Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos?

A essência da democracia é o autogoverno e a autonomia do povo, com base em seus próprios direitos. Suas características são demonstradas na igualdade e na participação. Se democracia significa um modo de vida pública mais equitativo na arquitetura, então esse modo de vida depende da homogeneização da estrutura espacial do edifício, com espaços públicos abertos, transparentes e com diversas funções. Também é possível argumentar que o nascimento, a manutenção e o desaparecimento da democracia ocorreram no espaço público.

O regime democrático de Atenas começou no século VI a.C. A praça tornou-se um ponto de encontro, um símbolo da política democrática da arquitetura. Embora o acesso das pessoas à assembleia tenha se tornado mais amplo e prático com o avanço da tecnologia, a existência do espaço público na cidade permanece crítica, representando as demandas espaciais dos direitos públicos dos cidadãos além das condições básicas de sobrevivência e cumprindo uma importante função espiritual de expressar a democracia. Isso posto, como a arquitetura pode ser democrática? Como podemos perceber o caráter público da arquitetura?

Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos? - Imagem 2 de 19Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos? - Imagem 3 de 19Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos? - Imagem 4 de 19Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos? - Imagem 5 de 19Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos? - Mais Imagens+ 14

1. Homogeneização do espaço

Herman Herzberg propôs o conceito de equivalência espacial, acreditando que "a organização espacial não deve reforçar a hierarquia entre as pessoas" e que "podemos pelo menos evitar a ênfase na hierarquia e substituí-la por uma estrutura espacial que adote um sistema de igualdade”. O conceito de equivalência de espaço refere-se à homogeneização do espaço unitário, à eliminação das divisões hierárquicas do espaço e à criação de um ambiente espacial justo e objetivo, inegavelmente típico da política democrática. Ao dissolver o volume, o limite e a escala, a homogeneização do espaço pode eliminar a diferença hierárquica do espaço e alcançar a igualdade espacial.

Centro Cultural dos Trabalhadores de Longyan / Tianjin HHDesign

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Edifício #2 fachada oeste. Imagem © Arch-Exist

O volume do Palácio Cultural dos Trabalhadores de Longyan é reduzido pela elevação do primeiro andar e "esvaziamento" da superestrutura. A elevação do primeiro piso volta o espaço à cidade e à rua, transformando-o numa “praça” para o público visitar diariamente. Todo o volume da parte superior é dividido por vários espaços semi-externos em forma de terraços de diferentes tamanhos e em diversas posições, que servem como um centro de comunicação para os trabalhadores e também como uma extensão das funções internas. O terraço superior espelha o nível inferior elevado, que é ligado por vários caminhos para criar um espaço contínuo e igual.

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Edifício #1 andar aberto. Imagem © Arch-Exist

Pavilhão das Flores / TJAD Original Design Studio

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Space Truss. Imagem © Jie Fan

Para criar uma grande extensão de espaço aberto, a Estação da Casa das Flores emprega um sistema de suporte com colunas treliçadas. O acesso das pessoas não é limitado pelo limite fixo do edifício devido à integração do espaço interno-externo. A linha de fluxo tridimensional distorce a relação entre os níveis. As escadas são usadas para conectar plataformas de diferentes alturas, dando aos visitantes a liberdade de escolha de rotas de turismo de cima para baixo e de dentro para fora.

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Espaço integrado e caminho espacial. Imagem © Jie Fan

Centro Comunitário Dongyuan Qianxun / Scenic Architecture Office

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© Dongyuan Design

O design do pátio do centro comunitário Dongyuan Qianxun rompe com o design tradicional de grandes volumes de edifícios públicos, criando uma escala humana e uma espécie de atmosfera espacial a favor das pessoas. Através de paredes de cisalhamento empilhadas alternadamente, fechamentos de parede contínuos e conexões de parede "abertas" são projetados para criar um espaço fluido, semelhante a um pátio. A combinação de pequenos volumes dissolve a escala e cria uma arquitetura comunitária altamente acessível.

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© Su shengliang

2. Abertura da forma

O conceito de visibilidade do espaço público é então percebido visualmente como fácil de ver e alcançar, fornecendo evidências de como os cidadãos podem participar, moldar e construir a vida pública. A visibilidade do espaço público nas ruas urbanas reflete o direito dos cidadãos de participar dos espaços democráticos. Reduzir as condições de acesso e “abrir” os espaços públicos a uma postura acolhedora são partes cruciais para alcançar a inclusão urbana.

Pocket Plaza / Atelier Archmixing

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Espaço público para moradores e para o público. Imagem © Pingnan Chen

O Pocket Plaza fica no meio da Yongjia Road. O espaço público foi projetado como uma pequena praça cercada por corredores abertos. A praça é 0,5m mais alta que a Yongjia Road, proporcionando uma sensação de território e uma vista interessante da paisagem urbana. O piso vermelho foi escolhido para contrastar com as colunas de aço verde, conferindo à praça uma atmosfera cotidiana mais casual, além de melhorar sua visibilidade.

