Espaço coletivo como ferramenta educacional: entrevista com Paula Santos

No País dos Arquitectos é um podcast criado por Sara Nunes, responsável também pela produtora de filmes de arquitetura Building Pictures, que tem como objetivo conhecer os profissionais, os projetos e as histórias por trás da arquitetura portuguesa contemporânea de referência. Com pouco mais de 10 milhões de habitantes, Portugal é um país muito instigante em relação a este campo profissional, e sua produção arquitetônica não faz jus à escala populacional ou territorial.

No episódio desta semana, Sara conversa com a arquiteta Paula Santos sobre o projeto do Colégio Efanor, Polo II localizada em Senhor da Hora. Ouça a entrevista e leia a transcrição da conversa, a seguir:

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Entrevistas da série "No País dos Arquitectos":

Sara Nunes: Arquitecta Paula, bem-vinda!

Paula Santos: Olá, boa tarde. Obrigada pelo convite!

SN: Arquitecta se calhar começava por lhe perguntar, se quando começou a estudar ou, por exemplo, quando estava na escola primária, já sonhava em ser arquitecta.

PS: Não, na escola primária não, mas no ciclo sim!

SN: Começou a sonhar cedo? Por que começou a pensar em ser arquitecta?

PS: Por uma razão muito simples e pragmática. O meu pai tinha um amigo arquitecto e ambos andavam juntos na aviação. Certo dia, esse amigo chegou a minha casa e viu uns desenhos que eu tinha feito no chão. Perguntou o que eram os desenhos, eu disse-lhe que eram meus e ele questionou se eu não queria ir para Arquitectura e eu respondi: “Não faço ideia, não sei o que isso é”. E ele disse que era desenhar casas para as pessoas. Explicou isto desta forma para uma criança que tinha 11 ou 12 anos e eu achei que poderia ser divertido. Embora não soubesse nada, nem tivesse ninguém na família que era Arquitecto. A partir daí pensei sempre que aquilo que eu gostava de fazer era uma coisa que eu gostava de fazer. Como eu gostava de desenhar e aquilo parecia-me que era desenhar, achei então que desenhar era uma boa profissão. (risos) Tão simples como isto!

SN: Simples e manteve-se ao longo dos anos, pois desenhou bastante. O projecto de que vamos falar hoje é uma escola. Sabemos que esta escola teve, entretanto, um primeiro pólo e já tem um segundo pólo, desenhado pela arquitecta. Pergunto-lhe se quando começou a fazer o projecto para o primeiro pólo, já havia esta ideia de construir um segundo pólo, ou os projectos foram-se sucedendo ao longo dos anos?

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PS: Não, isto é um processo de evolução. Foi uma ideia do engenheiro Belmiro de Azevedo, que fez a Fundação Belmiro de Azevedo, vocacionada fundamentalmente para o ensino. Ele teve sempre uma preocupação com a formação e com o ensino. Nesse sentido, a determinada altura, comprou a Fábrica de Têxteis da Efanor, onde trabalhou quando era novo. Tinha uma ligação afectiva com aquele edifício, que acabou por ser demolido mais tarde. O que restou foi a sede da fábrica e um enorme terreno vazio, onde ele fez um loteamento para futura construção. Quanto à sede da Efanor, inicialmente ele pensou começar por ali o seu projecto educativo, por isso pediu-me para adaptar o edifício sede, onde estava a administração. 

A Efanor era uma fábrica que tinha um sentido filantrópico com os funcionários. Tinha creche, tinha cantina, tinha uma série de funções de logística de apoio aos funcionários, como era próprio de algumas fábricas de Matosinhos e de outros pontos do país, naquela época. Estamos a falar dos anos 20, 30 e ele manteve esses espaços activos e a funcionar. 

Quando a fábrica acabou a sua produção, ele decidiu demolir tudo, deixando apenas o edifício de sede e começámos pela base. Ou seja, começámos pelo primeiro e segundo ciclo, pela pré-primária e pela primária. Fiz a adaptação do edifício-sede – que tinha estas características com sala de reuniões, administração, secretaria, apoios de cantina, salas de creche, etecetera – para uma escola pré-primária e primária. Acrescentei um pequeno corpo e, portanto, tratou-se de uma obra de reabilitação. Funcionou muito bem, o espaço é um edifício em “U” com pátio interior, tinha uma cantina muito grande e muito bonita, que se transformou num ginásio e fizemos uma reconversão interior para satisfazer o programa que era pretendido, sempre falando com os orientadores pedagógicos e discutindo ideias que fizessem da escola um modelo um pouco diferente das escolas mais tradicionais. Tudo isto decorreu durante a primeira fase.

