Parque de Realengo começa a ser construído na zona oeste do Rio de Janeiro

A Prefeitura do Rio de Janeiro deu início, em setembro, às obras do novo Parque de Realengo Jornalista Susana Naspolini, localizado na zona oeste da capital fluminense. Desenvolvido pelo escritório de urbanismo e paisagismo Ecomimesis, o novo parque prevê a construção de hortas, um percurso cultural, área esportiva, jardins de chuva e um ecoponto destinado ao recolhimento e triagem de todos os resíduos sólidos do parque.

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Leia, a seguir, o memorial enviado pela equipe responsável pelo projeto.

Situado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, o parque Realengo se encontra a 30 km do centro da cidade, se caracterizando como a parte do subúrbio carioca que cresceu em torno da estação de trem em Realengo. Hoje é o terceiro bairro mais populoso do Rio de Janeiro e é notável o atual déficit de áreas verdes públicas nesse bairro, e sofrendo com ilhas de calor pelo bairro e redondezas.

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Vista aérea. Image Cortesia de Ecomimesis

Localizado em uma região residencial com histórico uso militar, o parque está onde era sediada a antiga fábrica de cartuchos de Realengo. A vizinhança possui grande vitalidade de usos, com destaque para equipamentos educacionais como colégios, escolas técnicas e universidades, e para o comércio local da Av. Santa Cruz. Ainda assim, demonstra uma carência de equipamentos urbanos destinados ao lazer e contemplação de qualidade que atenda os moradores do bairro e adjacentes. Neste contexto, projetar em contato com a natureza estruturas de lazer, de convívio e sociabilidade de qualidade é a principal proposta para o Parque Realengo.

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Mapa regional das principais vias. Image Cortesia de Ecomimesis

Para operar como um ponto de convergência, a intervenção urbano-paisagística do Parque Realengo foi estruturada para agregar múltiplas atividades de atração, conforto, segurança e bem-estar para os moradores e visitantes. Buscando fomentar um núcleo de desenvolvimento urbano, ambiental, social e econômico para o bairro de Realengo contribuindo para o fortalecimento das atividades recreativas, desportivas, comerciais e culturais vinculadas ao valor histórico do bairro.

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Mapa regional de áreas verdes. Image Cortesia de Ecomimesis

Acessos

Partindo do estudo do bairro e de suas dinâmicas locais o projeto prevê sete entradas, permitindo que o parque seja o mais próximo de todos e ainda possa servir de atravessamento

Percursos

Um caminho principal estrutura o parque ligando os principais atrativos. Um percurso secundário permite uma experiência mais natural e mais intima. O circuito cultural integra as edificações históricas com o novo anfiteatro. A calçada pública permite integrar equipamentos esportivos e comerciais oferecendo ao bairro a consolidação dos seus polos comerciais e culturais existentes.

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Vista aérea. Image Cortesia de Ecomimesis

Setores

O parque foca em criar uma grande diversidade de usos e experiências com setores focados em atividades comerciais, esportivas, agrícolas, ecológicas e cênicas

Vegetação

Três tipologias prevalecem no parque. Um reflorestamento denso permite criar áreas de alta relevância ecológica para a fauna e a flora, junto com uma amenização da percepção do entorno construído. Uma outra tipologia cria um contexto de parque arbóreo, mais ornamental, mas sem abrir a mão de um bom sombreamento e de uma grande diversidade de espécies. E o restante é composto de áreas mais abertas com gramados para uso social e de lazer.

Infraestrutura verde e azul

O parque cuida das águas pluviais, retendo e tratando elas por meio de fitorremediação com uma rede interconectada de jardins de chuva, biovaletas e jardins de acomodação densamente plantados.

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Detalhe da biovaleta. Image Cortesia de Ecomimesis

Relação com a cidade

Com 80.568 m2 de extensão, na região central do bairro, o parque está em área privilegiada para desenvolvimento de novas conexões com a cidade. O projeto propõe potencializar as relações socioambientais e urbanas já existentes, estruturando um equipamento ecológico que a partir de soluções baseadas na Natureza, permita novos percursos e atravessamentos na dimensão do bairro e mitigue os impactos ambientais e a adaptação as mudanças climáticas, como ilhas de calor e inundações em chuvas extremas.

