Os melhores trabalhos de conclusão de curso de 2018

No final de cada ano realizamos uma chamada de trabalhos finais de graduação dos leitores de países lusófonos. Com isso, buscamos selecionar os projetos que consideramos os mais interessantes a fim de apresentar visões inspiradoras e debates para todo o nosso público.

Nesta edição, recebemos 466 propostas de todo o Brasil além de cidades como Lisboa e Luanda. Antes de apresentarmos os 30 selecionados pela equipe de editores, é preciso dizer que nesta lista não estão, necessariamente, os melhores projetos que recebemos, mas sim, os trabalhos que julgamos mais bem apresentados, graficamente interessantes e cuja temática abordada nos pareceu mais oportuna a um trabalho de conclusão de curso. Mais que simplesmente resolver um projeto de modo satisfatório, entendemos que um TCC -- por condensar os esforços do estudante em um momento de passagem da academia para a vida profissional (mas, importante mencionar, ainda fazendo parte da trajetória acadêmica) -- deve levantar questões e incitar a discussão acerca do tema proposto.

Vale ressaltar que diversas propostas não seguiram o regulamento da chamada e foram desclassificadas ou apresentaram uma quantidade insuficiente de material para avaliação. 

Veja, a seguir, nossa seleção* dos melhores trabalhos de conclusão de curso de países de língua lusófona acompanhados pelas descrições enviadas por seus autores.

Do edifício ao território: teatro que invade cidade

Autora: Daniella Gomes
Orientador: João Sodré
Instituição: Universidade São Judas Tadeu - São Paulo/SP

© Gustavo Borges | Imagem Cortesia de Daniella Gomes

Este trabalho surgiu do anseio provocado por dois pontos: o primeiro, os vazios urbanos (estacionamentos e baixios de viadutos), fenômeno ligado ao crescimento da cidade para se adaptar às novas dinâmicas e ao sistema de mobilidade a partir da lógica do automóvel. E o segundo, a arte como possibilidade de apropriação do espaço urbano, o teatro experimental, uma ação que extrapola os muros. A convergência desses dois pontos encontra o local de colisão: o Bixiga, local de resistência e identidade cultural, do berço do teatro e das artes, e ao mesmo tempo um lugar abalado pelo crescimento da cidade devido às avenidas de ligação entre o centro e a zona leste, uma busca pela articulação urbana que ignorou o existente, gerando rupturas na escala local. O projeto surge como tentativa de lidar com o conflito das diferentes escalas que se mesclam no bairro a partir de um teatro experimental explodido em seus vazios. Composto por dois lotes suportes que atravessam o local de apresentações: o baixio do viaduto Júlio Mesquita, tendo como fio conector, a rua. A ideia é explorar a forma mais simples de locomoção, o caminhar, inserindo a cidade para dentro do edifício.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Carol Vasques

Hospital Psiquiátrico São Pedro: da Invisibilidade à Integração

Autora: Carol Vasques
Orientadora: Marta Silveira Peixoto
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS

Imagem Cortesia de Carol Vasques

A estigmatização da doença mental é um processo que data desde fins do século XVIII quando a loucura passa a ser percebida como doença passível de estudo e tratamento. Manicômios são utilizados no mundo inteiro como espaços de controle social evitando que os internos entrem em contato com a sociedade. A invisibilidade era o objetivo principal desses espaços. O Hospital Psiquiátrico São Pedro foi a primeira instituição de tratamento psiquiátrico do sul do Brasil. Desde a reforma psiquiátrica o local vem sofrendo um contínuo processo de esvaziamento. As dificuldades financeiras e políticas somadas à falta de infraestrutura e de permeabilidade impossibilitam a recuperação do complexo que é de alto interesse histórico, cultural e imobiliário. Este trabalho propõe a integração do hospital à cidade e sociedade através de duas escalas: urbana e arquitetônica. Na escala da cidade é proposta a reurbanização da área através da expansão da malha viária existente em direção ao hospital. Na escala do edifício o complexo hospitalar transforma-se em complexo multifuncional através da criação de um Centro de Convivência e Cultura, equipamentos culturais e espaços de trabalho para iniciativa privada. Converte-se história e arquitetura em ferramenta para desconstrução de estigmas, ressignificação de espaços e integração social.

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Imagem Cortesia de Carol Vasques

De perto e de dentro: Novos olhares sobre a comunidade da Vila Progresso

Autora: Agnes Lúcia da Silva Santos
Orientador: Me. José Maria de Macedo Filho
Instituição: Universidade Católica de Santos - Santos/SP

Imagem Cortesia de Agnes Lúcia da Silva Santos

A intervenção proposta atua na comunidade da Vila Progresso em Santos-SP, um dos bairros mais altos da cidade, é elaborado um plano com uma série de diretrizes para a requalificação da Vila Progresso e por fim optou-se por um maior desenvolvimento do edifício educacional de uso comunitário, por apresentar maior complexidade devido ao seu programa e sua localização estratégica. A paisagem é a grande questão desse lugar, tendo como premissa a preservação dessa vista, é concebido um equipamento, abaixo do nível da rua formado por 4 blocos interligados e deslocados verticalmente.

O edifício é proposto para ser público e convidativo, os terraços são apresentados como um grande mirante verde que dão continuidade à geografia urbana, assegurando a permeabilidade e a continuidade do espaço público, servindo como um amortecedor entre a vida do bairro e a atividade da escola, oferecendo um espaço de lazer aos moradores e vinculando a instituição com a comunidade. Como sucede em todo o bairro, a paisagem natural e urbana se torna um referencial em todo o edifício, caminhos, interstícios e salas de aula estão em contato permanente com a paisagem, deixando para trás as grades e muros que estereotiparam as instituições de ensino como espaços fechados.