SN: Qual era esse modelo, arquitecta?

PS: Eu sempre preparei estes programas de ensino... Na verdade, eu só construí este até agora, mas já fiz outros projectos de escola e estudei bastante a obra de Herman Hertzberger que, em conjunto com Aldo van Eyck, fez uma série de estudos sobre projectos para a Educação. Hertzberger, nomeadamente, fez muitas escolas para o Método Montessori, que é um modelo de ensino muito citado e de referência.

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SN: E, ao que parece, agora volta a estar na moda esse modelo de ensino.

PS: Estes dois arquitectos estruturalistas fizeram uma série de discussão de programas de maneiras de encarar e desenhar o espaço que tornavam a vivência dos mesmos apropriados para o ensino, por um lado, e para a faixa etária que serviam, por outro. Isto é, para as salas que se desenhavam era concebido determinado mobiliário, mediante as idades dos alunos. Faziam-se também espaços de brincar com determinadas características de descoberta, de materialização, de cor, de luz. Portanto, tudo isto eram preocupações destes dois arquitectos que eu segui. Eles têm um livro chamado ‘Space and Learning’, que foi publicado em 2008 e que eu consultei algumas vezes. Há outras referências e outros modelos, obviamente, mas na altura foi aquilo que eu me lembrei e foi o que eu utilizei como referência e comecei a trabalhar a partir daí para os mais pequenos. O que acontece a seguir? 

Quando os alunos, desta primeira fase, começaram a crescer e a precisar de prosseguir para os segundos e terceiros ciclos, a fundação pediu-me para fazer uma escola numa parte do terreno. Esse terreno enorme de que falamos é o terreno da fábrica. Portanto, numa outra ponta deste lote, que é um lote urbano, quiseram que eu concebesse um liceu para o segundo e terceiro ciclos. Este já com umas dimensões completamente diferentes, tendo em conta que era para 700 alunos e foi mais recente. Nós começámos este projecto em 2017, terminámos a obra em 2019, e devo dizer que este ano ficou no primeiro lugar do ranking das escolas privadas. O que foi extraordinário, não pela arquitectura com certeza, mas pela direcção pedagógica da escola.

SN: Pode a arquitectura influenciar a aprendizagem dos alunos, agora que falamos desta questão do ranking?

PS: Pode, eu penso que sim. Penso que é importante para nós todos e também para a universidade, para todas as pessoas que estão num processo de aprendizagem. Penso que a qualidade dos espaços que utilizam... a forma como os espaço colectivos e os espaços privados se relacionam é muito importante para a percepção das crianças, sobretudo, e dos adolescentes também. É muito importante a forma como a Arquitectura pode influenciar o seu desenvolvimento e, sobretudo, no reconhecimento da qualidade desses mesmos espaços. Tenho a certeza disso, por isso tentamos fazer espaços que se identifiquem, que sejam bastante afirmativos do ponto de vista das suas opções de material, de cor, de luz, de iluminação, de visualização da relação com a Natureza. Isso foi sempre uma preocupação nestes projectos. 

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SN: Ia-lhe só perguntar de que forma é que isso se desenvolveu.

PS: Eu vou explicar muito rapidamente como foi desenhado este segundo pólo. Este segundo pólo é um liceu muito grande, com aproximadamente 700 alunos (ou entre 700 a 800) e, no fundo, foi implantado num terreno que era muito disforme, sem forma regular. Portanto, o programa era complexo. Nós pretendíamos fazer uma área administrativa bastante grande para os professores, etecetera... 

E precisávamos de fazer o número de salas necessárias para este número de alunos. Para além disso, precisávamos de um equipamento desportivo, que eles queriam fazer – e que fazia todo o sentido fazer, dada a dimensão do liceu –, que englobava uma piscina de 25 metros, um ginásio e uma pequena escola de dança. 

O que fizemos neste projecto foi tentar organizar no terreno que tinha uma configuração muito disforme. Enquanto que no primeiro pólo tínhamos uma coisa muito regular com uma préexistência; aqui tínhamos uma préexistência que era uma casa, que existia dentro do terreno e que transformamos na área administrativa porque era uma casa relativamente desinteressante. Portanto, conseguimos transformar essa casa em salas de trabalho, em salas de reuniões de professores, entre outras divisões. Depois fizemos a ligação dessa casa aos restantes 13 edifícios, que eram novos e foram construídos de raiz. 

