Ter um quintal à disposição e vontade para aprender a cultivar os próprios alimentos unem famílias carentes participantes de um projeto inovador em Roraima. São os ‘Quintais Sustentáveis’, uma iniciativa da Embrapa em parceria com o Lar Fabiano de Cristo (unidade Casa de Timóteo) e fomento do CNPq, que busca estimular a produção e consumo de hortaliças, frutas e plantas medicinais em quintais de Boa Vista.
Iniciado em 2018, o projeto tem em seus pilares a produção sustentável de base agroecológica, a segurança alimentar e nutricional, geração de renda e inclusão social e produtiva de públicos em situação de vulnerabilidade.
Segundo a ONU, a parcela da população que vive em áreas urbanas, hoje correspondente a cerca de 55% da população mundial, aumentará para 70% em 2050. A capacidade dos governos de administrar o crescimento urbano acelerado é uma tarefa difícil e, entre os desafios mais comuns a serem enfrentados diante dessa perspectiva, está o fornecimento de moradia, serviços básicos e alimentos aos habitantes das cidades. A questão da segurança alimentar nos grandes centros depende de vários fatores, como a disponibilidade, o acesso e a qualidade dos alimentos.
A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) possui quase 22 milhões de habitantes, cerca de 10% do total da população brasileira. Para alimentar essa quantidade enorme de pessoas, todos os dias chegam à metrópole toneladas de insumos, de diferentes partes do país. Porém, novo estudo do Instituto Escolhas mostra que, com algumas medidas, é possível abastecer toda essa população com legumes e verduras de produção local.
https://www.archdaily.com.br/br/952137/agricultura-urbana-pode-alimentar-20-milhoes-de-pessoas-em-sao-pauloEquipe ArchDaily Brasil
No dia 16 de outubro foi comemorado o Dia Mundial da Alimentação. Em 2020, nesta data, o Instituto Stop Hunger lançou um projeto que inclui uma horta comunitária e ações de capacitação e educação para a comunidade de Paraisópolis, favela localizada na Zona Sul de São Paulo.
O projeto é resultado da parceria com o Instituto Escola do Povo e cria um novo espaço, com aproximadamente 900 m², para cultivo de hortaliças, com o objetivo de educar, capacitar e distribuir as hortaliças aos moradores da comunidade, cadastrados ao projeto, garantindo a eles uma alimentação mais saudável.
Em 16 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Alimentação. Nesse mesmo dia, em 1945, foi criada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e desde 1981 a data é comemorada como forma de lançar luz sobre questões relativas ao acesso aos alimentos e à promoção de uma dieta saudável para todos.
Como forma de traçar um importante paralelo entre a arquitetura e urbanismo e questões relativas à alimentação, selecionamos uma série de artigos que mostram as possibilidades de promover, por meio de projetos arquitetônicos e urbanos, uma maior segurança alimentar para as pessoas.
Agricultura urbana orgânica, energia renovável e uma paisagem de tirar o fôlego. Todos estes elementos se encontram na Universidade de Thammasat, em Bangkok, capital da Tailândia. O TURF, do inglês Thammasat University Rooftop Farm, é a maior cobertura verde da Ásia, com mais de 70 mil metros quadrados. Projetado pelo escritório de arquitetra e urbanismo LANDPROCESS, a área foi idealizada como uma solução para um desenvolvimento verde da cidade.
Visualização da fazenda urbana em Paris. Imagem de divulgação
As metrópoles verticalizaram nosso modo de viver, mas com criatividade vamos encontrando soluções e abrindo espaços. Já usamos as coberturas de prédios para festas, como área de lazer e, agora, é cada vez mais comum também o cultivo de plantas e alimentos. Em Paris, capital da França, acaba de ser inaugurada uma enorme fazenda urbana de 14 mil m² sobre a cobertura de um edifício. O plantio ainda não cobre toda esta área, mas quando isso acontecer ela poderá ser considerada a maior da Europa e, talvez, do mundo.
Victória, Canadá. Foto: Pixabay, cortesia de CicloVivo
Victória é uma cidade canadense famosa por seus jardins de flores. O clima favorece o cultivo de diferentes tipos de flores e a cidade é conhecida como a capital florida do Canadá, ou a “cidade jardim”. Mas a pandemia de coronavírus mudou um pouco este cenário. A equipe de jardinagem da prefeitura priorizou o plantio de mudas de vegetais que estão sendo distribuídas gratuitamente para a população, uma vez que o interesse das pessoas em cultivar o próprio alimento cresceu consideravelmente neste momento.
Les Avanchets é uma cidade na Suíça onde a maioria das pessoas cultivam os seus próprios alimentos em hortas caseiras. Além do cultivo, a troca de alimentos também é muito comum: quem tem cenouras sobrando troca por couves ou limão e assim todos garante uma alimentação saudável e variada, sem agrotóxicos.
