Você moraria em uma casa construída em uma fábrica? A evolução tecnológica no projeto e produção arquitetônica está trazendo mudanças inegáveis na maneira como pensamos e construímos a arquitetura. A possibilidade de materializar uma casa através de um sistema de peças fabricadas industrialmente em uma área fora do canteiro final da obra abriu a porta para muitos arquitetos investigarem e experimentarem novos materiais e tecnologias alimentados pela fabricação digital.
Seja devido à demolição total ou parcial de um edifício, seja para reforma ou adaptação de uma estrutura existente — em busca de sistemas de cobertura mais eficientes —, telhas de barro e cimento são materiais que muito frequentemente acabam virando entulho. Devido ao seu baixo custo de produção, telhas não costumam ser recicladas e reaproveitadas cotidianamente, menos ainda utilizadas para cumprir outra função que não a de cobertura. Felizmente, somando-se a uma crescente conscientização sobre os custos ambientais da produção de materiais para a construção civil, a cada dia mais, arquitetos e arquitetas têm se comprometido a reciclar e reaproveitar resíduos de antigas estruturas obsoletas, estabelecendo uma arquitetura responsável e inovadora. A seguir, elencamos alguns recentes projetos que apresentam soluções alternativas para a reciclagem e reincorporação de telhas na arquitetura contemporânea, seja em paredes, fachadas, elementos de proteção solar, pisos e até mobiliário.
Com excessão de alguns casos isolados, ao longo de todo o território do Peru—seja no litoral, na serra ou na selva amazônica—, o clima do país conserva características de regiões tropicais ou subtropicais, sendo que as diferenças entre as temperaturas médias durante o inverno e o verão não são muito significativas. Devido a sua localização e característica geográfica específica, a temperatura em todo o país oscila entre os 15° C e os 27° C ao longo do ano, sendo atípicas situações de frio ou calor extremo. Por este motivo, a relação entre arquitetura e a paisagem assim como entre os espaços interiores e exteriores, é um elemento de projeto muito explorado pela grande maioria dos arquitetos e arquitetas do país.
Pátios e jardins exteriores desempenham um papel fundamental na configuração e organização do espaço. Em muitos casos, estes elementos fornecem diretrizes para a organização de percursos, articulando espaços interiores e exteriores, proporcionando melhores condições de iluminação e ventilação natural, além de maximizar a conexão com a natureza sem no entanto, abrir mão da privacidade.
Seja como fechamento de um sistema de construção a seco -como Steel ou Timber frame, montado em armações de aço ou perfis de madeira-, ou como revestimento exterior em obras construídas com sistemas tradicionais, a chapa nervurada é uma opção vantajosa quando se trata de pensar os acabamentos externos de um projeto arquitetônico devido a sua economia, sua manutenção mínima e sua versatilidade, permitindo o uso tanto enquanto fechamento vertical quanto como telhados.
O aumento da automação (processos mecanizados) dentro das etapas de materialização arquitetônica, tem visto uma notável aceleração nos últimos tempos, graças ao surgimento e desenvolvimento de ferramentas de fabricação digital. Essas ferramentas, tais como impressoras 3D, robôs de montagem ou cortadores a laser, permitiram o aperfeiçoamento das etapas de construção, proporcionando vantagens significativas relacionadas à otimização dos recursos, maior precisão e maior controle.
No caso específico da madeira, as ferramentas digitais de fabricação mais frequentemente utilizadas são as máquinas fresadoras, ou Routers CNC (Controle Numérico Computadorizado). Estas ferramentas permitem a interpretação de desenhos vetoriais 2D ou mesmo modelos 3D, convertendo-os em códigos de coordenadas que controlam as ações da ferramenta. Desta forma, as CNC ou fresadoras permitem, a partir de arquivos digitais (que podem ser feitos em softwares de design amplamente conhecidos, como o AutoCad), cortar madeira de forma fácil e rápida, deixando as peças prontas para serem montadas e combinadas em obra.
A possibilidade de tirar fotografias aéreas torna possível mostrar questões de projetos que muitas vezes são complexas de capturar ou representar através de métodos convencionais. A partir das oportunidades tecnológicas oferecidas pelos pequenos veículos aéreos não tripulados (UAVs), comumente chamados de drones, os fotógrafos de arquitetura começaram a explorar novas maneiras de mostrar as obras para comunicar as decisões arquitetônicas relativas a pontos como implementação, diálogo com o entorno ou a relação com edifícios próximos.