O terreno, como eu disse, não era um terreno regular, tinha variações de forma e o principal edifício (que é o edifício lectivo onde estão as salas de aula) ia ganhando espessura, à medida que o terreno ia alargando. É um edifício que se desenvolve no sentido do comprimento, longitudinalmente, mas que vai aumentando a sua espessura, à medida que o terreno vai permitindo. Nós fizemos essa variação de volume com ângulos curvos e decidimos utilizar algumas referências ‘aaltianas’ do Alvar Aalto, que tinha também alguma importância aqui nesta pesquisa. E, portanto, acabámos por fazer este corpo principal, que tem, de facto, todos os cantos curvos para suavizar e tornar, de algum modo, mais afável a transição destes volumes que vão ganhando largura, embora a cércea seja a mesma. 

Neste sistema de ondulação (digamos assim) faz-se a entrada do edifício a meio do edifício. É uma entrada que tem pé direito triplo e que vai permitindo que se vejam de uns pisos para os outros. O rés-do-chão deste edifício maior é toda a área pública, ou toda a área colectiva dos alunos. É polivalente, onde se pode fazer todo o tipo de coisas, tem um bar, um auditório com 600 lugares e uma série de salas de estudo de música com revestimentos acústicos apropriados, que é onde eles fazem as aulas de música. 

Nos pisos de cima existem salas de aula tradicionais de 50 m2, organizadas numa espécie de corredor que a partir da escada vai para norte e para sul e vai-se desenvolvendo, mas que vai tendo uns corpos balançados, que permitem áreas de estar e áreas de estudo. É um chamado corredor e-learning. É um espaço onde se pode estudar e percorrer ao mesmo tempo, onde estão os cacifos, etecetera... As salas de aula são salas de 50 m2. Todas elas estão orientadas para nascente-sul e têm uma protecção com sistema de lâminas de JRC. Uma das fachadas é um vidro inteiro com uma parte para abrir, mas é um vidro inteiro para o jardim, que é, no fundo, o restante terreno da antiga fábrica. Todas as salas têm esta perspectiva. Do outro lado, existem as salas dos restantes programas, os laboratórios, as salas de pesquisa, de estudo e de desenho, consoante os anos. 

À medida que vamos subindo em altura vamos estando uns anos mais adiantados no curso. Depois tentamos fazer uma espécie de jardim com diferentes momentos de estar. Trata-se de um jardim com alguma dimensão, não muito grande, mas que permite aos alunos de alguma forma utilizar este espaço. 

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Tem um pequeno corpo para uma associação de estudantes, tem um campo de jogos com relvado para o desporto exterior e tem um recreio coberto no topo do edifício. Este edifício é feito com alguns materiais tradicionais. É feito com tijolo “burro” na base do edifício, no primeiro piso e depois tem reboco e pintura. Tem janelas de vidro bastante avantajadas. Nos outros edifícios, na piscina e no ginásio quisemos utilizar outros sistemas construtivos porque, aliás, o ginásio e este complexo desportivo dá para uma outra rua que permite um acesso e uma frequência de horário diferente da escola. Portanto, o pólo tem duas entradas e o ginásio e o complexo desportivo podem ser utilizados em horários diferentes. 

A opção por outro tipo de construção tem a ver, por um lado, com outro tipo de programa porque, por exemplo, o ginásio tem um vão bastante elevado com 13 ou 14 metros e tem umas dimensões regulamentares de vãos muito grandes. Portanto, nós fizemos uma estrutura metálica com asnas metálicas e o ponto mais interessante deste pavilhão é que acima dos 3 metros tem uma fachada em policarbonato, que permite que toda a sua utilização possa ser feita durante o dia sem recorrer à luz artificial. E depois tem sobre os balneários umas bancadas onde podem estar os pais ou os outros alunos. É um ginásio com uma luz muito bonita, que apesar de ser um volume muito grande, tem uma certa transparência para a rua e para os restantes alçados. Todos os alçados são feitos com este policarbonato até ao topo da cobertura. Depois a piscina acabou por se fazer em betão aparente. Faço muitas coisas em betão aparente e, na verdade, achei que aqueles equipamentos do género infraestrutura mereciam um tratamento com menos acabamentos, com menos delicadeza. 