Ferme du Bec Hellouin. Image Cortesia de Trienal de Arquitectura de Lisboa
A Trienal de Arquitetura de Lisboa divulgou em seu canal no Vimeo a série de debates Talk, Talk, Talk realizada no âmbito de sua edição de sua 5ª edição, que teve curadoria geral de Éric Lapierre. Dividida em cinco grandes exposições, a Trienal abordou em uma delas a relação entre agricultura e arquitetura, tema destes debates aqui mostrados.
https://www.archdaily.com.br/br/936315/assista-a-esta-serie-de-debates-sobre-agricultura-e-arquitetura-publicada-pela-trienal-de-lisboaEquipe ArchDaily Brasil
Concebido pelo Framlab, um estúdio de arquitetura e design com sede em Bergen (Noruega) e Nova Iorque, o Glasir é um sistema modular de agricultura urbana. A estrutura comunitária funcionaria através de um sistema aeropônico para a produção de legumes e vegetais em plena centro da cidade de Nova Iorque.
Os jardins internos podem contribuir com importantes benefícios para a vida doméstica, variando da beleza estética à melhoria da saúde e da produtividade. Pesquisas mostraram que plantas nos interiores das edificações ajudam a eliminar os poluentes do ar, os chamados de compostos orgânicos voláteis (COV), liberados de colas, móveis, roupas e solventes, conhecidos por causar doenças. Eles também aumentam as percepções subjetivas de concentração e satisfação, bem como medidas objetivas de produtividade. Jardins internos podem até reduzir o uso de energia e os custos devido à menor necessidade de circulação de ar. Esses benefícios complementam as óbvias vantagens estéticas de um jardim bem projetado, tornando o jardim interno um recurso residencial atraente em várias frentes.
A Holanda é o segundo maior exportador mundial de produtos agrícolas. Isso é notável quando se considera que o único país que a ultrapassa são os Estados Unidos, 237 vezes maior em área terrestre. No entanto, a Holanda exportou quase US $ 100 bilhões em produtos agrícolas apenas em 2017, bem como US $ 10 bilhões em produtos relacionados com a agricultura. O segredo do sucesso da Holanda está no uso da inovação arquitetônica para reimaginar como uma paisagem agrícola pode ser.
Mais de 36 toneladas de vegetais orgânicos são cultivados em plantações que ficam nos topos de edifícios de Nova Iorque, todos os anos. Mais do que alimentar as pessoas, os tetos verdes também impedem que muitos poluentes cheguem aos rios da cidade.
Horta comunitária em Curitiba. Imagem via Prefeitura de Curitiba
A agricultura urbana vem sendo vista por algumas organizações e comunidades como uma alternativa sustentável que além de dar uso a porções de terra desocupadas, promove o engajamento social e reduz a distância da semente ao prato, já que os alimentos são produzidos na própria cidade, muitas vezes no próprio bairro ou quadra onde vive o consumidor. No Brasil, Curitiba apresenta um exemplo interessante, em que um terreno vacante de 300 metros quadrados, onde por quatro décadas se amontoou lixo, foi convertido em uma horta urbana em pouco mais de dez meses.
A produção de alimentos depende diretamente das abelhas, e seu desaparecimento deve gerar efeitos catastróficos à humanidade. Por toda internet circulam textos alarmantes de como esses pequenos insetos estão morrendo. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas. Por exemplo, um morango suculento e bem formado só é possível se dezenas de abelhas passem pela flor na época certa e o polinizem. Sem elas, ele pareceria mais como uma uva passa.
A dupla de arquitetos de Dubai, Islam El Mashtooly e Mouaz Abouzaid, em parceira com Steven Velegrinis, Drew Gilbert e Abdelrahman Magdy, está apresentando “LifeLines”, um projeto de desenvolvimento urbano sustentável para a cidade de Cairo, no Egito. A equipe internacional de arquitetos, pensando o futuro da cidade egípcia, defende a ideia de reaproximar a cidade com seu passado através do resgate de uma série de infraestruturas históricas, como um aqueduto que atravessa o centro da cidade. A água seria o principal elemento catalizador do desenvolvimento urbano, econômico e social e sustentável da capital.
Tom Dixon e a gigante IKEA desenvolveram um experimento em agricultura urbana a ser exibida no Chelsea Flower Show em Londres. Intitulado Gardening Will Save The World , o projeto explora o contraste do natural com o high-tech, oferecendo ideias alternativas e formas mais sustentáveis para o cultivo de alimentos.
https://www.archdaily.com.br/br/917148/ikea-e-tom-dixon-exploram-solucoes-sustentaveis-e-acessiveis-para-a-agricultura-urbanaNiall Patrick Walsh