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Imagem Cortesia de Agnes Lúcia da Silva Santos

Projeto de intervenção e desenho urbano para a Várzea do Tietê

Autor: Luiz Felipe do Nascimento
Orientador: Fábio Mariz Gonçalves
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - São Paulo/SP

Perspectiva do espelho d'água de Burle Marx, ao lado do pavilhão. O espaço é repensado para abrigar novos usos e oferecer novas perspectivas ao conjunto arquitetônico do Parque Anhembi. Imagem Cortesia de Luiz Felipe do Nascimento

O projeto apresenta a possibilidade única de amenizar parcialmente algumas desigualdades presentes na cidade de São Paulo: enquanto catalisador de uma mudança estrutural na forma de ocupação das extensas planícies fluviais lindeiras ao centro da cidade poderia promover o adensamento populacional de uma área amplamente bem-servida por infraestruturas de transporte coletivo e acesso aos equipamentos públicos; enquanto novo tecido de cidade - em uma área onde, atualmente, existe um verdadeiro vácuo de urbanidade - poderia facilitar o acesso dos moradores da Zona Norte ao centro e demais regiões a Sul, onde estão localizados os polos de serviços, emprego e atrações da metrópole, através de conexões viárias e de transporte coletivo.

Para a região é proposta a requalificação dos espaços públicos, adensamento populacional e inserção de usos mistos ocupando a nova malha urbana projetada. A criação de diversas pontes e conexões viárias pretende mudar a relação entre Zona Norte e Centro da Cidade, bastante deficiente em seu estado atual, transformando o padrão de deslocamentos e os espaços livres da região: de uma cidade pensada unicamente para o fluxo de veículos para uma cidade mais inclusiva, multi-modal, tendo a mobilidade ativa como protagonista do processo de transformação.

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Corte da Avenida Milton Rodrigues. Imagem Cortesia de Luiz Felipe do Nascimento

Atravessado

Autora: Raissa Gattera Begiato
Orientador: Antonio Fabiano Jr.
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de Campinas - Campinas/SP

Imagem Cortesia de Raissa Gattera Begiato

Nas bordas do verde e das águas, às margens da sociedade. O bairro Jardim Vera Cruz, Fundão do Jardim Angela, Zona Sul de São Paulo, é território de dicotomias e lutas. Território anti urbano cujas necessidades de sobre-vida são vistas como aparte pelas fronteiras de um mundo repartido.

O projeto atua como ponte de ligação que retoma o espaço de direito, no reforço da ideia de vitalidade, diversidade e pluralidade urbana entre mente e natureza, através da intensificação da situação natural pelas linhas geométricas e abstratas da construção, arte-factos do lugar feitos pelo homem, a partir da ideia efetiva do valor da produção do projeto coletivo como artifício - arte-ofício - do pensamento humano.

Transposição transformada em percurso, encontro, troca. Percurso como parte da construção simbólica do território. Intervenção urbana, invenção humana. Espaço ressignificado pelo ato do caminhar que transpõe, não somente a barreira física entre urbanização, verde e água, mas a barreira invisível entre indivíduo e meio. Linha que responde aos anseios de apenas um ponto e, subjetivamente, o próprio projeto dele. Através de suas articulações simples de sobreposição de peças, a própria infraestrutura urbana se apresenta como instrumento não só de construção de paisagem, mas também de cidade.

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Imagem Cortesia de Raissa Gattera Begiato

Marmita: novas tipologias para autoconstrução

Autor: Ygor Santos Melo
Orientador: Fernando Sérgio Okimoto
Instituição: Universidade Estadual Paulista - Presidente Prudente/SP

Imagem Cortesia de Ygor Santos Melo

Nossas periferias estão sendo autoconstruídas. Os finais de semana de supertrabalho têm como resultado uma moradia sem conforto, com os mais variados riscos e com uma estética quase sempre desagradável para quem mora. As inconsequentes e irresponsáveis diretrizes adotadas para urbanização e industrialização desta nação sofrida desembocaram no crescimento periférico com base na autoconstrução de moradias - sejam elas de alvenaria alaranjada ou barracos de madeirite. A regra é o exílio e total falta de infraestrutura cidadã.

Existe, porém, um profissional especializado em habitação, teoricamente com expertise nas discussões sobre a pobreza e desenvolvimento humano nas cidades. Esse agente, o arquiteto, seria aquele capaz de encontrar as soluções para casa do brasileiro. E por que não está na periferia, onde há mais brasileiros e mais casas necessitando de assistência? Por que não é atrativo estar para além dos grandes enclaves fortificados e das valorizadas avenidas da cidade formal? O trabalho propõe uma resposta crítica a essas variadas questões, busca mostrar como seriam as periferias brasileiras se historicamente os arquitetos e arquitetas tivessem se aproximado da realidade de nosso povo. Os mesmos materiais, as mesmas técnicas e uma paisagem periférica diferente.

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Imagem Cortesia de Ygor Santos Melo

A cidade em outra escala

Autores: Luis Rossi e Nicolas Le Roux
Orientadores: Luiz Recamán e Eugênio Queiroga
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Luis Rossi e Nicolas Le Roux

A cidade de São Paulo, assim como muitas outras no Brasil e no mundo, apresenta processos de transformação urbana incapazes de lidar com a escala de vida dos habitantes em seu cotidiano. Os regramentos urbanísticos e as ações empreendidas pelo poder público e privado sobre o tecido urbano tem sido formuladas segundo uma lógica parcelada e despreocupada com o lugar, traçando estratégias genéricas de desenho que dão mais espaço ao lucro imediato do que ao desenvolvimento sustentável de longo prazo.

