O Distrito Central Zapopan: Um novo polo de desenvolvimento sustentável na Região Metropolitana de Guadalajara

O contexto metropolitano 

A região metropolitana de Guadalajara (Z.M.G.), junto a Monterrey é a segunda em importância no México. Formada por oito municípios, abriga 4.434.8781 habitantes numa superfície de 2.734 km² e neste momento, se caracteriza pelas ações urbanas desarticuladas dos municípios que a integram², o que acabou por formar uma cidade baixa e extensa, sem hierarquias claras e carente de estrutura urbana coerente que suporte seu crescimento. Neste contexto, Zapopan se posicionou como o município líder da Z.M.G., reflexo de possuir o maior índice de desenvolvimento urbano³ no Estado de Jalisco e o nono maior índice a nível nacional. Ainda que siga tendo uma população menor (1.243.756 habitantes) que o município de Guadalajara (1.495.189 habitantes), sua dinâmica populacional é ascendente, enquanto o centro tradicional segue num fenômeno de perda de população há aproximadamente 20 anos.

Zona Metropolitana de Guadalajara com os centros urbanos (Fonte: Plan Movilidad Urbana No Motorizada ZMG)

O território e seu potencial

Apesar de sua liderança nos índices, o centro urbano de Zapopan não está consolidado: apresenta excelentes condições para seu posicionamento – um alto índice de população que o habita, alta concentração de equipamentos culturais, recreativos, educativos e de saúde em todos os níveis de atenção, presença dos principais centros comerciais e financeiros do norte da cidade, grande extensão de espaços verdes e arborizados, alta conectividade com o resto da Z.M.G. e probabilidade de ter uma linha adicional do tram elétrico no seu corredor central, instrumentos de planejamento atualizados e proativos, e ainda importantes áreas de patrimônio, das quais se destaca seu centro histórico e a Basílica de Zapopan, que movimenta 2.500.000 peregrinos anualmente. Para este conjunto único, a administração municipal decidiu criar um modelo de gestão territorial (pioneiro na zona metropolitana) que permite fortalecer e administrar este polo de desenvolvimento sustentável, que foi denominado como Distrito Central Zapopan. Fisicamente corresponde ao Distrito 1 do planejamento urbano englobando 1919 hectares. 

Objetivos e princípios de intervenção 

Todas essas características do território foram habilmente articuladas com uma estratégia urbana delineada pela atual administração, procurando passar das intervenções isoladas ao posicionamento efetivo do centro urbano de Zapopan como um destino metropolitano, para que seja o polo de desenvolvimento urbano sustentável da Z.M.G. contribuindo assim para impedir a expansão urbana atual da aglomeração. Para cumprir esse objetivo, foram delineados alguns princípios fundamentais da intervenção, os mesmos que marcarão cada um dos projetos que se desenvolvam no Distrito Central: 

- Cidade INTEGRADORA, oposta a segregação existente;  
- Urbanismo SUSTENTÁVEL, que integre de maneira harmônica com o existente e o proposto;  
- VALORIZAÇÃO do patrimônio histórico, que o adicione valor e o potencialize;  
- Acupuntura Urbana e projetos motivadores;  
- APROVEITAMENTO da cidade servida em oposição ao crescimento sem limites;  
- RESPEITO à tradição e promoção de valores locais; 

O desafio é fazer com que através destes princípios se incentive um potencial de investimento estimado em cerca de US $ 4,3 bilhões. 

Imagem atual e imagem do projeto: Nó Arcos Zapopan (Fonte Plan Maestro Distrito Central Zapopan)

As estratégias urbanas 

O modelo de cidade é claro, estamos em busca de uma cidade compacta que se desenvolva através da: mistura dos usos, a construção vertical e densa, o impulso forte ao transporte em massa e a mobilidade sustentável, uma cidade inclusiva e harmoniosa com o meio ambiente. Realizar esta cidade foi um processo de desenvolvimento de mecanismos que passam de um planejamento estagnado no papel (abundante na metrópole) para um município gestor, dinâmico e determinado a chegar à cidade prospectada. De maneira importante, se reconhece como a primeira grande decisão de trabalhar sobre o bem construído em administrações anteriores, o que permitiu o desenvolvimento e focá-lo na busca do objetivo, este reflexo aparente e lógico não é comum numa cidade altamente politizada, onde as decisões governamentais têm um alto grau de paixão e pouca solução técnica. As estratégias planejadas incluem instrumentos urbanísticos inovadores no Estado:

 - Implementação de instrumentos que captem as mais valias geradas pela intervenção na cidade, como o pagamento por direitos de transferência de desenvolvimento, pelo aumento de coeficientes de aproveitamento maiores, e num futuro, por obras de benefício comum;  
- Aumento real da superfície de áreas verdes em todas as escalas, o que inclui desde a criação de bosques urbanos em terrenos recuperados (o que aumenta de 8 a 10 m² por habitante de espaços verdes) até o projeto de normas construtivas que obrigam as novas construções a reduzirem seu impacto no território;  
- Resgate e ativação da tradição, criando um marco digno para que o desenvolvimento das festas e tradições locais se desenvolvam e transcendam o âmbito local em que se encontram;  
- Promoção de instrumentos próprios que certifiquem a qualidade das habitações construídas no Distrito Central como um valor agregado para o construtor e o habitante que a compre;
- Estrutura interna compacta que não crie dependências oficiais adicionais, mas que estabeleça laços entre as mesmas e os gestores da cidade (em todas as escalas) para tornar os projetos executáveis na prática;  
- Aproveitamento do território disposto para oferecer uma ampla gama de projetos ao intervencionista, que vão desde a recuperação e restauração de edificações históricas até a construção massiva em novos centros de bairro ou subcentros urbanos;
- Aquisição direta de edifícios para que através da acupuntura urbana sejam gerados projetos motivadores, como os do Centro Histórico; 

A criação de cidade planificada supera as ações de curto prazo que normalmente são desarticuladas e, portanto prejudiciais para a coletividade. O distrito Central de Zapopan se distingue pela execução de um planejamento forte e articulado com as necessidades da metrópole, o que assegura a obtenção de ações a médio e longo prazo, superando as administrações que a seguirem. 

Conceito de Intervenção. Via para pedestres 20 de Novembro, Centro Histórico (Fonte Plan Maestro Distrito Central Zapopan)

¹ Todos os dados de população foram retirados do último censo populacional realizado pelo INEGI em 2010.
² Apesar que exista uma conurbação física, cada município tem sua administração independente, portanto, existem 8 prefeitos, 8 câmaras de vereadores, etc.
³ Indicador social estabelecido pelo PNUD que mede saúde, educação, riqueza.

Artigo original via Plataforma Urbana
Tradução: Gabriel Pedrotti, Equipe ArchDaily Brasil

Sobre este autor
Cita: Miguel Angel Rodriguez Urrego. "O Distrito Central Zapopan: Um novo polo de desenvolvimento sustentável na Região Metropolitana de Guadalajara" 05 Out 2013. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-144646/o-distrito-central-zapopan-um-novo-polo-de-desenvolvimento-sustentavel-na-regiao-metropolitana-de-guadalajara> ISSN 0719-8906

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