A arquitetura contemporânea em Portugal é uma interessante mistura de elementos tradicionais e modernos, refletindo a rica herança cultural e histórica do país, juntamente com as tendências e influências globais da disciplina. Desde a estética, funcionalidade e preservação em casas de pedra, passando pela riqueza dos azulejos portugueses, os projetos realizados neste pequeno país segue como referência para muitas outras culturas por seu desenho cauteloso e de ação precisa.
Montagem feita sobre o trabalho "Estratégias de mitigação ao calor urbano: Um estudo sobre Porto Alegre" de Carolina Cristófoli Falcão
O mundo acadêmico tem muito a acrescentar no campo da arquitetura e do urbanismo. Através de suas pesquisas e propostas surgem visões inspiradoras, novos materiais e conceitos. Levantam-se possíveis debates sobre a forma como enxergamos, ocupamos e desenhamos o ambiente construído. Em todo o seu espectro, os trabalhos finais de graduação são uma oportunidade do estudante fazer uma última proposta antes de obter o seu diploma, abrangendo diversos temas e tocando em assuntos necessários. Por isso, realizamos anualmente uma chamada de trabalhos aberta a todos os países lusófonos para apresentar um panorama de projetos que se destacam e ajudam olhar para o ano que passou e o porvir.
Localizada a 270 km ao norte de Dakar, a capital do Senegal, e próxima à fronteira com a Mauritânia, encontra-se a Ilha de Saint-Louis, uma cidade colonial proeminente na África Ocidental, reconhecida por sua combinação de arquitetura mediterrânea e clima tropical. Fundada pela Colônia Francesa em 1659 como seu primeiro posto comercial na costa atlântica da África, Saint-Louis posteriormente tornou-se a capital da África Ocidental Francesa (AOF) e do Senegal. No entanto, perdeu esse status em 1902, o que resultou em seu declínio econômico.
Essa história complexa transformou Saint-Louis em um ponto de encontro para diferentes camadas de arquitetura e urbanismo. A ilha apresenta uma forma urbana em grade com vilas de dois andares, típica do urbanismo colonial francês do século XIX. Além disso, possui pátios tropicais, varandas sombreadas, casas art déco dos anos 1920 e prédios cívicos modernos do início dos anos 30. No entanto, devido ao seu isolamento econômico e infraestrutural, essa arquitetura e patrimônio urbano têm se degradado continuamente. Portanto, busca-se novas intervenções para a conservação, restauração e readequação da cidade.
Image created under the prompt: A minimalist, white building with high, curved solid walls, curtain walls, and robust concrete columns in a Nordic environment. Image via LookX AI
Hoje em dia, o trabalho do arquiteto está intimamente ligado à tecnologia e aos avanços que surgem nesse campo. Nesse sentido, diversos aspectos da inteligência artificial têm sido amplamente discutidos. A realidade é que, ao invés de mergulhar em uma competição de habilidades entre Arquitetos e IA, —com nuances que poderiam evocar alguns aspectos da ideologia dos ludistas ingleses do século XIX, os avanços nesse campo podem ser vistos como ferramentas para otimizar processos e abrir novas perspectivas dentro da profissão.
Nesse contexto, a arquitetura muitas vezes abrange várias etapas, desde as fases iniciais em que os dados moldam decisivamente os ambientes construídos até as etapas posteriores em que as ferramentas de design generativo para espaços desempenham um papel fundamental na configuração espacial. Nesse processo, a visualização desempenha o papel crucial de compreender graficamente a expressão do que está sendo projetado. Assim, iterar na visualização e avaliar cada um dos resultados é vital não apenas para expressar ideias, mas também para usar essas visualizações para interpretar elementos estéticos.
https://www.archdaily.com.br/br/1010822/estimulando-a-criatividade-o-papel-da-ia-nas-ferramentas-de-visualizacao-e-projeto-para-arquitetosEnrique Tovar
Com a proximidade da chegada do verão no hemisfério sul — que promete ser um dos mais intensos já vistos, e em meio ao ano que já é considerado como um dos mais quente da história — a busca por locais que ofereçam momentos de relaxamento, frescor e diversão se intensifica. À medida em que as altas temperaturas do verão se aproximam, a relevância e procura por equipamentos como os clubes, com suas áreas de lazer ao ar livre, piscinas e espaços verdes, se destaca de maneira significativa. Esses locais se transformam em verdadeiros refúgios, oferecendo não apenas a possibilidade de escape do calor, mas também uma série de outras atividades e benefícios para seus usuários.
Com a chegada do fim de mais um ano, a equipe de curadores do ArchDaily tem o prazer de apresentar a seleção dos melhores desenhos arquitetônicos publicados ao longo de 2023, sem os quais o entendimento dos projetos certamente não seria o mesmo.