“A cidade em outra escala” é um trabalho que investigou o limiar entre a Arquitetura e o Planejamento Urbano através da disciplina do Desenho Urbano, buscando entender maneiras incorporar essa escala de projeto da cidade dentro das políticas urbanas e da profissão do arquiteto. Foi feita uma leitura histórica multidisciplinar que culminou no desenvolvimento de um projeto de Desenho Urbano para uma região “genérica” da cidade, na Vila Sônia em São Paulo. Lá foi testado o resultado do adensamento construtivo decorrente da forma de produção atual da cidade num tecido urbano típico para então propor uma nova forma de transformação urbana, mais integrada e holística, capaz de produzir uma cidade mais justa, humana e sustentável, com soluções que partem do lugar.

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Imagem Cortesia de Luis Rossi e Nicolas Le Roux

Coliving Espírito Santo: novas possibilidades de habitação para a cidade ocidental contemporânea

Autor: Gabriel Nardelli Araújo
Orientador: Maurício Campomori
Instituição: Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte/MG

Imagem Cortesia de Gabriel Nardelli Araújo

Os modos de vida mudaram. Vivemos em um mundo onde consumismo, solidão, individualismo e intolerâncias estão cada vez mais presentes. Nesse cenário, o Coliving Espírito Santo surge da ideia de que a arquitetura deve dar suporte para que as relações humanas aconteçam, e não que sejam evitadas como ocorre atualmente. A arquitetura deve abrir espaço para a construção coletiva e para as mudanças nas necessidades humanas com o passar do tempo.

Dessa forma, as áreas comuns do edifício foram pensadas como as ruas, dotadas de infraestruturas e abertas para a apropriação dos moradores, sem usos predeterminados. As unidades privativas estão organizadas de forma a convergirem para essas áreas comuns, valorizando a vida comunitária. Essas unidades não seguem as medidas usuais do mercado imobiliário: são mais generosas para se adaptarem melhor ao estilo de vida de cada morador. Além disso, suas lajes são sustentadas por treliças metálicas cujos vazios permitem a passagem de instalações elétricas e hidráulicas, que possibilitam a reconfiguração das áreas molhadas, gerando flexibilidade.

Ainda sobre a flexibilidade, o edifício já nasce deslumbrando um futuro sem carros. Sua garagem foi pensada para ser facilmente convertida em outros usos, garantindo, em todos casos, ambientes confortáveis graças às estratégias ambientais adotadas.

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Imagem Cortesia de Gabriel Nardelli Araújo

(Im)permanências e (in)seguranças da mulher na cidade

Autora: Júlia de Freitas Correia Lyra
Orientadora: Juliana Michaello Macêdo Dias
Instituição: Universidade Federal de Alagoas - Maceió/AL

Imagem Cortesia de Júlia de Freitas Correia Lyra

Historicamente pensada para (e por) homens, a cidade - compreendida enquanto agente ativo na produção e reprodução das relações sociais - é ordenada a partir da dicotomia homem - público x mulher - privado. O presente estudo traz uma leitura da posição da mulher na cidade e, partindo do pressuposto da dominação masculina no âmbito urbano, busca compreender como as disparidades de gênero – e a consequente sensação de insegurança e vulnerabilidade dessas sujeitas ocultas – provocam uma experiência urbana distinta para homens e mulheres. Em suma, o trabalho visa compreender e mapear os espaços de medo que não são vivenciados plenamente pelo público feminino, assimilando as características urbanas que favorecem a ocorrência de violência de gênero e, para além disso, que inibem a presença dessas mulheres. Para tal – e compreendendo o incômodo que gera a abordagem sobre tais questões -, optou-se pela aplicação de mecanismos de escuta anônima, nos quais o contato com as sujeitas se desse de forma indireta. A partir de tais relatos, foi realizado um esboço comparativo das experiências descritas anonimamente – e essa talvez seja a maior contribuição do trabalho: traçar caminhos sobre como é possível trabalhar o espaço para garantir a autonomia das mulheres em estruturas urbanas.

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Imagem Cortesia de Júlia de Freitas Correia Lyra

Drenagem e Paisagem: Proposta de intervenção na sub-bacia do córrego Joaquim Cachoeira

Autora: Paula Cerqueira Lemos
Orientador: Eugênio Queiroga
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Paula Cerqueira Lemos

Fruto do paradigma higienista e funcionalista da gestão pública das águas urbanas, os ‘piscinões’ estão distribuídos por todas as microbacias tributárias ao rio Tietê e muitos se localizam junto aos setores de ocupação informal da cidade. Apesar de problemática, a rede de piscinões demonstra que o enfrentamento metropolitano do problema das enchentes exige necessariamente investimento público em zonas periféricas, geralmente desprovidas de atenção.

Na necessidade de revisão desse paradigma, novas formas de abordagem são exploradas, e o conceito de infraestrutura verde é escolhido para problematizar as possibilidades multifuncionais da condução das águas urbanas, em que a aproximação da drenagem ao campo conceitual da Paisagem surge como possibilidade de qualificação do espaço.

Para exemplificação da aplicação dos conceitos apresentados é escolhida a sub-bacia hidrográfica do córrego Joaquim Cachoeira, localizada entre os municípios de Taboão da Serra e Embu das Artes para a realização de um plano de drenagem. E deste, se desmembra um ensaio projetual em uma de suas microbacias no bairro Jardim Clementino, em que a teoria ligada ao planejamento sensível a água é explorada nas diferentes escalas públicas que compõe o espaço urbano.

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Imagem Cortesia de Paula Cerqueira Lemos

[Re]construindo memórias

Autora: Jaqueline Ruivo Rabello de Lima
Orientador: Ricardo Ruiz Martos
Instituição: Centro Universitário Belas Artes de São Paulo - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Jaqueline Ruivo Rabello de Lima

O quadro do esvaziamento industrial das cidades deixa como rastro diversas áreas subutilizadas nos centros urbanos. Essa realidade pode ser observada no bairro da Mooca, que por mais de um século teve sua vida impulsionada pela atividade industrial e que tem passado por significativas transformações espaciais nas últimas décadas que trazem a necessidade de se repensar esse território.

