A arquitetura é humana. Então, quando entrei na Faculdade de Arquitetura, Arte e Planejamento de Cornell em 1973 e todo o corpo docente feito de homens brancos como eu, não fazia sentido para mim, mas era um reflexo do fim do domínio masculino na minha profissão que escolhi. Naquele mundo, alguns professores costumavam comentar sobre como as alunas os olhavam. Alguns vitimavam sexualmente as alunas.
Bretagne, Louvre, Viadutos, Planalto. Estes são apenas alguns dos projetos assinados por Artacho Jurado, um personagem controverso no universo arquitetônico paulista. Com uma atenção especial dada aos elementos decorativos, o arquiteto autodidata foi extremamente criticado na época pela classe profissional, mas aceito pelo público. Hoje, sua obra costuma ganhar cada vez mais atenção por despontar como algo que se vislumbrou além do cânone moderno, de modo que seus edifícios se tornaram símbolos da paisagem urbana de São Paulo. Numa investigação sobre sua arquitetura, está em cartaz a exposição Artacho Jurado, arquiteto?, com curadoria de Abilio Guerra na Chácara Lane, Museu da Cidade de São Paulo até abril de 2022.
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Envelhecer significa aprender a conviver com a dependência — seja ela física, social ou espacial — e nesse longo processo, que sequer pode ser medido em anos, cada vez mais se entende que o envelhecimento está muito relacionado à genética, ao estilo vida, à localização e ao grupo socioeconômico. Por isso, trata-se de um processo muito diversificado, variando conforme cada indivíduo, com uma gama de interesses diferentes assim como capacidades e preferências no modo de vida.
Apesar de todas as conquistas das mulheres na sociedade e os avanços da própria, a cidade ainda continua sendo planejada e produzida pela ótica do patriarcado. O planejamento urbano não leva em consideração as demandas da população no que refere a inclusão de pluralidade de raça, gênero e classe social, que, desse modo, influenciam no uso do espaço e no traçado urbano.
A cidade de Brasília, inaugurada em abril de 1960, talvez seja um dos maiores marcos de como a arquitetura, o urbanismo e a política nacional se entrelaçam. Resultado do programa de governo de Juscelino Kubitschek que prometia avançar 50 anos em 5, a cidade é uma evidência do modernismo, que revela algumas das estratégias políticas da época como o investimento no automobilismo e o uso do concreto armado. Ainda que Brasília seja um marco para a arquitetura mundial, sua existência deriva de estratégias políticas e econômicas tomadas pelo governo durante o final da década de 1950. Com as eleições de 2022 próximas de serem definidas, é importante, enquanto categoria, entendermos como nossa profissão é impactada pela presidência, e o que podemos exigir do poder executivo.
Além de denotar uma demonstração de pensamento cuidadoso, em termos arquitetônicos a palavra ‘atencioso’ também sugere uma abordagem emocional e talvez até empática. E por que não deveria?
A boa arquitetura pode e deve ser atenciosa – em todos os significados da palavra. Partindo da motivação para fazer o bem e exigir uma abordagem moral inicial, essa sensibilidade, combinada com um conhecimento meticuloso das necessidades individuais/comunitárias e uma comunicação transparente, gera um ambiente construído bem adaptado e acessível que pode promover o crescimento.
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As recentes mudanças no mundo visando priorizar o bem-estar tem influenciado as pessoas a buscarem estilos de vida mais saudáveis, entendendo o corpo e a mente coletivamente. Fatores externos, como a localização geográfica, o ambiente, a comunidade, a situação financeira e as relações com amigos e familiares, mostraram ter impactos consideráveis na saúde de um indivíduo. No entanto, ficou evidente que a garantia da saúde física e mental não se limitava ao acesso a instalações médicas e tratamentos profissionais, Ela também era determinada por vários fatores relacionados à qualidade do ambiente construído.
Os arquitetos têm a opção de projetar melhor e, consequentemente, ajudar as pessoas a fazer melhores escolhas. Então, o que é considerado um bom design de interiores e quais são os fatores que tornam qualquer espaço interior bom? Neste Interior Focus, exploraremos esse lado "bom" do design, observando como os arquitetos garantiram as necessidades dos usuários, considerando a acessibilidade, a diversidade demográfica, a economia e o meio ambiente, independentemente da estética.
O Youtube é a rede social que mais tem usuários ativos mensais – cerca de 2 bilhões, quase o dobro do Instagram. Como mecanismo de pesquisa, fica em segundo lugar, apenas atrás do Google. Não é surpresa, então, que as indústrias de moda, música e beleza tenham abraçado a plataforma de braços abertos. Por outro lado, o design e a arquitetura ficaram para trás.
As ilhas têm se revelado as grandes favoritas das cozinhas contemporâneas, aparecendo em ambientes de diferentes tamanhos e estilos e em materiais diversos. Antes de instalar uma ilha na cozinha, porém, é necessário pensar em alguns fatores para tomar uma decisão mais acertada de projeto.
