Décadas depois do surgimento do CAD, a arquitetura está se livrando do papel — desta vez é sério

Se você visitar um escritório de arquitetura hoje, talvez sinta uma leve mudança. Os dias de enormes desktops, mouse-pads ergonômicos e grandes pilhas de papéis estão lentamente dando espaço à canetas digitais, tablets e toneladas de desenhos de arquitetura à mão - ambos físicos e digitais. Arquitetos ao redor do mundo estão limpando suas mesas, literalmente, e utilizando ferramentas touchscreen emergentes e programas de desenhar, compartilhar e colaborar. Parece possível que, pela primeira vez em anos, a profissão de arquitetura poderia revisitar o "estúdio sem papel" de Bernard Tschumi que consistiu em uma parte fundamental de sua gestão como reitor da Escola de Arquitetura da Universidade de Columbia em meados da década de 1990. No entanto, desta vez, "sem papel" começa com uma caneta, ao invés de um click.

Uma visão do trabalho de Sean Gallagher como se dentro do Aplicativo do Morpholio's Trace. Imagem Cortesia de Morpholio

Enquanto os estúdios "sem papel" da Universidade de Columbia no início dos anos 90 deram o ponta pé inicial em direção a projeto e desenho assistido por computador, estavam inicialmente questionando como pensavam os arquitetos através das formas que utilizavam de representação, ou seja, desenhando em todas suas formas. Estudantes largamente experimentaram programas em todas as fazes do processo de desenho e que exploração não diminuiu nas décadas desde então, aumentando drasticamente o número e os tipos de programa que arquitetos usam com fluência todos os dias. No entanto, houve um obstáculo inexplorado em nosso arsenal de desenho digital, e pode ser apenas uma das ferramentas mais bem-intencionadas e fundamentais da arquitetura: papel cor amarelo canário. Como você faz croqui sobre uma maquete digital? Como você pode marcar PDFs de desenhos de construção com precisão e facilidade; O quanto você sente falta de croquizar sobre um problema e, na verdade, ter algo a mostrar por isso?

Desenvolvimentos em tecnologias de telas sensíveis ao toque abriram um novo mundo de possibilidades para arquitetos e designers, e continua a se desdobrar. Com o touchscreen e uma boa caneta digital, arquitetos agora podem acrescentar croquis, textos, comentários a mão e marcações em fluxos de trabalho digitais - e sim, até mesmo trazer o bom e velho amigo papel para essa mistura. Programas feitos para desenho arquitetônico significa que escalas, réguas, blocos, esquemas, fluxogramas e uma grande variedade de 'lápis' estão a sua disposição em todos os momentos. 

Uma visão do trabalho de Sean Gallagher como se dentro do Aplicativo do Morpholio's Trace. Imagem Cortesia de Morpholio

Sean Gallagher, diretor de desenho sustentável do Diller Scofidio + Renfro, é um dos arquitetos liderando esta mudança e testando seus limites. Ferramentas como Morpholio Trace, o iPad Pro, e Apple Pencil estão literalmente mudando a maneira como Sean trabalha em seu dia a dia, e ele não está sozinho. De acordo com Sean, o simples fato é que os programas touchscreen disponíveis hoje oferecem melhor precisão e maior alcance do que no passado, tornando possível de uma vez por todas, a limpeza de sua mesa.

O caso de amor de Sean com telas sensíveis ao toque começou lá em 2012. Ele percebeu que com o iPad ele poderia instantaneamente colocar fotos e capturas de tela em um caderno digital. "Eu sou uma pessoa visual, e não consigo pensar numa ideia sem antes reunir alguns croquis e imagens", segundo ele. "é um processo que eu fazia manualmente por décadas em meu caderno". Agora ele não apenas usa o iPad como caderno de croquis, mas como sua ferramenta faz-tudo, permitindo que ele se livre de todos os outros computadores de cima da mesa. "Isso me devolveu um espaço para pensar, agora tudo o que vejo na minha frente é minha biblioteca, maquetes de ideias e croquis; e não teclados, monitores e montes de papéis."

Mesa de trabalho de Sean Gallagher na sede do Diller Scofidio + Renfro. Imagem Cortesia de Morpholio

Na fase de projeto, Sean utilisa o Morpholio Trace para esboçar através de ideias livremente e com um conjunto completo de lápis, canetas, pincéis e marcadores na ponta dos dedos, não importa qual ideia surja. Na fase esquemática de desenho, estes esboços começam a assumir uma escala a medida que ele avança e recua com sua equipe, desenhando fluidamente sobre modelos e diagramas. Em Design Development, está constantemente desenhando detalhes e marcando os desenhos com uma caneta vermelha. Uma vez que os documentos de construção estão emitidos, é fácil continuar as marcações e também rabiscar em sima de fotos do terreno utilizando "SKs" e relatórios de trabalho completos. Enquanto qualquer equipe ainda depende de uma variedade de programas para trazer fruição ao trabalho, o papel de Sean, como muitos, é sobre comunicar ideias, e isso pode ser feito de maneira digital.

Uma série de empresas — Adobe, Autodesk, Concepts, e Morpholio—estão fazendo aplicativos especificadamente para arquitetos que fazer do desenhar sobre o vidro mais ou menos similar ao desenhar com o papel. A diferença chave está na habilidade de empregar as vantagens computacionais em uma precisão maior, editabilidade infinita, duplicar, espelhar, multiplicar, colocar sobre camadas e assim por diante, fazendo da experiência muito mais poderosa do que com papel. "Mudou a natureza estática de meus desenhos, o processo se tornou menos linear e mais fluido, e me tornei mais confortável com esboçar através das minhas ideias. A interface touchscreen fortaleceu meu amor por esboços, e realmente melhorou meu ofício." O momento quando Sean utilizou o Apple Pencil pela primeira vez na tela grande do iPad Pro, ele sabia que não havia mais volta e começou a reconsiderar seu fluxo de trabalho diário.

Uma visão do trabalho de Sean Gallagher como se dentro do Aplicativo do Morpholio's Trace. Imagem Cortesia de Morpholio

Desde a adoção em grande escala de técnicas de computador como CAD e BIM, o computador foi severamente criticado pelo que muitos perceberam como uma tendência a alterar o processo de projeto para seus próprios fins; programas de computador são vistos como um filtro que restringe e molda as ideias arquitetônicas disponíveis para arquitetos. Mas ao contrário da sabedoria popular, em um simpósio de 2013 no Centro Canadense para Arquitetura, Tschumi defendeu que em seus estúdios sem papel "o computador não gerou uma nova linguagem, simplesmente acelerou as preocupações existentes de um grupo talentoso de pessoas". Talvez, tendo finalmente replicado e melhorado os processos arquitetônicos mais intuitivos, a segunda leva de arquitetura sem papel está finalmente concretizando os sonhos de seus antecessores.

Se quiser experimentar o Morpholio Trace, é possível encontrá-lo aqui.

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Sobre este autor
Cita: Kenoff, Anna. "Décadas depois do surgimento do CAD, a arquitetura está se livrando do papel — desta vez é sério" [Decades After the Rise of CAD, Architecture Is Going “Paperless”—For Real This Time] 21 Jul 2017. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/875901/decadas-depois-do-surgimento-do-cad-a-arquitetura-esta-se-livrando-do-papel-desta-vez-e-serio> ISSN 0719-8906

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