"Radical Temporalities", um registro do urbanismo efêmero na Bienal de Shenzhen

Na recente Bienal de Arquitetura e Urbanismo em Shenzhen, Rahul Mehrotra (Harvard GSD) e Felipe Vera em colaboração com Diego Pinochet (ambos professores do DesignLab UAI, Chile), apresentaram a exposição Radical Temporalities: The landscape of ephemeral urbanism, que exibiu mais de 120 casos de urbanizações temporárias ao redor do mundo.

Radical Temporalities é uma das montagens presentes na auto-denominada "única" bienal que simultaneamente aborda o campo do urbanismo e arquitetura mundialmente, congregando duas cidades vizinhas (Hong Kong e Shenzhen) em torno do tema da "cidade atual".

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Urbanismo efêmero na Índia, a raíz de celebrações religiosas locais. Imagem Cortesia de Felipe Vera

Descrição dos arquitetos: Rahul Mehrotra e Felipe Vera analisaram sistematicamente cidades e instalações que são construídas com uma data de vencimento. No lugar de compreender a urbanização do território como um processo no qual o espaço é transformado em uma dura aglomeração, sua pesquisa enfoca-se no estudo das estruturas reversíveis e a arquitetura feita de elementos rápidos.

A extraordinária intensificação das práticas de migrações nos recentes anos traduziu-se na necessidade de maiores estruturas desmontáveis para acolher tais congregações. Dentro dos exemplos analisados encontram-se algumas construções efêmeras desenvolvidas para o haj, assim como uma série de instalações temporárias construídas para acolher celebrações religiosas indianas, como Durga Puja, Ganesh Chaturthi e o Kumbh Mela. Essa última é uma celebração religiosa que, segundo cifras oficiais, congrega mais de 100 milhões de pessoas, dando refúgio permanente durante 55 dias a mais de 7 milhões de fiéis enquanto dura o festival.

Urbanismo efêmero na Índia, a raíz de celebrações religiosas locais. Imagem Cortesia de Felipe Vera

Radical temporalities também considera os desastres naturais, induzidos ou exacerbados pelas mudanças climáticas, que exigem a implantação de acampamentos temporários para proteger grandes quantidades de pessoas desalojadas por essas catástrofes. Casos recentes incluem Filipinas, Haiti, Chile, bem como cidades temporárias construídas no contexto do desastre.

Outra fonte de deslocamento em grande escala são os conflitos políticos que incentivaram a criação de enormes campos de refugiados ao redor do globo. Além disso, leva em conta as celebrações não-religiosas, que aumentaram em escala e frequência ao longo dos anos. Esses também são motivo do crescimento das grandes estruturas temporárias dentro e fora das áreas urbanas. Festivais de música, como EXIT na Sérvia, Coachella, na Califórnia e Sziget, em Budapeste (Hungria) motivaram a construção de abrigos temporários que, por pequenas quantidades de tempo, congregam muitas pessoas.

Urbanismo efêmero na Índia, a raíz de celebrações religiosas locais. Imagem Cortesia de Felipe Vera

O índice das cidades efêmeras que incluem acampamentos de mineração, campos de petróleo, bases militares em territórios em conflito, cidades emergentes produtos do comércio, estruturas provisórias para eventos esportivos até construções disruptivas em espaços formais, como no movimento Occupy. Mehrotra e Vera estudam esses casos de diversas naturezas, em um esforçode compreender seus processos de desenvolvimento, a fim de extrapolar suas estratégias de desenho urbano e planificação de cidades futuras.

O Pavilhão

Para mostrar esses exemplos de urbanismo radical o pavilhão desenvolvido para a Bienal de Shenzhen foi projetado como uma série de anéis dentro de um espaço de 6 x 6 metros, concedido pela organização da evento. Pendurados em um a trama de cabos de aço conformam no seu interior um mosaico com fotografias de cada um dos 120 casos estudados e até seu exterior, conformando um mapa com a localização geográfica de cada um.

No espaço central do pavilhão localiza-se uma maquete da região de Allahabad, na Índia, onde a cada 12 anos é comemorado o Kumbh Mela estava. O desafio colocado pela mostra, especialmente no caso do Kumbh Mela, passava em como mostrar em um espaço reduzido a grande quantidade de informações mapeadas por Merothra e Vera, assim como também oferecer aos visitantes a oportunidade de exibir informações de forma mais dinâmica e personalizada.

Através de telas sensíveis ao toque e realidade aumentada, Pinochet desenvolveu um aplicativo digital que exibe de forma dinâmica (modelos 3D, vídeos e animações) as distintas e variadas camadas de informações extraídas neste caso fascinante de urbanismo radical, sobre o modelo físico.

Cortesia de Felipe Vera

Uitlizando engines (motores) de jogos, o projeto desenvolveu uma maneira de visualizar, compilar e combinar não somente a grande quantidade de informações presentes no livro de Merothra e Vera (Kumbh Mela: mapping the ephemeral mega city), mas também para reorganizar e combinar as escalas diferentes: desde o detalhe construtivo entendido como um sistema ao longo de toda a celebração, até o fluxo de pessoas até e desde o local. Tudo isso com o intuito de encontrar novas ordens e padrões dessa interação de informação.

Montagem: Radical Temporalities (The Ephemeral City)
Autores: Felipe Vera y Rahul Mehrotra em colaboração com Diego Pinochet
Equipe de produção: Juan Pablo Corral e Paulina Leyton

Cortesia de Felipe Vera

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Sobre este autor
Cita: Valencia, Nicolás. ""Radical Temporalities", um registro do urbanismo efêmero na Bienal de Shenzhen" [Radical Temporalities, un registro de urbanismo efímero en la Bienal de Shenzhen] 06 Fev 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/781327/temporalidades-radicais-um-registro-do-urbanismo-efemero-na-bienal-de-shenzhen> ISSN 0719-8906

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