Coletivo de artistas revive a história das mulheres no movimento Bauhaus

Women Bauhaus é um novo coletivo de arte formado por cinco artistas lideradas pela mentora Sabine Marcelis, que está se inspirando no legado das mulheres no movimento Bauhaus. O projeto foi encomendado pela marca de cosméticos de luxo La Prairie como parte de seu mecenato às artes. Os projetos desenvolvidos são inspirados em ícones da Bauhaus, como as artistas têxteis Otti Berger, Benita Koch-Otte e a escultora, metalúrgica e designer Marianne Brandt. A iniciativa também espera chamar a atenção para o legado muitas vezes esquecido de mulheres que aderiram ao movimento Bauhaus e cujas lutas para se afirmarem como artistas e designers raramente são reconhecidas.

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As mulheres da Bauhaus tiraram o melhor proveito da situação que lhes foi dada dentro de um sistema que trabalhava ativamente contra elas. Podemos adotar os mesmos princípios para continuar a luta.- Lauren Januhowski, integrante do coletivo Women Bauhaus

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Tecelões na escadaria da Bauhaus, 1927. De cima para baixo: Gunta Stölzl (esquerda), Ljuba Monastirskaja (direita), Grete Reichardt (esquerda), Otti Berger, (direita), Elisabeth Müller (suéter estampado claro), Rosa Berger (escuro) suéter), Lis Beyer-Volger (centro, colarinho branco), Lena Meyer-Bergner (esquerda), Ruth Hollós (extrema direita) e Elisabeth Oestreicher. © Imagem T. Lux Feininger; collection of the Bauhaus-Archiv Berlin

Embora aclamada como uma das primeiras instituições de ensino público a acolher mulheres, a Escola Bauhaus não era, no entanto, uma organização igualitária. Ao abrir a escola em 1919, Walter Gropius declarou que o local era aberto a “qualquer pessoa de boa reputação, independentemente de idade e sexo”. A ideia foi tão bem recebida, que mais mulheres se inscreveram do que homens. A mentalidade progressista, no entanto, era limitada, pois as oficinas especializadas dentro da escola eram divididas entre o “sexo forte”, que podia estudar arquitetura, pintura, escultura, metalurgia e design; e o “sexo frágil”, ao qual eram oferecidas outras disciplinas “menos físicas”, como a tecelagem.

Embora a tecelagem não tenha sido a primeira escolha de muitas mulheres que aderiram ao movimento, algumas delas abraçaram o novo meio. Um exemplo é Anni Albers, que ingressou na Bauhaus com a intenção de se formar em pintura, mas a política da escola a obrigou a ingressar na oficina têxtil. Ao ver as tapeçarias como pinturas, ela conseguiu elevar a arte do tear e da confecção têxtil a uma verdadeira forma de arte que expressava igualmente os ideais da modernidade. No entanto, ela não é o único exemplo. Gunta Stölzl e Otti Berger também são vistas como pioneiras na área.

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Gunta Sholzl, "5 Chore", 1928, (tecido jacquard, algodão, lã, seda rayon, 229x143cm,). Imagem cortesia de St. Annen-Museum, Lubeck

Outras mulheres se recusaram a mudar de rumo. Marianne Brandt tornou-se a primeira mulher a ingressar na oficina de metalurgia, apoiada pelo designer László Moholy-Nagy. No entanto, ela não foi bem recebida por seus colegas do sexo masculino, que supostamente lhe davam tarefas tediosas em um esforço para fazê-la desistir. Apesar disso, ela perseverou, até substituindo Moholy-Nagy como chefe interino da oficina. Seus inventos, como o jogo de chá de prata e ébano e a famosa lâmpada Kandem, fizeram dela uma das principais figuras da metalurgia moderna.

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Chaleira 1924 Marianne Brandt . Imagem © William Cromar via Flickr License Under CC BY-NC-SA 2.0. Image

Uma figura menos conhecida da Bauhaus é Lucia Moholy (nascida Schulz). Lucia seguiu seu marido, László Moholy-Nagy, quando ele se juntou ao movimento Bauhaus. Embora não seja oficialmente uma professora da Bauhaus, Lucia Moholy costumava ensinar fotografia aos alunos da escola. Ela também tirou muitas fotos da arquitetura da Bauhaus e da vida cotidiana no campus. Quando foi forçada a fugir da Alemanha nazista, seus negativos ficaram com Walter Gropius que os usou para promover a escola sem dar-lhe crédito. Infelizmente, a maior parte de seu trabalho foi erroneamente atribuída ao marido ou a Walter Gropius. Na década de 1960, Lucia conseguiu recuperar alguns dos originais com a ajuda de um advogado.

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Bauhaus Dessau. Imagem © Nate Robert via Flickr License Under CC BY-SA 2.0. Image

Estas são apenas algumas das muitas histórias das mulheres da Bauhaus. O novo coletivo espera se constituir sobre essa base de mulheres inspiradoras, ver o valor da colaboração e da orientação e continuar sua própria busca pela harmonia, uma noção central da escola Bauhaus. As artistas que se juntaram para formar o The Women Bauhaus são Jasmine Deporta, recém-formada pela ECAL; Kristin Chan do Instituto de Design de Hong Kong; Lauren Januhowski, graduada pela École Nationale des Arts Décoratifs; Talia Golchin, formada pela Central Saint Martins; e Gloria Fan Duan da Escola de Artes de Chicago. Sua mentora, Sabine Marcelis, é uma designer premiada com foco na materialidade e no conceito de formas puras.

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Retrato Sabine Marcelis. Imagem © CLEO GOOSSENS

Este artigo é parte dos Tópicos do ArchDaily: Mulheres na arquitetura. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos do ArchDaily. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.

Além disso, convidamos você a assistir ao lançamento de Women in Architecture, um documentário realizado pela Sky-Frame sobre três arquitetas inspiradoras: Gabriela Carrillo, Johanna Meyer-Grohbrügge e Toshiko Mori. O filme será lançado no dia 3 de novembro de 2022.

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Sobre este autor
Cita: Florian, Maria-Cristina. "Coletivo de artistas revive a história das mulheres no movimento Bauhaus" [A New Collective Led by Sabine Marcelis Revitalizes the Story of Women in the Bauhaus Movement] 12 Out 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Ghisleni, Camilla) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/990228/coletivo-de-artistas-revive-a-historia-das-mulheres-no-movimento-bauhaus> ISSN 0719-8906

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