A representação gráfica desempenha um papel fundamental tanto no processo projetual - desde os primeiros croquis até os mínimos detalhes construtivos - como na apresentação do projeto a um público mais amplo. Assim, durante o processo de seleção, pudemos observar um rico e variado conjunto de desenhos que fizeram parte das mais de quatro mil publicações de projetos neste ano e, entre eles, tivemos a difícil tarefa de chegar aos mais representativos e inspiradores.
São Paulo. Image by joao batista Shimoto licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported license.
Considerada em 2022 a quinta cidade mais populosa do mundo, São Paulo é formada por uma imensidão de desafios “dignos” dos seus mais de 22 milhões de habitantes. Entre os inúmeros problemas urbanos enfrentados, o esvaziamento do centro histórico da cidade tem sido notícia recorrente há pelo menos quatro décadas,§ com governos anunciando medidas que poderiam reverter a situação. Nesse meio tempo, o mesmo centro presenciou o aumento das ocupações de moradia em prédios abandonados, trazendo à tona não apenas a importância da sua ressignificação, mas também sua vocação habitacional.
51-1 Arquitectos, Play You Are in Sharjah, 2023. Foto por Danko Stjepanovic. Imagem Cortesia de Sharjah Architecture Triennial
Inaugurada em 11 de novembro de 2023 e em funcionamento até 10 de março de 2024, a Trienal de Arquitetura de Sharjah serve como uma metáfora que chama a atenção para as inovações em design e tecnologia no ambiente construído, especialmente no sul global. A exposição conta com contribuições de 29 arquitetos e estúdios de 25 países. Dando sequência a algumas discussões levantadas na 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza, a Trienal de 2023 embarca em uma jornada semelhante, criando espaço para vozes e discussões frequentemente negligenciadas em exposições globais e revelando elementos que há muito existem, mas permaneceram invisíveis. Com uma consciência aguçada do sul global, mas também do norte, e uma compreensão das polaridades entre eles, conforme articulado pela curadora Tosin Oshinowo, esta segunda edição da exposição tem como tema "A Beleza da Impermanência: Uma Arquitetura da Adaptabilidade".
Celebrando tudo o que existe, especialmente no sul global, onde os lugares prosperam em meio à escassez, a trienal adota uma abordagem otimista, tirando lições das situações atuais e revelando o valor e sofisticação de respostas alternativas que surgiram devido às limitações de recursos. "Podemos celebrá-los. Podemos aprender com eles", acrescenta a curadora. A trienal tem como objetivo compreender um futuro mais sustentável, acessível e equitativo - um esforço coletivo para enfrentar os desafios das mudanças climáticas, explorar o ambiente construído e abraçar tradições regionais pouco celebradas. Destacando soluções que resistiram ao longo do tempo e outras que respondem às dificuldades contemporâneas, "A Beleza da Impermanência" enfatiza a necessidade de uma hibridização sutil essencial para o nosso mundo urbanizado.
A prática do upcycling, predominante em setores da moda à construção, não só revitaliza itens descartados, acrescentando valor e função, mas também contribui para transformá-los em recursos valiosos. Adotar o espírito da economia circular, aproveitando resíduos agrícolas, como espigas de milho, palha de arroz e bagaço de cana-de-açúcar para materiais de construção marca uma mudança fundamental em direção a práticas sustentáveis, promovendo um sistema de circuito fechado que minimiza os resíduos e otimiza a eficiência dos recursos.
CornWall®, desenvolvido pela Stone Cycling, surge como uma inovação pioneira neste sentido. Inspirado na mudança imperativa para uma economia de base biológica, incorpora uma solução transformadora que aborda as preocupações prementes do impacto ambiental da indústria da construção. Conversamos com Ward Massa, um visionário da Stone Cycling, sobre este material. Trata-se de um material de acabamento de paredes fabricado a partir de biomassa vegetal, obtida principalmente a partir dos núcleos das espigas de milho de origem regional. Estes resíduos orgânicos estão amplamente disponíveis e destinam-se normalmente à fermentação, à queima como biomassa ou a tornarem-se simples resíduos orgânicos.
En 1999, Birgit Lohmann e Massimo Mini cofundaram o designboom, autodenominada "a primeira revista online de arquitetura e design". Sete anos depois, o Facebook saiu das universidades americanas para o público geral, enquanto no Twitter era publicado o primeiro tweet. Desde então, passaram-se 16 anos.
Embora 16 anos na arquitetura representem um período breve, na história da internet os meios digitais e as redes sociais estão longe de serem considerados emergentes. Eles compõem o núcleo do atual modelo da Web 2.0, caracterizado por uma interação dual entre produtores e consumidores de conteúdo baseada em compartilhamentos, curtidas, remixagens, repostagens.
Com efeito, a velocidade e a magnitude das transformações nos meios digitais de comunicação nos proporcionam a oportunidade de começar a traçar os esboços para uma história da era digital e seu impacto na arquitetura.
