Andaimes e revestimentos vernaculares: o desenvolvimento de um centro comunitário na Malásia

Situado junto ao rio Krau, o povoado indígena de Kampung Pian é constituído por mais de 50 famílias da tribo Jahut. A atividade principal do povoado está relacionada com o cultivo de arroz, milho e hortaliças. Alguns trabalham em campos de óleo de palma e seringueiras, enquanto outros são pescadores e coletores de produtos da selva, como o rattan e o petai. A maioria dos seus habitantes vivem em casas de madeira com acabamentos de bambu e coberturas de palha.

Em agosto de 2013, Kampung Pian foi selecionado para receber o Festival do Dia Mundial Indígena. Para facilitar a celebração e a visita de 200 pessoas a localidade, foi necessário construir um novo equipamento com duchas e banheiros. A ideia era que logo após as celebrações, o espaço pudesse se tornar um salão comunitário para as famílias locais. 

Andaimes e revestimentos vernaculares: o desenvolvimento de um centro comunitário na Malásia - Mais Imagens+ 23

Inspirado nas tradições indígenas locais, o projeto reconhece a eficiência e qualidade da arquitetura original da região. Suas edificações respondem bem ao clima e meio ambiente, e ao serem levantadas sobre pilotis, as casas mantém-se a salvo de inundações e animais selvagens. Seus grandes balanços e paredes perfuradas mantém o interior sombreado e bem ventilado. Por sua vez, a arte do tecido e a amarração tradicional mostram a diversidade do artesanato indígena, a herança da tribo e sua identidade. A única debilidade que foi identificada pelos arquitetos está na sua parte estrutural, já que tendem a perder resistência após alguns anos. 

© Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia

Junto aos habitantes do povoado, a equipe recopilou uma série de materiais reutilizáveis para levantar o novo equipamento. Como o projeto requeria uma vida útil mais longa, foi explorada a possibilidade de construir um híbrido entre arquitetura tradicional e moderna.

© Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia

A ideia era proporcionar uma estrutura simples e permanente para converter-se no suporte às artes indígenas. A pele do edifício segue os métodos de construção e materiais nativos, por isso é possível alterá-la facilmente ao longo dos anos.

© Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia

O cronograma do projeto era de somente seis semanas. Por tanto, para a estrutura, foram utilizados andaimes de aço; um sistema padrão de baixo custo que é possível ser adquirido em lojas, é fácil de transportar e é instalado rapidamente, sem a necessidade de muita mão-de-obra.

© Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia

Um conjunto de andaimes (de 4' x 6') se adapta perfeitamente a um "cubículo". Desta forma, uniram-se cubículos sobre concreto, formando uma estrutura estável. A estrutura suporta uma cobertura de treliças de madeira e lâminas acrílicas onduladas. 

© Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia

Folhas de origem Bertam e Nipah, recolhidas no local, foram atadas com rattan sobre bambu, para depois serem amarradas à estrutura de andaimes, como paredes. As portas são feitas de lona de PVC, resistente à água e revestida com tecidos coloridos. Como a arte de esculpir em madeira é um ofício típico do povoado Jahut, um Burung Merak (pavão real) foi feito pelos anciãos locais para adornar ainda mais a parte superior do edifício. A cobertura de acrílico maximiza a luz natural, enquanto as paredes te tecido permitem a ventilação interior, mantendo as instalações limpas e secas o tempo todo.

Através do trabalho de voluntários qualificados e não qualificados, o projeto foi construído em grande parte pelos habitantes do povoado, criando uma plataforma para o intercâmbio de conhecimentos e habilidades. Os aldeães puderam aprender tarefas novas, como a gestão elétrica e de resíduos. Os arquitetos, por sua vez, tiveram o privilégio de aprender sobre o artesanato local e as incríveis tradições vernáculas da região;

Planta
Corte

Arquitetos: WHBC Architects
Equipe de Construção: Eman Harun, Harun Lamat, Yusri Ahon, Batin Mohammad, Hitam, Ajin, Tahir, Eddy, Fandy, Beng, Hui, Lam, Olang, Sumantri, Banbang, Mus, Putih Yatim, Yatim Baning, Colin, BC, Wen Hsia
Líderes Grupo de Voluntários: Hui Yein, Karlye Tam, Wendi Ching and Alexis Teo
Organizadores: JOAS (Jaringan Orang Asal SeMalaysia), COAC (Center for Orang Asli Concerns)
Colaboradores: MyKasih, CHB Construction, Ming Seng Construction, Loke Electrical, WHBC, Siang Tek Enterprise, Yee Ming Corporation, Megaplas Corporation
Fotografias: Boo Chung, Wendi Ching, Wen Hsia
Vídeo: Chin Wai Fan

Galeria de Imagens

Ver tudoMostrar menos
Sobre este autor
Cita: Franco, José Tomás. "Andaimes e revestimentos vernaculares: o desenvolvimento de um centro comunitário na Malásia" [Andamios y revestimiento vernacular: la fabricación de un centro comunitario en Malasia] 12 Jul 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Sbeghen Ghisleni, Camila) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/769861/andaimes-e-revestimientos-vernaculares-desenvolvimento-de-um-centro-comunitario-na-malasia> ISSN 0719-8906

¡Você seguiu sua primeira conta!

Você sabia?

Agora você receberá atualizações das contas que você segue! Siga seus autores, escritórios, usuários favoritos e personalize seu stream.