Desse modo, fizemos a cobertura em vigas pré-fabricadas e as paredes em betão aparente, tal como a sala de ballet, que é um terceiro corpo que está associado a este equipamento desportivo, que parece uma pequena casa para poderem ensaiar modelos de dança diferentes. Tudo isto, este conjunto, esta espécie de pequena cidade que os alunos frequentam...

Ainda temos a cantina de estudantes (que eu não falei), que foi feita na antiga garagem da casa que lá existia, que era uma garagem grande de um senhor que tinha muitos carros. 

Era uma garagem para 16 carros, que foi transformado numa cantina. Eu fiz um pátio enterrado que permite a iluminação deste espaço de cantina e onde os alunos podem estar a usufruir da refeição, indo também ao pátio lá fora na mesma. Portanto, tem luz natural. É um espaço enterrado.

A grande preocupação realmente nestes espaços – e de uma forma geral em toda a Arquitectura que nós fazemos – é a questão da luz, a questão da reflexão e do conforto dos espaços... Não ter demasiada luz directa, mas poder ter sempre luz natural porque a luz artificial é bastante complicada. Para além da questão energética que é bastante importante. E os materiais são simples. São materiais de fácil manutenção. A notícia que eu tenho recebido é que os alunos gostam de frequentar a escola, os professores têm condições de trabalho e do ponto de vista da inspiração das referências (que eu mencionei anteriormente) penso que resultou bem. E é uma experiência muito interessante porque depois vamos falando com os orientadores pedagógicos sobre o que é que eles querem numa sala de desenho, o que é que eles querem num laboratório e isso é uma aprendizagem bastante interessante. 

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Convém dizer também que este edifício tem certificação “Lead”. Quer dizer que nós usamos aqui alguns sistemas como aproveitamentos de água dos lavatórios para sistemas de sanitas, aproveitamento de água das coberturas, reflexão da luz, painéis solares, etecetera. Tudo isso foi utilizado, assim como materiais de acústica naturais. Ou seja, tivemos algumas preocupações.

SN: Uma preocupação grande com a sustentabilidade e a autonomia deste edifício.

PS: Sim, do ponto de vista hidráulico, sim, mas do ponto de vista da energia não é autónomo porque o gasto energético é muito elevado e nós ainda não temos condições para conseguir maior autonomia. Ou seja, temos abastecimento eléctrico normal da rede pública e depois temos alguns sistemas que ajudam a reduzir o consumo energético, nomeadamente nos equipamentos que fomos escolhendo, nas formas de ventilação que são as mais naturais possíveis. 

Todas as janelas abrem e há algumas preocupações que permitiram ter esta certificação “Lead”, que é uma certificação que indica que o edifício tem características de sustentabilidade reguladas pela União Europeia.

SN: Há um aspecto que eu considero muito interessante. Por um lado, há uma série de edifícios que foram construídos... A arquitecta falou, inclusive, nesta ideia de cidade... Por outro lado, no entanto, quase todos estes edifícios parecem concebidos por uma arquitecta diferente porque houve sempre uma experimentação, quer com os diferentes sistemas construtivos, quer com os materiais e a forma como se relaciona com o exterior. Gostava de saber qual foi o processo de fazer este trabalho, perceber se exigiu muitos desenhos e maquetes... Já soube que o seu desenvolvimento envolveu professores e a administração. Gostava que falasse um pouco sobre o processo.

PS: Estes trabalhos são todos feitos com uma equipa interdisciplinar muito grande e é um pouco difícil falar sobre os trabalhos, sobre os projectos sem mostrar imagens. Nós já não estamos habituados. É um exercício curioso, mas até pode servir para que as pessoas tenham alguma curiosidade em ir ver. Na verdade, como nós pensamos uma espécie de campo universitário de alguma forma como um espaço urbano, sabíamos que era interessante que os edifícios não se repetissem, até porque as funções são diferentes. Queríamos não repetir o mesmo quadro, o mesmo sistema construtivo, o mesmo sistema de acabamentos, etecetera. 