A interseção entre arquitetura e neurociência, conhecida como neuroarquitetura, emerge como um campo inovador, trazendo à tona a influência significativa do design, seja de espaços urbanos ou de edifícios, na percepção humana, incluindo o aspecto de segurança. Esta área de estudo ganha relevância em um contexto em que a arquitetura urbana não é apenas uma questão estética ou funcional, mas também um elemento crucial na criação de ambientes que promovam bem-estar e segurança.
Imagem: Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Via Caos Planejado
Acredito que muitos leitores aqui passam pelo mesmo, digamos, “constrangimento” que eu: basta sairmos da nossa “bolha” e a defesa de questões urbanísticas que, para nós, parecem óbvias (como a necessidade de eliminação de grades e muros, a adoção de fruição pública, de permeabilidade visual, uso misto e fachada ativa, por exemplo), sempre esbarra no mesmo obstáculo — a falta de segurança pública.
https://www.archdaily.com.br/br/1010041/as-grades-do-condominio-sao-para-trazer-protecao-o-dilema-dos-prisioneiros-urbanosVitor Meira França
As casas inteligentes (smart homes) se apropriam da tecnologia para brindar mais praticidade, economia, conforto e segurança para seus moradores. Com o ambiente automatizado, a rotina do lar é facilitada. Se antes isso parecia pertencer a um futuro muito distante, hoje os dispositivos inteligentes já estão mais acessíveis e podem ajudar a criar outro tipo de interação entre a moradia e seu habitante por meio das conexões Wi-Fi e Bluetooth.
https://www.archdaily.com.br/br/1010109/como-criar-uma-casa-inteligente-guia-completo-para-iniciantes-na-automacao-residencialArchDaily Team
Estamos prestes a terminar o ano mais quente dos últimos 125 mil anos. Nos últimos dias, as altas temperaturas têm influenciado negativamente o cotidiano de uma grande porção da população, principalmente aquela que passa a maior parte do dia nas ruas, longe dos espaços climatizados. O excesso de calor tem distintas fontes, entre as naturais e as catalisadas pelo homem, e com um futuro nada promissor em relação a este tema, é necessário buscar por medidas de forma estrutural para combater o modo como ele pode agravar a saúde da população.
Projetar uma casa é sempre um grande desafio. O domínio técnico e construtivo deve estar alinhado com as expectativas do seu futuro morador, abraçando gentilmente sua rotina e tarefas diárias. Dessa forma, mapear as necessidades e rituais que terão a casa como palco é fundamental para o êxito da tarefa. Na profusão de personalidades, de preferências e de manias, a arquitetura residencial precisa mediar as intenções e acolher as diversidades.
Mais do que paisagens inertes ou cenários inanimados, as cidades constituem-se enquanto personagens ativas e significativas para a construção de muitas narrativas televisivas. Seja em séries ou em telenovelas, mais do que apenas um local onde as tramas se desenrolam, os ambientes urbanos desempenham um papel fundamental para os desdobramentos dos enredos, suas criações, diretrizes e contextos. Mas se, por um lado, as cidades e suas culturas urbanas contribuem para a composição de diversas tramas das telinhas, por outro lado, os programas televisivos também podem ajudar a moldar um certo imaginário idealizado sobre esses espaços urbanos, que geram expectativas irrealistas e reiteram uma série de estereótipos sobre as cidades representadas.
Edifícios que são projetados para contar histórias e memórias, evocar um senso de aspiração, definir narrativas culturais e construir uma identidade nacional sempre serão importantes em todas as sociedades. Quando os edifícios têm esse poder de moldar comunidades, impactar a imagem de uma cidade e mudar o curso do crescimento socioeconômico, então podem ser identificados como icônicos. Embora o termo "icônico" seja subjetivo, é uma palavra que expande os limites da arquitetura em qualquer contexto. Ele exige originalidade espacial, propõe uma tecnologia de materiais inovadora e necessita de um investimento socioeconômico considerável para ser realizado.
No entanto, uma vez que as economias dos países em desenvolvimento do sul global nem sempre podem atender aos requisitos dessas estruturas arquitetônicas, seria possível existir um modelo socioeconômico mais adequado para estruturas monumentais nesse contexto? Os princípios graduais de mudanças e crescimentos pequenos e adaptáveis podem ser aplicados à aspiração finita e icônica dessa arquitetura?
Alguns materiais mudam a história da arquitetura a partir do momento que começam a ser empregados. Os primeiros materiais usados na construção certamente o fizeram: barro, pedra, madeira. A possibilidade de construir pode ser considerada a origem da disciplina. Com o desenvolvimento tecnológico, as técnicas também se apuraram e, no século XIX, a industrialização disseminou o uso de outros materiais, alterando e ampliando a possibilidade construtiva: ferro e vidro.