A proposta do projeto é de requalificar a orla ferroviária da região da Mooca, articulando os territórios remanescentes do processo de desindustrialização, os conjuntos industriais subutilizados, os edifícios propostos e as futuras intervenções delimitadas pela Operação Urbana através da recuperação física e da reconversão funcional desses espaços, com o objetivo de resgatar sua memória fabril, de forma a incentivar sua preservação e transmitir a cultura histórica local e a identidade do bairro. Assim como, reabilitar áreas ociosas, promover novos pontos de encontro e convivência e oferecer um espaço requalificado à cidade.

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Imagem Cortesia de Jaqueline Ruivo Rabello de Lima

FUGA-NÃO-FUGA: O patrimônio como válvula de escape

Autora: Natalia Castro
Orientador: Diego Anibal Portas
Instituição: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Imagem Cortesia de Natalia Castro

O território-entorno do IFCS e da quadra entre a Rua do Teatro e da Rua Sete de Setembro como paradigma de um entrave: no antigo lugar-limite da cidade, encontram-se situações incontestáveis: o projeto do Corredor Cultural é incontestável, os grandes equipamentos, limites dos lotes, das quadras, das praças, igualmente incontestáveis. Como partir da produção de uma camada arquitetônica contemporânea que discuta essas questões e que se coloque como mediadora das relações entre o que é público e o que é privado, o que é permanente e o que é efêmero, o que é “realidade” e o que é ficção?

Proponho nesse trabalho uma releitura da forma preservada no Centro do Rio de Janeiro, deixando de lado a estética das fachadas e dos telhados e atentando mais para os seus alinhamentos, seus ritmos, a proporção estreita e profunda de sues lotes, a escala mais baixa e a sua materialidade homogênea. Como em um processo arqueológico, onde a principal operação é a escavação, aqui a discussão gira em torno da revelação da dimensão construtiva e da produção espacial do território, revisitando o patrimônio por meio de atravessamentos do presente, e fornecendo assim, subsídios para novas perspectivas estéticas, políticas, sociais e culturais.

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Imagem Cortesia de Natalia Castro

Aracnídeos Globais

Autora: Sol Ztt (Driely Sol Zanatto) 
Orientador: Gilfranco Alves
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campo Grande/MS

© Sol Ztt | Imagem Cortesia de Sol Ztt

O projeto Aracnídeos Globais buscou desenvolver uma arquitetura para pessoas que iniciam o processo de desprendimento do lar físico e imóvel devido a evolução tecnológica. Da cultura oral à sociedade de mídias e digitais, o mochileiro é a persona adotada que se utiliza da tecnologia pra locomoção e sobrevivência, vivendo uma cultura backpacker. Os hippies do cyberespaço levam consigo suas casas, virtualmente e instantaneamente. A proposta é uma estrutura capaz de ser realizada por qualquer pessoa com acesso à tecnologia e que busca viver em movimento. Trata-se de uma geodésica retrátil utilizando os software Rhinoceros e Grasshopper, em que os parâmetros são alterados de acordo com as necessidades pessoais. A metodologia adotada foi o processo de prototipagem física e digital, com a produção na escala 1:1 de seu protótipo final. Conta também com um vídeo tutorial utilizando a plataforma do Youtube para disseminar na internet a possibilidade de todos terem acesso a realização da estrutura. Uma arquitetura flexível e acessível, uma máquina móvel de morar. Este trabalho posteriormente foi tema de uma disciplina optativa na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e gerou uma exposição com oficina no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul em 2018.

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© Gilfranco Alves | Imagem Cortesia de Sol Ztt

metabolismo caiçara: operação urbana em Peruíbe

Autor: Matheus Duarte Pardal
Orientador: José Maria de Macedo Filho
Instituição: Universidade Católica de Santos - Santos/SP

Imagem Cortesia de Matheus Duarte Pardal

O metabolismo caiçara é uma operação urbana na cidade de Peruíbe / SP que interpreta o Rio Preto como eixo indutor do binário infraestrutura-paisagem. Na escala do planejamento urbano, o projeto se fundamenta no paradigma do metabolismo circular (ecologia), considerando os horizontes possíveis de fluxos de matéria, água, energia e pessoas circulando pelo território. Na escala do desenho urbano, o metabolismo caiçara se projeta como cidade-parque-fluvial, permeando o tecido da cidade, drenando e servindo paisagem ao território. Na escala do projeto arquitetônico, o metabolismo caiçara se fundamenta nos princípios da arquitetura do metabolismo japonês no que tange ao crescimento orgânico e regeneração do território, desenhando uma hipótese de "sistema de vizinhança caiçara", abrigando os programas de habitação em frentes de água. Por fim, também é desenvolvida a hipótese de um projeto para um condensador socioambiental (terminal intermodal e centro cultural e ecológico), ponto nodal do metabolismo caiçara, onde acontece a convergência dos fluxos de matéria e pessoas pelo Rio Preto e pelo ramal ferroviário Santos-Juquiá.

