Estúdio Mangava projeta instalação de tijolos que explora a subjetividade do futuro

“ONDE SE ENCONTRA?” é o título da instalação produzida pelo Estúdio Mangava para o feverestival 2020 (Festival Internacional de Teatro de Campinas) e ficou exposta na segunda semana de fevereiro, cerca de um mês antes do entrarmos em quarentena. O desafio proposto pela organização do festival ao Estúdio foi o de representar através de uma instalação interativa a temática da edição, que trouxe a proposta de reafirmar seu presente, revisitar o passado e projetar o futuro: o que queremos construir a partir daqui? O que desejamos reinventar? Qual projeto de mundo estamos buscando? Quais são os nossos futuros desejáveis?

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O Estúdio trabalhou com o objetivo de descobrir, através das possibilidades narrativas intrínsecas da forma arquitetônica, como a arte pode nos apresentar futuros desejáveis para o ambiente distópico que se apresenta com sufocante força. A busca pelo entendimento do processo de construção e imaginação do futuro levou até a ideia de brincar com fragmentos, de perspectivas, de imagens, de possibilidades. 

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Evento do Feverestival 2020 no Sesi Amoreiras, Campinas, 2020. Image © Nina Pires

A proposta se consolidou em um elemento único que pode ser lido como uma caixa, ou um cômodo, Da parte externa era possível visualizar uma base sólida feita de tijolos aparentes, e uma parte superior que se comportava como um elemento de vedação, com pequenas aberturas que chamavam o público para observar o conteúdo interno. Ao fixar os olhos em alguma abertura, uma surpresa, uma imagem próxima, seu próprio olho, o olho de outro alguém, eram algumas das possibilidades. O interior, uma explosão de cores e informações suficientes para fazer com que o observador sentisse vontade de procurar outra abertura, e assim, ver exatamente a mesma coisa através de uma outra perspectiva, de um outro lugar. 

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Evento do Feverestival 2020 no Sesi Amoreiras, Campinas, 2020. Image © Gabriella Zanardi

A instalação trazia uma nota que dizia: “O fragmento que compõe o todo se mostra como resistência, e anuncia a potência de revelar o futuro. É preciso desvelar as barreiras que nos cegam, encontrar brechas onde o olhar e a percepção transpassem e se permita construir com a multiplicidade de perspectivas. Encontros nos reflexos do cotidiano podem dar voz aos silêncios passados, direcionar para novos desenhos de mundo, e nos surpreender. ”

E foi a partir dessa reflexão que foi possível presenciar a surpresa dos observadores que, ao procurar respostas em cada fresta, encontravam reflexos de si mesmos, não apenas pelos espelhos encontrados no interior, mas também pelas imagens que cada um formava em sua mente a partir da observação de elementos distintos, que foram dispostos na parte interna a fim de cruzar informações que pudessem ativar memórias. Os elementos internos brincavam com lembranças, com as relações de cada um com suas casas, com questões sociais, com cores e luzes, plantas e imagens, espelhos e reflexos. 

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Evento do Feverestival 2020 no Sesi Amoreiras, Campinas, 2020. Image © Nina Pires

Com a interação dos usuários, ficou evidente a pluralidade de interpretações. Os comentários e reflexões de adultos de diferentes classes sociais, crianças com suas surpresas e descobertas, pessoas que conseguiam enxergar ali algo em si mesmo, e outras que estavam a apenas a matar a curiosidade, mostraram como resultado dessa investigação formal, as múltiplas realidades que convivem nessa amostra do Brasil, e é através do entendimento dessas realidades que vamos conseguir encontrar, juntos, propostas para um futuro possível. 

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Evento do Feverestival 2020 no Sesi Amoreiras, Campinas, 2020. Image © Gabriella Zanardi

Hoje, pouco mais de 180 dias depois dessa obra, estamos vivenciando essa proposta de forma invertida, estamos agora do lado interno, ressignificando nossas relações com nossas casas e com nós mesmos, e observando o mundo externo através das pequenas aberturas, podemos afirmar que o significado das palavras passado, presente e futuro, mudaram. Porém, revisitando as reflexões provocadas pela instalação, podemos afirmar também que é através da arte, e do entendimento múltiplo e coletivo, que podemos pensar possíveis desenhos para a nova maneira de viver que nos espera. 

Sobre a autora
Paula Pereira é arquiteta (PUC-Campinas, 2016). Arquiteta e BIM-Manager na Alexandre Furcolin Paisagismo (2018- Atual). Sócia-fundadora do Estúdio Mangava, Campinas SP (2018 – Atual)./ André Furcolin é arquiteto (PUC-Campinas, 2016), Arquiteto na Alexandre Furcolin Paisagismo (2018- Atual).

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Sobre este autor
Cita: Paula Pereira. "Estúdio Mangava projeta instalação de tijolos que explora a subjetividade do futuro" 10 Set 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/947355/estudio-mangava-projeta-instalacao-de-tijolos-que-explora-a-subjetividade-do-futuro> ISSN 0719-8906

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