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Vista do sudoeste da praça para a rua da cidade. Imagem © Qingshan Wu

Biblioteca Municipal de Qixian XiafangQiao / Leeko Studio

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A vida sob um grande telhado. Imagem © Yong Zhang

Após a conclusão da biblioteca, a grande escadaria se tornou um local popular para os moradores da Water Street relaxarem e socializarem diariamente. A escada liga o espaço de leitura interno à praça pública externa, e o grande telhado acima da escada enfatiza a existência do espaço como uma extensão do espaço interno da biblioteca. Durante o dia, serve como sala de estar pública da Water Street e, nos fins de semana, a prefeitura da cidade exibe filmes ao ar livre aqui e os moradores se reúnem para formar um cinema público comunitário, com a biblioteca urbana como pano de fundo.

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Escadaria como assentos para assistir filmes. Imagem © Yong Zhang

Yulin Alley / Nhoow Architects

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© ICYWORKS

A Chengdu Yulin East Road Community e a Wuhou District Federation of the Disabled incumbiram a Yulin Alley de criar um espaço comunitário para pessoas com deficiência, incentivando-as a saírem de suas casas e expandirem seu círculo de vida. Esperamos que todos possam participar facilmente das atividades sociais. Uma parte do espaço ao ar livre é elevada para formar um assento, criando um novo espaço aberto anexo.

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© ICYWORKS

3. Humanização das funções

O espaço público democrático é aberto a todos e permite diversas manifestações culturais por parte de indivíduos e grupos. Considere as diversas necessidades dos diferentes grupos no espaço e respeite as diferenças individuais para fortalecer a natureza pública do espaço. O enfraquecimento da arquitetura e o fortalecimento da experiência humana trazem ao espaço qualidades espaciais democráticas, justas e igualitárias, que fazem parte da expressão humanizada da função arquitetônica.

Prefeitura de Qinchang / Studio 10

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Galeria de dois andares com café-biblioteca no lado leste. Imagem © Chao Zhang

A estratégia de layout espacial centrado no pátio é usada para a Câmara Municipal de Qinchang, com os volumes divididos em três pequenas casas escalonadas em três lados do terreno para reforçar a fachada da rua. O espaço aberto multi-funcional central também proporciona aos usuários de todas as idades, um lugar para realizar atividades sociais e recreativas, que complementam, equilibram e enriquecem o ambiente tranquilo e cerimonial do pátio oeste.

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Vista geral da rua ao leste. Imagem © Chao Zhang

Revitalização de Shenyang Dongmaoku / URBANUS

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Vista externa noturna. Imagem © Tianpei Zeng

Os armazéns n.º 2 e n.º 4 do Projecto de Renovação Urbana do East Trade Warehouse são os que já foram concluídos. O armazém nº 2 foi transformado em biblioteca comunitária, com a tradicional sala de leitura substituída por um modelo semelhante a um parque baseado no conceito de estufa. O armazém nº 4 foi transformado em centro de marketing e exposições, com técnicas de jardinagem usadas para aprimorar e enriquecer a experiência da estufa. Os dois armazéns concluídos estão interligados e foram transformados em um centro comunitário de mais de 200 metros de extensão, que serve como vista inferior de um parque cívico. O patrimônio industrial rústico, como o antigo armazém, é projetado e processado para fornecer uma saída comum para a identidade de vários grupos sociais.

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Jardim de leitura. Imagem © Tianpei Zeng

Comunidade de Zi Ni Twelve Portals / FEI Architects

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Comunidade vertical. Imagem © Qingling Zheng

A fábrica de dois andares e 6,9 metros de altura é composta por sete padrões diferentes de casas. O "espaço sem fronteiras" projetado aqui para a vida sem fronteiras dos ocupantes desafia completamente as convenções; você pode fazer uma exposição de pintura na sala de estar, trabalhar no jardim, reunir-se no banheiro e assim por diante. A comunidade sem fronteiras formada pelos espaços que quebram fronteiras e definições permitem que os usuários mergulhem em uma experiência espacial que abre a mente e estimula a imaginação e a criatividade.

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Espaço de passagem no edifício. Imagem © Qingling Zheng

Este artigo é parte dos Tópicos do ArchDaily: Democratização do Design. Mensalmente, exploramos um tema específico através de artigos, entrevistas, notícias e projetos. Saiba mais sobre os tópicos do ArchDaily. Como sempre, o ArchDaily está aberto a contribuições de nossos leitores; se você quiser enviar um artigo ou projeto, entre em contato.

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Sobre este autor
Cita: Hou, Xiaohang. "Como os espaços arquitetônicos podem ser para todos?" [How Can Architectural Spaces Be for Everyone?] 17 Jul 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/984268/como-a-arquitetura-pode-ser-democratica> ISSN 0719-8906

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