de palestras Multiplicity, a Collection of Sites, para a Triennale di Milano (1999-2000), o Urbania Festival, em Bolonha, 2009, e do seminário internacional ArchiLiFe, Le LiFE, em Saint Nazaire, França, 2010.

 

Referência:  The Canadian Center for Architecture.

Sobre este autor
Cita: Wesley Macedo. "Exposição: Alturas de Macchu Picchu: Martín Chambi – Álvaro Siza at work." 17 Mar 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-38387/exposicao-alturas-de-macchu-picchu-martin-chambi-alvaro-siza-at-work> ISSN 0719-8906

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