Terra. Termo usado para definir o planeta no qual vivemos, o solo no qual pisamos, matéria-prima para as mais distintas obras. Dela deriva a palavra território, que para além do significado simbólico em sentidos de configuração de cultura, de visões de mundo, é também a base de qualquer assentamento e da própria natureza. A potência de todos os significados que essa palavra carrega é tomada como título da 6ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, que explora temas sobre a relação humana com seu contexto e os processos de revolução que envolvem as mais distintas escalas da arquitetura.
O direito de reconstruir a icônica Nakagin Capsule Tower de Kisho Kurokawa está atualmente à venda em um dos maiores sites de NFT. Embora a demolição da torre tenha começado no início deste ano, o leilão vende o direito de reconstruir a estrutura tanto no metaverso quanto no espaço real. A ideia de recriar o edifício Metabolic em um espaço virtual parece natural, já que isso poderia permitir que mais pessoas explorassem e experimentassem essa peça icônica da arquitetura - uma ideia alinhada aos ideais do Metabolismo. Por outro lado, a ideia de reconstruir um edifício histórico demolido no mundo físico suscita um conjunto de emoções conflitantes. Réplicas arquitetônicas não são a norma, mas sua existência levanta questões quanto à identidade e autenticidade da arquitetura.
Os padrões para classificar arquitetura boa ou ruim são funcionalidade e beleza, ou o que comumente chamamos de praticidade e estética. Entretanto, a praticidade pode nos direcionar rapidamente para o funcionalismo, a única opção viável, ou para um projeto de estruturas escultóricas. O arquiteto Le Corbusier disse certa vez: "Se você cria uma casa com pedra, madeira e concreto, isso é apenas um edifício; se você toca meu coração, isso é arquitetura". No entanto, talvez a legibilidade da arquitetura possa servir como critério para uma boa arquitetura: ler a arquitetura como um livro com palavras e frases completas que resistam a uma consideração cuidadosa.
Durante um longo período os automóveis foram os maiores protagonistas das grandes cidades. O resultado dessa priorização são territórios ocupados majoritariamente por rodovias, pouco convidativos para as pessoas. Nos últimos anos, contudo, muitas cidades passaram por transformações em seu território, buscando transformar também a relação com os automóveis e priorizar o pedestre e a escala humana.
“Não mure, no more; Ou a cidade morre.” Descobri esse poema em um lambe-lambe solitário colado em um dos infinitos muros que tornam a cidade de São Paulo um lugar pior para se viver. Confesso que, toda vez que levo meu filho mais novo para tomar vacina na UBS da Vila Romana, penso que seria legal ter um spray de tinta para pichar o poema nos muros de um dos condomínios de prédios construído recentemente ali em frente e que ocupa quase um quarteirão inteiro do bairro.
https://www.archdaily.com.br/br/989949/um-imposto-sobre-os-muros-dos-condominiosVitor Meira França
As pessoas queer sempre estiveram presentes, encontrando formas de existir, se reunir e celebrar. Embora sua visibilidade nem sempre tenha sido destacada ao longo da história, por terem que se submeter estritamente à heteronormatividade no passado, não significa que antes não tinham espaços próprios para chamar de seus. Espaços queer, no passado e no presente, têm sido categorizados como locais fortes, vibrantes, vigorosos e dignos de ocuparem seu próprio lugar na história. São lugares seguros para identificação de individualidades, convivência, entretenimento e até oferta de moradia comunitária. Sendo assim, sempre haverá a necessidade de espaços queer.
Refletindo sobre como serão os materiais do futuro, falaremos de um material que está em alta em Barcelona e que talvez nos leve a responder essa questão sugerindo que, como sempre acontece, tudo volta.
Os ladrilhos hidráulicos há alguns anos voltaram a ser tendência, despertando interesse pelo seu alto valor artesanal e pelos seus diversos desenhos, perfeitos para combinar ambientes tradicionais com detalhes de vanguarda.
Arquitetura não é simplesmente construir. Há mais de dois mil anos, o arquiteto romano Marcus Vitruvius Pollio definiu duas realidades básicas na construção: firmitas (estabilidade) e utilitas (função). Depois, ofereceu o que transforma a construção em arquitetura: venustas (beleza).
Firmitas foi redefinida neste século como “resiliência”. Após passar ileso por cinco furacões ao longo de trinta anos, este edifício apresenta venustas além de firmitas? O conceito de utilitas é encontrado na utilidade de qualquer projeto: uma edificação, em uso constante, tem beleza além de função?
As Cidades Universitárias constituíram a ação arquitetônica e urbana mais contundente dentro do período dos governos progressistas latino-americanos, apesar das influências norte-americanas, pioneiros no conceito de campus [1], os projetos realizados na América Latina aconteceram em contextos diferentes e tiveram desdobramentos muito particulares. Devido ao tamanho e a complexidade destes conjuntos, por exemplo, muitas décadas foram necessárias para que fossem concluídos. Essa condição permitiu a participação de várias gerações de arquitetos, o que conferiu diversidade à sua arquitetura. Outra característica na América Latina é a íntima relação entre os projetos das Cidades Universitárias e Governos desenvolvimentistas, como aponta Gorelik, 2005, que em momentos de prosperidade econômica investiram em políticas públicas.
https://www.archdaily.com.br/br/990685/do-diagrama-ao-projeto-a-cidade-universitaria-da-universidade-nacional-da-colombiaMaria Julia de Castro Herklotz