Lina Bo Bardi / Preliminary Study – Practicable Sculptures for the Belvedere at Museu Arte Trianon, 1968. Credit line: Doação Instituto Lina Bo e P.M. Bardi, 2006. Cortesia de MASP.
Aldo van Eyck e Lina Bo Bardi foram duas figuras subversivas. Suas visões de coletividade e ludicidade, mesmo aplicadas em estruturas muito distintas, tinham como principal ponto em comum uma ideia de arquitetura que vai além do desenho. Um espaço que se faz vivo pela apropriação, pelo movimento e pela troca. Dos playgrounds holandeses ao museu paulistano, os ideais dos arquitetos se entrelaçam, fortalecendo a ideia de uma arquitetura onde qualquer um se torna criança.
Poucas figuras públicas foram mais brasileiras do que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Chegando ao Brasil logo após a Segunda Guerra, ela se afeiçoou à cultura brasileira de tal maneira que se tornou uma de suas principais intérpretes, capaz de uma leitura das tradições locais ao mesmo tempo rigorosa e abrangente.
Crítico de arquitetura e ensaísta, Francesco Perrotta-Bosch examina a trajetória dessa artista brilhante à luz da seguinte questão: como uma estrangeira foi capaz de enxergar tanto de um país que não era o seu, a ponto de traduzi-lo para os próprios brasileiros?
https://www.archdaily.com.br/br/960776/lina-bo-bardi-ganha-nova-biografia-com-lancamento-em-maioEquipe ArchDaily Brasil
"Eu vi um Brasil na TV" foi o tema do debate que no dia 8 de novembro de 2018, reuniu um conjunto de arquitetos participantes na Exposição "Infinito Vão - 90 Anos de Arquitetura Brasileira" no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
https://www.archdaily.com.br/br/917692/eu-vi-um-brasil-na-tv-com-jo-vasconcellos-gustavo-penna-e-francesco-perrotta-boschCasa da Arquitectura
Há pouco mais de uma semana chegaram ao fim os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, maior evento esportivo mundial – comparado à Copa do Mundo da FIFA – e força motriz da cidade maravilhosa nos últimos seis anos e meio. Na esteira do furor causado pelo aguardado evento, teremos as Paralimpíadas, que acontecerão entre 7 e 18 de setembro, também no Rio. Mas e depois?
Não é de hoje que a palavra “legado” é associada a eventos mundiais de grande porte – notadamente as Olimpíadas e a Copa – e já vimos esse tema ser tratado à exaustão nos últimos anos, ponderando os resultados para as cidades sedes após os Jogos de Barcelona (1992), Atenas (2004), Pequim (2008) e Londres (2012). Essencialmente, a questão gira em torno de algumas perguntas fundamentais: Quem são os maiores beneficiados com o “legado” dos Jogos Olímpicos?; Os enormes investimentos públicos valeram?; Haverá alguma melhoria para a população em geral? Os equipamentos construídos poderão ser adaptados para o uso cotidiano?
Por mais que seu cartão informasse lina bo architetto, as questões de que Lina Bo Bardi (1914-1992) se ocupava não estavam restritas à prancheta. Arquitetura fazia parte de um sistema cultural mais amplo, e sua atuação perpassava o desenho industrial, a escrita, a edição, a cenografia, a expografia. Por sua vez, o proeminente renascentista Giorgio Vasari (1511-1574) também se encaixa no rol de figuras da história singulares, por meio de uma atuação em distintas frentes: pintor, arquiteto, escritor e historiador. Ambos se notabilizam por suas noções de tempo e história. Estas, de certo modo, materializam-se no modo como os objetos de arte são (ou foram) apresentados ao público em museus com os quais têm direta relação autoral.