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Masterplan. Image Cortesia de Ecomimesis

Devido à sua localização estratégica e por sua proximidade com os rios Piraquara e Catarino, o Parque Realengo procura se transformar em “trampolim” ecológico, estimulando a movimentação da fauna e facilitando o fluxo gênico de espécies que transitam entre as matrizes rochosas do entorno (Maciço da Pedra Branca e a Serra do Mendanha). Desta forma, um aspecto importante da relação do terreno com a cidade, é de conectar o Parque Realengo com os demais fragmentos verdes e cursos d’água, dispersos pela malha urbana do bairro. O projeto cria três corredores verdes (eixo norte, eixo leste-oeste e eixo sudeste) para estabelecer interações ecossistêmicas, favorecendo o aumento da biodiversidade e da qualidade ambiental na cidade.

O parque é desenvolvido em setores com particularidades distintas permitindo variedade de experiências aos usuários um setor cultural, um esportivo e um de uso mais urbano com restaurantes e bares. Esses setores são estruturados a partir de percursos principais, secundários e um percurso cultural, com diferentes materialidades (concreto, saibro, metálico), acessos e variedade de tipologias de limites (muros, gradis, guarda corpo), áreas infantis com diferentes tipologias, praças externas públicas e praças internas, áreas de contemplação, de estar, área de ginástica para 3a idade, ciclovia, área de skatepark, complexo esportivo com quadras poliesportivas e quadra society. Além disso, conta com pergolados para áreas de sombra e áreas de churrasqueiras. O projeto também prevê mercados públicos, o centro de memória Realengo, a revitalização do edifício histórico para administração do parque, estrutura para contenção de ruínas existentes e torres cênicas como marcos visuais.

Solos e recursos hídricos

A partir do estudo da topografia do terreno e o contexto atual do entorno imediato ao parque, o projeto atenta para as águas superficiais e foi proposto um sistema de infraestrutura verde com biovaletas receptoras das águas superficiais do Parque, que desembocam em um jardim de acomodação de águas, na parte mais baixa do terreno. Além disso, na calçada pública proposta no projeto, foram desenhados canteiros de chuva, para amenizar os impactos ambientais causados pelas grandes áreas de solo impermeabilizado no bairro.

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Detalhe dos jardins de chuva. Image Cortesia de Ecomimesis

Com caráter multifuncional, essas infraestruturas verdes/azuis possibilitam funcionalidade ecológica e tem cunho educacional aos visitantes do Parque. O projeto especifica vegetação predominantemente nativa, capaz de atrair a fauna, e a divide em extratos e usos: para as espécies arbóreas, buscou-se alta densidade, verticalidade, algumas espécies esculturais, outras frutíferas e outras de floração exuberante; para as espécies arbustivas propõe-se uma paleta com diferentes folhagens, tons, alturas e formas; para as forrações define-se a grama e outras espécies rasteiras, para áreas mais ornamentais e para as infraestruturas verdes/azuis foram propostas espécies que toleram as condições esperadas e integram o manejo de águas ao sistema do parque como parte do sistema de infraestrutural com impactos de melhoria local e nos arredores.

Com a implantação do parque será criado um sistema de gestão da matéria orgânica que irá gerenciar em sistema fechado o material oriundo de poda, folhas, etc. para recomposição dos solos e sua microbiota.

Tipologias

ÁREA PÚBLICA 24h e ÁREA PARQUE - O Parque Realengo foi projetado para ter limites flexíveis e por isso é proposta uma área de praças pública externa, onde fica o Complexo Esportivo, o Mercado Externo e toda a proposta para calçada pública e ciclovia

CENTRO CULTURAL - construção versátil, portanto, abaixo da cobertura é possível ocupar com programas que exigem fechamentos e controle de acesso. Para o momento, propomos um auditório, uma área de estudos e pesquisa, um deposito, uma administração e um café. Área total de 869m2

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Polo cultural. Image Cortesia de Ecomimesis

LOJAS - preveem a consolidação do polo comercial a esquina das ruas Pedro Gomes e General Raposo, com área prevista de 880m2 para ser construída, podendo hospedar até 20 lojas de 15m2 promovendo atividade e apropriação do acesso ao parque pela Rua General Sezefredo.