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Imagem Cortesia de Matheus Duarte Pardal

Sobre a Paisagem: A leitura dos espaços através do caminhar

Autor: Thiago Peng
Orientadores: Lucas Fehr e Francisco Petracco
Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Thiago Peng

O crescimento descontrolado e acelerado da cidade resultou na formação de espaços invisíveis aos olhos da população, espaços que dão as costas ao personagem principal da cidade - as pessoas. Essas cicatrizes são explícitas na região do Brás. Enquanto um lado é preenchido por pessoas, o outro é tomado por armazéns e depósitos em condições precárias. O lugar passa a se tornar um não-lugar desprovido de acolhimento e urbanidade. Ao mesmo tempo, esses "vazios" urbanos apresentam-se como um potencial urbano com a capacidade de estabelecer uma relação, não somente com as pessoas, mas também com a malha urbana em que está inserida. O lugar passa a ter um sentido, um significado. O ensaio do projeto gira em torno dessa questão tentando proporcionar uma nova perspectiva da cidade através de uma nova cota estabelecida no eixo vertical que, juntamente com a dissolução dos programas propostos, cria-se um percurso onde o ato de andar deixa de ser apenas uma forma de atravessar a cidade. O caminhar se torna um meio de expressão e intervenção em que o indivíduo se deixa ser dominado pelo espaço, ou seja, o ato de andar passa a ser a forma de analisar e olhar a cidade

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Imagem Cortesia de Thiago Peng

Artéria Urbana

Autor: Timóteo Emerick
Orientadora: Lidiane Espíndula
Instituição: Faculdade de Ciências Gerenciais - Manhuaçu/MG

Imagem Cortesia de Timóteo Emerick

Ao se falar em meio ambiente, praticamente todas as pessoas pensam em um meio natural fresco com som de água e pássaros, mas quando o assunto é cidade, pensa-se o oposto; montanhas de concreto em formas de prédios e uma onda de estresse circulando entre eles com som de buzinas e sirenes. Desde muito tempo os seres humanos vêm construindo um espaço que consome a natureza; o maior exemplo disso são os rios urbanos. As cidades crescem em torno do rio, ocupam suas margens de costas para ele usando-o como lixão e esgoto à céu aberto. No entanto, existem formas de resolver esse problema, restaurando o corredor biológico urbano, juntamente como a flora e fauna local, unindo o sistema da vida diária de um cidadão ao ciclo natural inserido ao contexto. Essa medida tem como premissa inicial, retirar o esgoto e a poluição direta do flúmen, seguida de um processo de requalificação da vida urbana, aproveitando o ambiente natural para reduzir o estresse urbano introduzindo espaços de lazer, esporte, educação e cultura, modificando completamente a ideia que as pessoas têm da cidade.

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Imagem Cortesia de Timóteo Emerick

Habitar Transitório - um suporte à vulnerabilidade habitacional e impacto dos desastres / Caxias do Sul - RS

Autora: Tainara Comiotto
Orientadora: Ana Elísia da Costa
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS

Imagem Cortesia de Tainara Comiotto

O rápido processo de urbanização descolado do planejamento do território determinou um crescimento desordenado das cidades brasileiras, que hoje enfrentam grandes problemas relacionados à falta de infraestrutura e pouca disponibilidade de terra acessível. O uso desigual e injusto do solo das nossas cidades configura um cenário catastrófico em relação aos impactos dos desastres naturais, realidade cada vez mais frequente no cotidiano das pessoas.

Enquanto os municípios não conseguem superar essa lógica de segregação socioespacial, observa-se o aumento significativo da precariedade das moradias e do número de desabrigados em decorrência dos desastres. As cidades não são preparadas para promover abrigos emergenciais adequados às famílias, tanto no pós-desastre, quanto no suporte às ações da política habitacional que visam a qualificação dos assentamentos precários. Nesse contexto, torna-se evidente a necessidade dos municípios de fornecer abrigo e proteção a essas famílias vulneráveis, enquanto os cenários são reconstituídos.

Esse trabalho visa propor um equipamento público permanente destinado ao habitar transitório, como alternativa de abrigo em situações de caráter emergencial. O “habitar” é entendido de modo amplo envolvendo não só abrigo habitacional, mas também a oferta de espaços socioeducativos, o que representa uma crítica às práticas inadequadas, comumente adotadas pelos municípios brasileiros.

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Imagem Cortesia de Tainara Comiotto

SYNC - Do Cotidiano ao Eventual, A Arquitetura do Uso Compartilhado

Autor: Pedro Dal Molin
Orientadora: Cláudia Pianta Costa Cabral
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS

Imagem Cortesia de Pedro Dal Molin

A economia global move-se em direção ao uso compartilhado, que em essência, é a inclinação humana a maximizar recursos na sociedade. Compartilhar é uma resposta antiga, manifestada desde a nossa tendência a dividir comida, moradia, socializar e viver em grupos, formando sociedades, vilarejos e cidades. Se esse conceito não é novo, por que falar dele agora? Porque existe uma mudança de paradigma, um novo e poderoso elemento: o meio virtual. Manifestando-se através de redes e aplicativos, o virtual representa a tecnologia de informação, a nuvem de dados que nos acompanha. Do Cotidiano ao Eventual O emprego de tecnologia da informação na arquitetura oferece a possibilidade de maximização da variedade programática com grande facilidade de acesso. Ao entrarmos em serviços de streaming de música e filmes temos acesso a grande variedade de conteúdos. Seria mais trabalhoso, e caro, conseguir-se cada conteúdo individualmente. Se serviços de streaming são catálogos de mídias, poderia um edifício ser pensado como um catálogo de programas?

SYNC é a arquitetura da era da informação. Um edifício de uso compartilhado, utilizado através de um aplicativo. Uma proposta de programa variado que se atualiza em tempo real: hospedagem, comércio, trabalho, eventos, e mais. Um projeto sincronizado com os usuários.

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Imagem Cortesia de Pedro Dal Molin

Entre objeto e cidade: autonomia e resistência no campo da arquitetura

Autora: Júlia de Carvalho Carreiro
Orientadores: Diego Portas e Guilherme Lassance
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Imagem Cortesia de Júlia de Carvalho Carreiro

Como poderia uma arquitetura radicalmente abstrata se manifestar como uma forte expressão de uma série de escolhas que não pretende ser espetacular, mas que aspira ativar certa consciência e debate sobre as forças e relações que compõem as dinâmicas da cidade contemporânea?

