Um passeio virtual pela Casa Farnsworth de Mies van der Rohe

A Casa Farnsworth, o templo do modernismo, projetado por Mies van der Rohe como um retiro de fim de semana para um médico de Chicago, é uma das casas mais paradoxais do século 20. Miragem perfeccionista, ela flutua como um pavilhão em um parque, mas sua história tem sido assolada por pragas e inundações. Na segunda parte de uma série de três clássicos modernistas apresentados pela Archilogic, modelamos a casa Farnsworth para que você possa ver se - a despeito de sua reputação austera - ela é habitável afinal. Neste modelo você pode explorar o arranjo espacial da casa e redecorá-la com cadeiras Eames ou móveis da IKEA.

Cortesia de Archilogic

A história padrão da casa Farnsworth é bem conhecida. Edith Farnsworth, um nefrologista proeminente, encomendou a casa de Mies para uma propriedade em uma (então) relativamente isolada planície de inundação no Rio Fox. Como as primeiras cartas entre o cliente e o arquiteto atestam, a casa deveria ser um refúgio relaxante, para traduzir poesias, tocar instrumentos, esse tipo de coisa.

As ambições de arquitetura para a casa, no entanto, foram altas desde o início. Mesmo antes de sua construção, as plantas foram expostas no Museu de Arte Moderna, em 1947 (por Philip Johnson). Todos os elementos de uma história estão lá: um romance de rumores entre arquiteto e cliente e um processo judicial controverso (ver "Sex and Real Estate, Reconsidered": Qual era a verdadeira história por trás da casa Farnsworth de Mies van der Rohe).

Cortesia de Archilogic

Embora os materiais não ocultem a sua origem industrial, a precisão da composição e o nível de revestimento foi concebido para transmitir uma sensação de luxo cuidadosamente controlada. Tudo foi feito para fazer com que o edifício pareça leve. Os pilares de metal brancos não chegam à linha do telhado, insinuando a ordem estética de um templo grego.

Mobiliário do Dr Edith Farnsworth no terraço. Cortesia de Newberry Library, Chicago, Illinois

Veja uma sutileza visual que Mies empregou: a cobertura tem precisamente a mesma espessura da laje do piso, 38 centímetros. No entanto, o piso, que tem pedra em sua composição e é revestido de mármore travertino, é muito mais pesado do que o teto. Não há nenhuma razão estrutural para que eles tenham a mesma profundidade, mas ajuda a reforçar a ilusão de que o edifício flutua na paisagem, que é amarrado ao chão por suas colunas brancas. A promessa da casa flutuar talvez seja cumprida por sua aparência durante as inundações causadas periodicamente pelo Rio Fox. Quando os planos iniciais foram feitos, as palafitas deixaram a casa segura acima dos níveis de inundação, mas como Chicago expandiu e seu clima mudou, a casa é agora uma vítima regular de inundações.

A água cerca a casa Farnsworth. Imagem National Trust for Historic Preservation.

Como a Casa de Vidro de Philip Johnson, que a inspirou diretamente, a casa Farnsworth é excepcionalmente fotogênica. Ela vive em perfeita simbiose com a fotografia, o interior que se revela aos olhos voyeuristas da câmera. No entanto, as fotos mais interessantes da casa Farnsworth podem não ser aquelas que a mostram em sua glória purista. Pelo contrário, são as de sua ocupação posterior do Dr. Edith Farnsworth, lutando para afirmar sua identidade. Aquelas fotografias que mostram as telas de insetos e antenas de TV, o dano das inundações, ferrugem, como as fotos clássicas da Villa Savoye como uma ruína, talvez tenha mais apelo do que o edifício em sua atual perfeição desabitada.

Cortesia de Archilogic

As desvantagens do dia-a-dia dessas casas são óbvias, mas raramente comentadas. À noite, quem mora casa fica visível a tudo o que vive na floresta, mas não vê nada. Dr. Farnsworth descreveu isso como "um animal rondando, sempre em alerta." As pragas e mosquitos que atacavam a casa provavelmente não o ajudavam a dormir.

Cortesia de Archilogic

O modelo da Archilogic ajuda a revelar a espacialidade da casa Farnsworth de uma forma que a fotografia não pode. O núcleo central da casa, o obelisco de madeira opaca que contém a cozinha e os banheiros, mostra-se no modelo como uma espécie de grande pai para a ilha da cozinha agora onipresente, o centro estático do qual tudo circula em torno. A planta pode parecer flexível, mas veio com fortes sugestões de seus usos, não só sobre que móveis usar, e o que vestir, mas também que direção circular. Como um passeio no modelo mostra claramente, apesar de todas as zonas da casa serem interligadas, as linhas cruciais de vista são bloqueadas pelo núcleo de madeira. Tão transparente como a casa pode ser, o dormitório não é visível a partir da porta da frente, e a sala tmabém não pode ser vista a partir da cozinha.

Cortesia de Archilogic

O modelo da Archilogic permite que você mexa com a pureza de Mies. "Você pode mobiliar a casa como se fosse Eames, ou o Dr. Farnsworth. Clique nos colchetes na parte inferior direita para visualizar em tela cheia. Construa paredes de armários para separar o dormitório da sala de estar, ou improvise uma área de lazer no terraço. O modelo permite que você interaja com a casa, ao invés de apenas visualizá-la, então vá em frente."

Comece o tour acima ou através deste link. Veja os diferentes aspectos de sua construção e mobilie sua casa Farnsworth.

  • O ícone da câmera repete a animação
  • Os ícones da planta baixa, da caixa e da escala humana mudam a perspectiva.

Não perca o passeio virtual pela Case Study House #8, de Charmes e Ray Eames.

Sobre este autor
Cita: Adam Jasper & David Tran, Archilogic. "Um passeio virtual pela Casa Farnsworth de Mies van der Rohe" [A Virtual Look Into Mies van der Rohe's Farnsworth House] 04 Ago 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Martins, Maria Julia) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/771153/um-passeio-virtual-na-casa-farnsworth-de-mies-van-der-rohe> ISSN 0719-8906

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