Quando nós pensamos na pólis, sabemos que a cidade é feita de objectos diferentes com características diferentes que se relacionam entre si e que têm volumetrias diferentes. Nós queríamos que essa diferenciação se fizesse notar porque penso que uma das coisas mais importantes em núcleos urbanos ou em pedaços de cidade é que nós consigamos ter sempre as nossas referências visuais e através da expressão do edifício possamos reconhecer o que é que é o quê. E para estas idades em que... Bem, os alunos rapidamente aprendem como funciona a escola, onde é que é o quê, mas contrariamente àquelas escolas modulares que nós tínhamos antigamente em que todos os pavilhões tinham mais ou menos a mesma configuração e a mesma forma e que se repetiam indefinidamente... Também são fases diferentes, têm de certeza custos construtivos diferentes, mas esta escola não ficou cara. Não foi um edifício caro nem pouco mais ou menos, mas nele conseguimos ter diferentes momentos. 

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A área de construção é muito grande, estamos a falar de nove mil m2 de área de construção com uma cave de estacionamento e área técnica. A área de construção é muito grande para que tudo se assemelhe em termos de edificação, de acabamentos e de materiais, como nós pretendemos. 

Além das características que há pouco expliquei dos edifícios desportivos, por exemplo, ou do edifício existente que é preciso reconverter, ou da escola nova... Havia aqui uma vontade de experimentar diferentes formas construtivas consoante aquilo que fosse a função do exercício. 

Portanto, o resultado é um complexo de diferentes edifícios que são feitos todos pela mesma equipa e a equipa compreende todas as especialidades, como o paisagismo, a acústica... Todas estas especialidades contribuem sempre connosco para estudar as estruturas, para estudar modelos que possam funcionar e que possam responder ao orçamento. É um trabalho de equipa muito interessante. O resultado é sempre o conjunto das ideias de todos, que vão sendo discutidas muitas vezes em muitas reuniões com o cliente, etecetera. Num certo sentido os edifícios também estão com algum afastamento e essa leitura de diversidade acaba por funcionar bem, sim.

SN: O que é que lhe ensinou o projecto da Efanor sobre a Arquitectura?

PS: Ensinou aquilo que normalmente todos os projectos ensinam: nós temos de ser, de alguma forma, perseverantes. Não podemos ficar agarrados à primeira ideia. A primeira ideia nem sempre é aquela que resulta. Temos de ir dialogando com os vários interlocutores, quer sejam os clientes, quer sejam os colegas do projecto para tentar optimizar o mais possível a Arquitectura (neste caso). Portanto, o que me ensina é que a nossa actividade é uma actividade de investigação, de repetição, de maquete, de pesquisa, de tentativa de olhar os materiais que são possíveis de utilizar e ver como é que eles se podem cruzar. A Arquitectura é uma actividade de coordenação e é uma actividade complexa. A Arquitectura é que coordena basicamente todas as outras disciplinas, mas também não vive sem elas. Cada vez mais nós começamos por uma ideia de princípio, que vai sendo depois desenvolvida com os nossos colaboradores, com toda a equipa e vamos discutindo. Cada vez mais eu acho que a Arquitectura se abre... mesmo a Arquitectura de autor... Quer dizer, toda a Arquitectura é, em princípio, de autor, mas cada vez mais a Arquitectura se abre para um maior diálogo entre as partes, entre os intervenientes, que vão sendo mais e mais exigentes. Vamos tentando em conjunto encontrar soluções e isso também torna o desafio mais interessante! Isso eu tenho vindo a aprender praticamente com todos os projectos, uns mais, outros menos, mas é uma coisa que nós vamos aprendendo ao longo do tempo. E que vamos fazendo cada vez melhor, quando as coisas correm bem.

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SN: Arquitecta Paula Santos, muito obrigada por partilhar connosco estas estórias sobre a escola. 

PS: Obrigada, eu. Foi um gosto e espero que um dia possamos ver as imagens, ou visitar!

SN: Olhe posso dizer-lhe, já agora, que um dos feedbacks que tenho tido deste podcast, desde que começámos, é que as pessoas ficam muito curiosas em visitar os edifícios sobre os quais falámos, por isso eu penso que quando terminar esta temporada depois tenho de organizar uma visita.

PS: Sim. Combinado!

SN: Uma visita a todos os edifícios!

Nota do editor: A transcrição da entrevista foi disponibilizada por Sara Nunes e segue o antigo acordo ortográfico de Portugal.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Espaço coletivo como ferramenta educacional: entrevista com Paula Santos" 03 Jul 2021. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/963349/espaco-coletivo-como-ferramenta-educacional-entrevista-com-paula-santos> ISSN 0719-8906

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