"A arquitetura foi mal representada na Semana de 22": entrevista com Guilherme Wisnik

Achou que já tinha visto, lido e ouvido tudo sobre Semana de 22? Pois o Betoneira Podcast abordou o tema por um viés diferente: da arquitetura. O convidado Guilherme Wisnik explicou como a antropofagia de Oswald de Andrade fundamentou a relação de Lúcio Costa e Niemeyer com Le Corbusier no projeto do Palácio Capanema, primeiro edifício público de arquitetura moderna no Brasil.

O Palácio Capanema é o nosso grande marco da modernidade. Não à toa está sendo atacado pelo governo atual - representa tudo que o bolsonarismo despreza.

A Semana de 22 também impulsionou as artes, a música, a poesia e o teatro nos anos 60 - talvez por isso seu centenário esteja sendo tão amplamente comemorado.

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Casa Modernista da Rua Santa Cruz, de Gregori Warchavchik, de 1927, a primeira de São Paulo

São grandes herdeiros dos artistas de 22: Glauber Rocha, Zé Celso, Hélio Oiticica, Caetano Veloso. E antes deles os poetas concretos Augusto e Haroldo de Campos. Aquilo que tinha ficado um pouco perdido nos anos 20 é retomado nos anos 60 com muita força. Numa neovanguarda brasileira, que reinterpreta e joga pra frente.

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Cena de O Rei da Vela, 1967. Foto: Fredi Kleemann. Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Wisnik também contou boas histórias sobre a Semana de 22 e seus personagens. Por exemplo, a briga que Oswald de Andrade e Mário de Andrade travaram nos jornais sobre arquitetura moderna.

Quando suto dele é difícil. Mrge a arquitetura moderna de Warchavchik, o Oswald apoia entusiasmadamente e o Mário apoia com ressalvas. Para o gosário sugere mobiliar com móveis coloniais. Eles têm um bate-boca na imprensa, Oswald chama Mário de pior crítico de arquitetura do mundo. Hoje, com a crítica de arquitetura tão pouca expressiva, é incrível pensar que em 1930 os dois maiores escritores do Brasil brigavam na grande imprensa pela arquitetura.

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Cartaz da 1ª Bienal de São Paulo, em 1951. Autoria de Antônio Maluf

No papo com Wisnik, ficou claro que a Semana de 22 não tornou o Brasil moderno num passe de mágica, mas, sim, plantou as sementes para as décadas seguintes.

Em 22, São Paulo não virou cosmopolita só porque fez a Semana de Arte Moderna. É no fim dos anos 40 para os 50 que São Paulo dá um salto absurdo. Cria a Bienal de São Paulo, o MAM, o Masp e entra numa rota de circulação cultural internacional.

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Capa do catálogo da exposição Brazil Builds, Architecture New and Old, 1652-1942, realizada pelo MoMA. Imagem: G. E. Kidder Smith/retirada do catálogo Brazil Builds, Architecture New and Old, 1652-1942

Quem é Guilherme Wisnik: Arquiteto e doutor pela FAU-USP, onde também é professor, Wisnik é especialista em história da arquitetura moderna brasileira. Foi curador geral da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo, publica frequentemente artigos e ensaios em revistas acadêmicas e especializadas, atuou como curador de várias exposições nas áreas de arquitetura, urbanismo e artes visuais. Entre os livros publicados, é autor de Lucio Costa, pela Cosac Naif.

Ouça o episódio completo do podcast aqui.

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Sobre este autor
Cita: Betoneira. ""A arquitetura foi mal representada na Semana de 22": entrevista com Guilherme Wisnik" 02 Abr 2022. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/979254/a-arquitetura-foi-mal-representada-na-semana-de-22-entrevista-com-guilherme-wisnik> ISSN 0719-8906

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