O objetivo é utilizar a forma arquitetônica como instrumento de confrontação às lógicas da urbanização, afirmando que a criação de limites que é intrínseca à forma é um gesto político de separação e entendimento do meio em que está inserida. A materialização dos limites que articulam os espaços é uma ação que é sempre referenciada por uma ideia política, pela criação do “espaço entre”. Uma intervenção em larga escala que aborda a discussão sobre uma nova monumentalidade, que em vez de mero ícone, sugere uma reafirmação do poder simbólico da cidade sobre a imanência genérica e alienante da urbanização.

Essa investigação aterrissa no centro do Rio, reconhecendo sua condição urbana atual de submissão às lógicas econômicas de consumo, seu caráter histórico de representação pública e política, e a potencialidade do desenho monumental da Avenida Presidente Vargas como base de investigação de ativação cívica através de uma nova camada temporal de desenho de cidade a partir da forma arquitetônica.

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Imagem Cortesia de Júlia de Carvalho Carreiro

Paisagem Infraestrutural e Regeneração Ecossistêmica - Santa Quitéria-CE

Autora: Guelba Paiva
Orientadores: Marcos Favero e Pierre Martin
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Imagem Cortesia de Guelba Paiva

Caatinga, único bioma exclusivo brasileiro, mais de 50% desmatado, exprime como em nenhum outro o quanto o homem está intrincado com o ambiente em que vive. Mas, onde quer que estejam, por conta de uma formação em que faltaram oportunidades e sobrou fome, os sertanejos continuam a ser a parcela da população mais pobre do Brasil, vivendo ainda em diversos aspectos rusticamente. O que comprova que ainda não aprendemos a conviver com o semi-árido.

Percebendo o cenário de desertificação no interior do Ceará e o apelo atual pela energia limpa, o trabalho tem seus princípios de ação pensados na “Paisagem como infraestrutura”, atuando no âmbito sociotécnico de maneira ponderada, meticulosa e eficaz. Tangenciando reflexões acerca dos conceitos de identidade, território e resistência, com soluções baseadas na natureza, o projeto proporciona um dispositivo que atende às demandas paisagísticas, infraestruturais e socioeconômicas locais. Por intermédio de sistema de captação solar, com provisão de irrigação do território de Santa Quitéria, interior do Ceará, o objetivo é iniciar e permitir um ciclo que culminará na reconstrução e potencialização total da paisagem ecológica, proporcionando condições para as pessoas.

Com capacidade de culminar na reconstituição de uma paisagem produtiva, o resultado do projeto propicia que a tectônica da paisagem possa ser trabalhada visando a saída do sazonal para um fluxo contínuo, e por meio da regeneração gerar o território fértil, requalificando a vida dos moradores em todos os âmbitos. A alternativa visa, além de mitigar os efeitos das mudanças no clima e assegurar o desenvolvimento socioeconômico de forma sustentável, restaurar as zonas desmatadas do bioma caatinga simultaneamente preservando a cultura e a identidade local.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Guelba Paiva

Infraestrutura, Monumento e Paisagem

Autor: Igor Machado
Orientador: Guilherme Lassance
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro/RJ

Imagem Cortesia de Igor Machado

“Certa vez, uma cidade foi dividida em duas partes...” Uma onde seus monumentos naturais alcançaram status sublime e outra onde foram deixados à banalidade, nas duas realidades, a arquitetura não era canal de uma experiência sublime.

Pensando no sublime como uma quebra do vazio cotidiano, este trabalho procura combater os efeitos da expansão genérica dos centros urbanos, que nos atinge há mais de 100 anos, e como antídoto usar monumentos banais, com seus potenciais estranhamentos, na construção de uma possível experiência sublime na paisagem periférica carioca.

A questão particular do Rio de Janeiro é sua paisagem natural, que apesar de estar presente em diversos pontos de seu território, tornou-se ícone somente na periferia rica, enquanto na periferia pobre, seus monumentos naturais tornaram-se banais.

Olhando para caso da Pedreira de Turiaçu e a faixa de transmissão de Energia que passa ao lado, se descobre uma nova oportunidade de interpretação desse território. Uma faixa que opera em outra dimensão, a não cotidiana, marcada pela sua extensão e aspira por uma experiência monumental, que hoje não é acessada pela sua vizinhança. “Esta faixa de intenso desejo metropolitano é como uma pista de aterrissagem para a arquitetura de novos monumentos coletivos”

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Igor Machado

ENTRE MEIOS – Habitação Social Como Condicionante de Efetivação do Direito à Cidade

Autor: Matías Kim
Orientadora: Stamatia Koulioumba
Instituição: Universidade Anhembi Morumbi - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Matías Kim

“A favela me foi mostrada como um problema e, no entanto, é a solução”. A frase de John Turner, sobre sua definição clássica, do que é uma favela, considera a arquitetura produzida pelos seus moradores, a autoconstrução, uma solução eficaz sobre o déficit habitacional que os atingem. A morfologia, processos de ocupação e a atmosfera livre da favela, tomou partido neste ensaio, na tentativa de reproduzir uma massa habitacional densa, porém organizada e ao mesmo tempo “habitável”, que respeitasse a pré-existência da autoconstrução. O Trabalho localiza-se na Comunidade Dersa, na parte Sul do Distrito de Jabaquara – SP. O território envoltório assim como o objeto de intervenção, são caracterizados pela habitação ilegal, e por moradores excluídos do Direito à Cidade, entendendo que são impedidos de direito à moradia legal e consequentemente acessar recursos urbanos que os permitam refazer a cidade. Desta forma, remodela-se a Favela Dersa, infiltrando urbanidade e aparatos de cultura, arte e lazer, além das habitações propostas. Espera-se então, que os elementos adicionados modifiquem o existente, e ao mesmo tempo, permutem num objeto único e indissolúvel da cidade, para que assim, o direito coletivo seja exercido.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Matías Kim

A Mulher e a Cidade: Ensaios Sobre a Igualdade

Autora: Isabella Rosa
Orientadores: Gilberto Belleza e Ricardo Ramos
Instituição: Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Isabella Rosa

A cidade não pertence à mulher; e a consequência disso é que seu corpo tampouco. Ela, ao colocar os pés na rua, parece ter que assumir o risco de torná-lo tão público quanto o espaço em que se insere. Os dados referentes à violência sexual na cidade de São Paulo escancaram a problemática: 2.790 denúncias no ano de 2017, 593 delas nos espaços públicos.

