O arquiteto português Eduardo Souto de Moura receberá mais um reconhecimento internacional por sua trajetória. No próximo dia 20 de outubro, o Círculo de Bellas Artes de Madrid (CBA) concederá ao arquiteto a Medalha de Ouro, sua mais alta distinção. Esta homenagem representa não apenas mais uma premiação a ser adicionada ao extenso currículo de Souto de Moura — que, entre outros, conta com o Prêmio Pritzker de 2011 e o Prêmio Wolf de 2013 —, mas também uma expressão de apreço do mundo da cultura e das artes por uma trajetória e uma obra que transcendem a arquitetura e “atingem a dimensão da poesia a partir da aceitação das exigências técnicas dos edifícios.”
O acervo de Eduardo Souto de Moura, que abrange 40 anos de atividade profissional, está sob os cuidados da Casa da Arquitectura de Portugal desde 2019. Este arquivo, de inestimável valor para a história da arquitetura, materializa a importância e o legado de Souto de Moura no campo profissional. A entrega da Medalha de Ouro pelo CBA é mais uma confirmação da influência global e do impacto duradouro que a obra de Souto de Moura tem no mundo da cultura e das artes e enaltece sua contribuição para o desenvolvimento humano através da arquitetura.
Natural da cidade do Porto, formou-se em arquitetura pela Escola de Belas Artes do Porto e iniciou a sua carreira trabalhando com Álvaro Siza, com quem mantém até hoje uma relação profissional muito rica. Sua obra é frequentemente associada a uma suposta corrente de influência miesiana, no entanto, seus projetos revelam um virtuosismo singular na escolha dos materiais – granito, madeira, mármore, tijolo, aço, concreto e vidros são apenas algumas das texturas que compõem a paleta de Souto de Moura.
Para mim, arquitetura é uma questão global. Não existe arquitetura ecológica, ou arquitetura inteligente, ou arquitetura sustentável – existe apenas boa arquitetura. Sempre há problemas que não podemos negligenciar; por exemplo, energia, recursos, custos, aspectos sociais – deve-se sempre prestar atenção a todos eles. — Souto de Moura em palestra no Holcim Forum 2004
Além dos longos anos lidando com a prática projetual, Souto de Moura tem uma prolífica carreira acadêmica, sendo professor catedrático da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Porto (FAUP) e professor visitante nas escolas de arquitetura de Genebra, Paris-Belleville, Harvard, Dublin, ETH Zurich e Lausanne.
Este ano, inaugurou o Memorial em Homenagem às Vítimas dos Incêndios Florestais de 2017 em Pedrógão Grande, tragédia que tirou a vida de 66 pessoas e deixou outras 253 feridas. Sua obra foi recentemente celebrada na exposição Souto de Moura – Memória, Projectos, Obras, organizada pelo CAU/BR, que levou ao Paço Imperial do Rio de Janeiro um recorte da mostra realizada em 2019 na Casa da Arquitectura em Matosinhos, Portugal.