MERCADO INTERNO - com 576m2, pode abrigar programas diversos, como um espaço multiuso com feiras, eventos, áreas para atividades diversas

ECOPONTO - Área destinada ao recolhimento e triagem de todos os resíduos sólidos do parque. Conta com dois containers com separação de lixo para reciclagem e 1 composteira destinada ao recebimento e compostagem do lixo orgânico do parque. Área total de 625m2

PERCURSO CULTURAL - Área destinada a preservação e contenção de ruínas existentes, com a proposta de um percurso metálico elevado que integra as ruínas a um novo anfiteatro.

3 ÁREAS INFANTIS - áreas de lazer infantis setorizadas em 3 categorias: para bebês de até dois anos, para crianças maiores de dois anos e área infantil aquática, totalizando 1352m2

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Playground. Image Cortesia de Ecomimesis

COMPLEXO ESPORTIVO - Área destinada a prática de esportes variados contendo 1 Campo de Futebol Society, 2 Quadras Poliesportivas, 1 Quadra de Basquete 3x3, 1 Skate Park e 1 Muro de Escalada

HORTA E POMAR - área produtiva do parque com propósito de criar um ambiente de interação com os moradores e o parque e entre si, criar oportunidades de aprendizado de manejo com a terra e o alimento. 2.200m2 destinados a área produtiva.

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Horta e pomar. Image Cortesia de Ecomimesis

BOSQUE - 11.200m2 de área destinada a recomposição vegetal e plantio de espécies nativas do bioma Mata Atlântica.

ÁREA DE CHURRASQUEIRAS - 3.500m2 de área destinada ao lazer com 8 núcleos de churrasqueiras e mobiliário com mesas e bancos

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Área de churrasqueias. Image Cortesia de Ecomimesis

BIOVALETA - Solução baseada na natureza (SbN) responsável pela captação de toda a água superficial do parque, filtragem e direcionamento dessa água para os jardins de acomodação junto com 7.209m2 de biovaletas no parque

JARDINS DE ACOMODAÇÃO - SbN responsável por receber as águas drenadas pelas biovaletas, acomodar e direcioná-las para o sistema de captação de água de chuva da região. São previstos 7.344m2 de jardins de acomodação

JARDINS DE CHUVA - SbN localizada em toda a extensão de calçada como forma de mitigar os problemas causados pelo alagamento das ruas em dias de chuva intensa. Previstos 2.685m2 de jardins de chuva

COMPLEXO TORRES - complexo de 5 torres, com uma torre de 40m de altura, duas de 21m de altura e duas com 15m de altura. Também conta com passarelas elevadas que conectam as torres, espelho d’água de 1103m2, caminhos sobre o espelho d’água e jardins aquáticos ao redor.

Equipe Tecnica: Pierre-André Martin, Amanda Saboya, Caroline Fernandes, Ricardo Kawamoto, Elizabeth Tavares, Ana Clara Mesquita, Juliana Ayako, Larissa Monteiro, Helena Meirelles, Rodrigo Messina, Carlos Zebulun, Francisco Rivas, Geraldo Filizola, Mayara Lobo, Ana Kling, Carlos Florido, Leandro Vaz, Jorge Luiza da Silva, Paulo Roberto Silva, Kleber Ribeiro, Celso Paixão, Erelab, Kolorine, RioRamp Design. 

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Sobre este autor
Cita: ArchDaily Team. "Parque de Realengo começa a ser construído na zona oeste do Rio de Janeiro" 20 Nov 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/991448/parque-de-realengo-comeca-a-ser-construido-na-zona-oeste-do-rio-de-janeiro> ISSN 0719-8906

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