O projeto ensaia, ao longo do eixo do Baixo Augusta, três tipos de intervenção relacionadas à qualidade da vivência feminina na cidade. Elas desenvolvem-se partir do levantamento de seis aspectos urbanos: vitalidade, extensão das quadras, calçadas, mobiliário urbano, transparência e iluminação. A primeira intervenção se dá nos terrenos memória, endereços das denúncias onde são propostas estratégias que desfavorecem casos de violência. A segunda diz respeito ao fato de mulheres andarem mais a pé que os homens e o desenvolvimento de elementos de mobiliário urbano - sempre pautados na necessidade de iluminação das calçadas. A terceira, de maior escala, compreende também os aspectos não tangíveis da desigualdade: a conscientização da população sobre questões de gênero e a participação popular nas decisões urbanas. Por isso, concretiza-se em um centro cultural-educacional e um centro comunitário.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Isabella Rosa

Clube da Cidade

Autora: Débora Boniatti
Orientadora: Marta Peixoto
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Porto Alegre/RS

Imagem Cortesia de Débora Boniatti

É de conhecimento comum a insatisfação da população porto-alegrense em relação à convivência com o seu rio. A postura da cidade, de quem nega e vira as costas para o que poderia ser sua maior qualidade, traz consigo inúmeros questionamentos das razões e oportunidades de proporcionar uma reaproximação do cidadão com o Guaíba. Apesar das explorações em demais regiões da inteface cidade/guaíba, a do Cais Mauá, localizada em um território de grande visibilidade, mantém-se fechada e intransitável ao longo dos anos.

Em paralelo a isso, outra inquietação diz respeito ao clima de Porto Alegre. Possuímos grande amplitude térmica e estações bem definidas, onde os dias de inverno são rigorosos, mas os de verão, junto à umidade excessiva, tornam-se extremamente desagradáveis e quentes. A falta de oportunidade, tempo e dinheiro de muitas pessoas irem à praia me fez pensar, em um janeiro com auge de temperaturas, da necessidade de existir piscinas públicas de qualidade. Um lugar onde qualquer pessoa pudesse chegar de maneira acessível e desfrutar bons momentos em uma paisagem agradável e fresca.

Naturalmente os caminhos foram se aproximando e percebeu-se que a solução para as duas contestações estavam em uma única intervenção: o Clube da Cidade.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Débora Boniatti

Uma expressão arquitetônica sobre a reconciliação do homem com a casa

Autora: Talita Caroline de Souza
Orientador: Rodrigo da Silva Rodrigues
Instituição: Universidade Paranaense - Umuarama/PR

Imagem Cortesia de Talita Caroline de Souza

Esse trabalho é a exploração de um espaço significativo na arquitetura. O veículo para essa exploração é um abrigo transitório para moradores de rua, em Umuarama- PR.

A falta de moradia é uma batalha constante entre indivíduos e comunidades, precipitando desarticulações e vidas fragmentadas. A discussão teórica do tema sustenta a ideia de que a experiência de uma casa, relaciona-se intimamente com o homem e que por trás dos significados objetivos do termo, a falta de moradia pode gerar no indivíduo a sensação de ausência de lugar, identidade e valor próprio.

O dilema dos abrigos atuais é que são frequentemente pensados de modo puramente prático, enquanto a percepção do usuário em relação ao local raramente é considerada. Essa arquitetura prática pode resultar em uma experiência degradante para homens e mulheres sem lar.

Por estas razões, a exploração concentra-se na ideia de como criar um abrigo, ao invés de focar na sensação negativa da falta de moradia. Acredita-se que se a arquitetura de um abrigo, for pensada de maneira sensível à percepção do usuário, pode desempenhar um papel significativo no processo de abrigagem, resgatando estímulos da experiência de uma casa e todo o seu potencial para desenvolver o bem- estar humano.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Talita Caroline de Souza

(in)transições - entre fixos e fluxos sobre a marginal botafogo

Autor: Matheus Amorim Gomes
Orientador: Alexandre Ribeiro Gonçalves
Instituição: Universidade Estadual de Goiás / Goiânia/GO

Imagem Cortesia de Matheus Amorim Gomes

Este trabalho busca discutir os deslocamentos na cidade, especificamente em relação a avenida Marginal Botafogo, via expressa situada na cidade de Goiânia, GO. Parte da ideia de impermanência entendida o fluxo intermitente estabelecido no espaço urbano. A região em estudo foi assumida como um espaço de produção de mensagens que marcam o aspecto físico e social da cidade, mas além de tudo constantemente transformada pelos moradores.

O estudo desse contextos levou a interpretação da Marginal Botafogo como um território entre territórios, conformado por dimensões espaciais e dimensões culturais. Um lugar que transcende sua estrutura física, suportando também um emaranhado de significados em fluxo. Para isso, destaca-se a maneira como as pessoas transitam pelo local diariamente como conjectura determinante para a realização do projeto.