Blocos de termoargila são comumente confundidos com blocos cerâmicos simples. Acontece que, no processo de fabricação da termoargila, a argila é misturada a outros agregados miúdos (partículas de poliestireno expandido ou outros materiais granulares). Estes agregados, por sua vez, desempenham um papel fundamental na produção dos blocos de termoargila uma vez que, durante seu processo de cocção (acima de 900 °C), os mesmos evaporam deixando uma série de vazios que por sua vez proporcionam uma maior porosidade ao material se comparado aos tijolos de argila comum, diminuindo a densidade relativa e tornando-os mais leves (por este motivo, em alguns países estes blocos são conhecidos como blocos de argila expandida). Somado a isso, a alta porosidade adquirida contribui para um melhor desempenho térmico e acústico do material, tornando-o muito mais vantajoso se comparado a outros materiais similares.
À primeira vista, construir uma piscina na orla costeira pode parecer uma decisão pouco coerente. Afinal, por que alguém escolheria se banhar ali com a imensidão do mar ou do rio a poucos passos de distância? No entanto, apesar da nossa primeira impressão, em muitos casos essas obras acabam se tornando infraestruturas realmente significativas para pessoas com mobilidade reduzida, crianças ou outras pessoas para as quais o mar ou o rio pode trazer algum tipo de insegurança. Nesta perspetiva, as piscinas costeiras apresentam-se como dispositivos de conexão entre as pessoas e a paisagem, possibilitando a utilização dos territórios marítimos e fluviais para que mais pessoas possam desfrutar da água com segurança.
Conhecida antigamente como “ciclópica”, essa técnica se baseia na utilização de grandes blocos de pedra que, sobrepostos e ligados entre si, sem qualquer tipo de argamassa, permitiam materializar várias estruturas. As civilizações às quais se atribui o uso desta técnica são muito diversas e é possível vê-la aplicada a diferentes funções que vão desde a construção de muralhas defensivas até templos e tumbas. Em geral, esse tipo de sistema costuma estar associado a qualquer construção antiga que utilize grandes elementos de pedra, cujo aparelhamento é mais ou menos poligonal.
Em seu livro "O Brutalismo em arquitetura, ética ou estética?", Reyner Banham estabelece o que, segundo ele, foi um dos momentos-chave na definição da raiz semântica do termo Brutalismo "há um fato arquitetônico indiscutível: a obra de concreto de Le Corbusier: a Unidade de Habitação de Marselha. E se há uma fórmula verbal simples que tornou o conceito de Brutalismo admissível em muitas línguas do mundo ocidental, é que o próprio Le Corbusier descreveu este trabalho como "Béton brut" (concreto bruto). O termo e o edifício, portanto, surgem juntos". Em seu livro, Banham marca a construção da Unite d' Habitationcomo um marco histórico e enfatiza com especial destaque sua condição material. A partir daí, o concreto armado aparente é definido como o material preferido para este tipo de arquitetura. Embora exista também uma certa indefinição teórica quanto aos limites e ao alcance do termo "brutalista", existem certas constantes sobre seus parâmetros estéticos que nos permitem estabelecer uma linha de análise relativamente concreta. Nestes termos, os edifícios pertencentes ao brutalismo são caracterizados por sua verdade construtiva - mostrando e evidenciando o material que compõe a arquitetura, assim como sua lógica construtiva e estrutural - a geometria de suas formas e a rugosidade das superfícies.
Sejam produzidos com matérias primas orgânicas ou sintéticas, tecidos têm sido amplamente utilizados na arquitetura desde os tempos mais remotos. No entanto, sua aplicação em larga escala veio a acontecer apenas após a revolução industrial e a popularização de novas tecnologias—ou seja, a possibilidade de se produzir membranas têxteis de alta qualidade e em grandes dimensões, capazes de cobrir edifícios inteiros e vencer grandes vãos. Comumente utilizadas de forma tencionada, as membranas têxteis ajudaram a moldar o imaginário da arquitetura contemporânea, sendo utilizadas em pavilhões, estádios e edifícios dos mais variados tipos e tamanhos.
A entrada de luz natural, a melhoria das condições de ventilação e a possibilidade de potenciar a ligação com a natureza, sem que isso implique uma perda de privacidade, têm levado os pátios a se tornarem elementos frequentemente adotados e incorporados em muitos projetos arquitetônicos.
Os pátios caracterizam-se por serem áreas abertas ou semicobertas, localizadas no interior de edifícios e têm seus perímetros delimitados por paredes, galerias ou outros elementos. Estes espaços, externos mas contidos, em muitos casos desempenham um papel crucial na configuração e organização do projeto e, em alguns casos, representam a conexão entre os moradores e o exterior.
Desenvolvido pelo arquiteto Gerardo Caballero, com a colaboração de Paola Gallino, Sebastian Flosi, Franco Brachetta, Ana Babaya, Leonardo Rota, Emmanuel Leggeri, Sofia Rothman, Gerardo Bordi, Edgardo Torres e Alessandro De Paoli, La casa infinita, um projeto inspirado nas casas tradicionais argentinas, representará o país na próxima exposição internacional de arquitetura da Bienal de Veneza. O projeto refletirá sobre a identidade da casa popular argentina e sobre a história da habitação coletiva no país, explorando exemplos tanto públicos quanto privados. La casa infinita buscará estender os limites do doméstico e enfatizar a importância do coletivo sobre o individual, determinando que uma casa pode ser muito maior que a própria moradia: "pode ser a cidade, o campo e até mesmo o mundo".
O concreto é ainda hoje um dos sistemas construtivos mais utilizados pela industria da construção civil ao redor do mundo. Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias aplicas ao uso do concreto – incluíndo uma enorme variedade de sistemas de cofragem, controles mais precisos dos processos de cura e uma mão de obra cada dia mais capacitada – permitem obter ótimos resultados e acabamentos de altíssima qualidade. Desta maneira, está se tornando cada dia mais comum a utilização do concreto aparente em suas mais variadas formas, permitindo aos arquitetos explorar uma enorme gama de diferentes tonalidades e texturas, adaptando-se melhor às decisões específicas de cada projeto.
Uma abóbada é um elemento construtivo no qual os elementos que constituem a superfície trabalham em compressão. Embora esta resolução construtiva venha sendo utilizada desde a época romana, alguns tipos de abóbadas (como a catalã ou a valenciana) tornaram-se populares em algumas regiões do mundo a partir do século XIX, apresentando-se como uma solução adequada para a construção residencial (sobretudo por seu baixo custo). Podendo vencer vãos de até trinta metros, esse sistema foi muito usado em certas tipologias industriais, adaptando-se às necessidades e dimensões de oficinas, fábricas e depósitos.
Durante o ano de 2020, a passagem do sistema presencial ao remoto–tanto em escolas quanto universidades—, permitiu que jovens e adultos pudessem seguir seus planos de estudo durante as fases mais críticas da pandemia. Entretanto, é evidente que esta repentina mudança transformou substancialmente as antigas dinâmicas de ensino e aprendizado. Nas escolas de arquitetura, por exemplo, onde os alunos muitas vezes trabalham em grupos e utilizam objetos físicos como maquetes e modelos tridimensionais para desenvolver seus estudos, eles tiveram que adaptar-se a esta nova realidade muito rapidamente. Em se tratando de disciplinas de caráter projetual e de desenho, onde o engajamento entre os alunos e a colaboração com os professores são fatores fundamentais para o desenvolvimento do trabalho prático, a transição direta e completa para o ambiente virtual—com aulas, apresentações, discussões, revisões e entregas sempre em modo remoto—privou os alunos de explorar qualquer outro método alternativo de expressão que não a representação digital.
Os pequenos veículos aéreos não tripulados (UAVs), comumente conhecidos como drones, abriram novas possibilidades para o registro de canteiros de obras. A possibilidade de tirar fotografias aéreas torna possível revelar problemas que muitas vezes são difíceis de capturar através de imagens tirada a altura dos pedestres. Semelhante ao que acontece com os desenhos conhecidos como "planta de cobertura", as fotos aéreas mostram mais claramente as decisões do projeto em relação à implantação, orientação, tipologia, relação com o entorno imediato e construções preexistentes, entre outras questões.