Os diferentes deslocamentos sobre a via levaram à concepção de um parque linear reintegrando as regiões Norte-Sul da cidade, enquanto no sentido transversal a intervenção propõe passagens aéreas onde a inclusão do corpo é preponderante para a conceituação do programa. Cada travessia baseada no usuário e no seu cotidiano de maneira a catalisar os principais hábitos observados e minimizar a sensação de não pertencimento ao local.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Matheus Amorim Gomes

Memória branca, herança preta: uma intervenção na senzala da Fazenda São Bernardino

Autor: Matheus Ribeiro Cunha
Orientador: Luciano de Topin Ribeiro
Instituição: Universidade Estácio de Sá - Rio de Janeiro/RJ

Imagem Cortesia de Matheus Ribeiro Cunha

O projeto desperta a necessidade de novos olhares para a prospecção da construção do espaço contemporâneo, buscando reverter os aspectos de desvalorização de memória e seus reflexos na nossa sociedade. O presente trabalho se constitui em uma crítica à narrativa omitida da memória negra e a estruturação desse esvaziamento refletida na construção espacial das cidades. A Fazenda São Bernardino atrai diversas pessoas que passam por ela. Hoje um conjunto em ruínas, ela chama atenção por sua beleza peculiar na região de Nova Iguaçu – Tinguá. Mas o grande destaque do conjunto é a Casa Grande. Como consequência disso, os visitantes não possuem a dimensão da existência do que há abaixo do patamar elevado do Casarão: a senzala e engenho. Essa diferenciação de nível na construção da fazenda traz essa segregação para além dos delimitadores espaciais, mas esse aspecto físico também se relaciona involuntariamente ao apagamento dessa memória. O projeto é um ensaio de desconstrução e ressignificação de memória e espaço. Baseado em conceitos do Filósofo Jacques Derrida sobre a desconstrução espacial, a proposta reflete sobre o próprio significado do lugar.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Matheus Ribeiro Cunha

SÍTIO PYRANHENGA: Patrimônio e Conservação

Autor: Hugo Calheiros Rodrigues
Orientador: José Antonio Viana Lopes
Instituição: Unidade de Ensino Superior Dom Bosco - São Luís/MA

Imagem Cortesia de Hugo Calheiros Rodrigues

Estabelecido a partir da etapa diagnóstica do Plano de Conservação Integrado do australiano James Semple Kerr pertencente ao órgão ICOMOS, foi elaborado um diagnóstico cultural do Sítio Pyranhenga, localizado no bairro do Parque Pindorama em São Luís – MA, constituindo um Dossiê Técnico Patrimonial. Objetivando entender os valores ali construídos, definindo-o como um bem portador de significância cultural. No bem isolado em estudo foi definida uma periodização histórica, desde sua fundação como complexo pré-industrial (tipologia de casa de sítio), o momento de desocupação produtiva, as intervenções realizadas por Virginia Eftmié (artista plástica) e sua administração atual, sede do órgão filantrópico CEPROMAR.

Foram realizados estudos retrospectivos de intervenções através da tecnologia BIM, promovendo o entendimento de sua estrutura física e transformações. Sua complexidade sociocultural promoveu a expressão de lugares antropológicos únicos, promovendo conflitos culturais em sua representação simbólica contemporânea, o que condicionou a situação atual de não reconhecimento e tombamento. Sendo assim, a avaliação patrimonial através de análises documentais, esquemas gráficos e depoimentos locais, contrapondo as instâncias antropológicas do lugar, permitiu elaborar a justificativa cultural do bem e sua declaração de significância cultural, podendo direcionar o tombamento do imóvel e o planejamento pautado em estratégias futuras de salvaguarda.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Hugo Calheiros Rodrigues

De espaço a lugar: um estudo sobre a fábrica de cimento em Perus

Autor: Luan Poiani
Orientador: Luis Mauro Freire
Instituição: Universidade São Judas Tadeu - São Paulo/SP

Imagem Cortesia de Luan Poiani

A fábrica de cimento, inaugurada em 1924 e tombada pelo Conpresp em 1992, é de propriedade privada e permanece envolvida em inúmeras discussões a respeito da importância do patrimônio industrial. Atualmente, a fábrica encontra-se em um processo de deterioração, permanecendo desativada desde o seu fechamento, em 1986. O complexo fabril revelou, durante a fase de reconhecimento, uma força expressiva das construções associada a um sistema de estreitos espaços livres, que conferem singularidade ao conjunto. Apesar das condições físicas favoráveis para a implantação do projeto, foi a empatia entre a população de Perus e a atmosfera lugar que motivou a reativação do espaço da fábrica.

O projeto da universidade se estrutura a partir de três camadas, que se relacionam com o bairro e evocam a memória presente nas construções e nos espaços livres da fábrica de cimento. Cada uma das camadas oferece, portanto, diferentes leituras do espaço construído, que vai desde o ambiente absolutamente fragmentado e conturbado do térreo, até as livres e organizadas passarelas que conectam os blocos. A universidade, que assume um caráter metropolitano ao mesmo tempo que respeita as características do bairro, procura valorizar e reconhecer o valor documental do antigo complexo industrial.

Veja o trabalho completo aqui.

Imagem Cortesia de Luan Poiani

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*A seleção está ordenada de forma aleatória.

Já que você está aqui, aproveite para ver as listas dos anos passados:

Os melhores trabalhos de conclusão de curso do Brasil e Portugal em 2017

Os melhores trabalhos de conclusão de curso do Brasil e Portugal em 2016

Sobre este autor
Cita: Equipe ArchDaily Brasil. "Os melhores trabalhos de conclusão de curso de 2018" 17 Dez 2018. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/907142/os-melhores-trabalhos-de-conclusao-de-curso-de-2018> ISSN 0719-8906

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