![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e8ae/284d/d1fd/6300/0001/newsletter/EIXO_CENTRAL.jpg?1557325984)
O escritório Blobo B arquitetura, liderado pelas arquitetas Camilla Ghisleni, Gabriela Favero, Júlia De Fáveri, em parceria com o escritório Giz de Terra, de Laura Rotter, venceu o concurso nacional promovido pela prefeitura de Veranópolis - RS para a requalificação de um trecho da rua Júlio de Castilhos. O objetivo do concurso era selecionar "a proposta mais adequada que abordasse a infraestrutura necessária e a qualificação do espaço urbano". Conheça, a seguir, a proposta vencedora.
Da equipe: No relevo montanhoso da Serra Gaúcha, Veranópolis – o antigo destino de férias, desde os tempos de Colônia portuguesa –, se consolida hoje para além do título que trouxe visibilidade internacional à pequena cidade do interior (“terra da longevidade”), emergindo como “município para todas as idades”.
O projeto urbanístico aqui apresentado soma-se, portanto, ao contexto histórico e social de Veranópolis, assim como à sua exuberante paisagem composta por montanhas, vales, cachoeiras, videiras, pomares tornando-se, não somente um exemplo urbano, mas também um novo ícone turístico para a região.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e961/284d/d1fd/6300/0004/medium_jpg/VISTA_A%C3%89REA.jpg?1557326171)
Essa revitalização do trecho da rua Julio de Castilhos, na área central da cidade, aborda o espaço público como um patrimônio material e imaterial, sendo (re)projetado de acordo com as bases simbólicas, afetivas e funcionais que consolidam o centro de Veranópolis. Propõem-se aqui, não somente uma revitalização urbana, mas também social, como um modelo de convivência e uso dos diversificados grupos sociais nesse espaço público evocando, consequentemente, um grande impacto econômico e comercial para a região. A requalificação urbana é utilizada aqui como poderosa ferramenta que extrapola seus efeitos diretos como reordenadora de fluxos e usos, assumindo um papel na melhoria da qualidade vida da cidade, na sustentabilidade ambiental, no aumento da coesão social e, claro, no fortalecimento do comércio varejista da região.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e8ef/284d/d1e6/3e00/0013/newsletter/IMAGEM_05.jpg?1557326052)
A incrementação e o desenvolvimento dessas atividades de valor cultural, social e comercial é promovido por meio do desenho urbano e paisagístico pautado principalmente nos seguintes princípios básicos: criação de espaços de estar (convívio, contemplação, informação); predileção do pedestre, ciclista e meios de transporte coletivos em detrimento do automóvel; acessibilidade universal – inexistência de desníveis e aplicação do piso podotátil -; padronização das marquises e sinalização gráfica nos comércios; arborização urbana nativa e enquadramentos visuais para a bela Igreja Matriz São Luís Gonzaga. A proposta ainda inclui dois quiosques de serviço/comércio que estarão a cargo da prefeitura para eventual locação (floricultura, banca de revista, etc) ou para serem usados pelo próprio órgão municipal com estratégias de promoção (quiosques da saúde, informações turísticas sobre a cidade, etc).
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e8fa/284d/d1fd/6300/0003/newsletter/PAISAGISMO_2.jpg?1557326068)
A paleta de materiais escolhida levou em consideração a facilidade de execução e manutenção (aliada à padronização das soluções como modelo a ser replicado), o baixo custo aquisitivo e a disponibilidade no mercado local. Fatores que, juntos, tornam a proposta exequível e duradoura.
Visando ainda a melhoria na configuração e apropriação urbana desse trecho da rua Julio de Castilhos, ressalta-se a proposta de reordenamento do trânsito que mantem os dois sentidos da rua, porém agora, configurada em vias mais estreitas, destinando a maior parte dos seus quase 28 metros aos pedestres e ciclistas. Além disso, são definidos lugares estratégicos para estacionamentos de carga e descarga de mercadorias, assim como para idosos, deficientes físicos, ambulância, táxis e eventuais pacientes da clínica Nossa Senhora de Lourdes, evitando a interferência direta destes no fluxo da rua. O novo desenho urbano, permite, também, a utilização do trecho da Júlio de Castilhos para atividades culturais e sociais (como feiras e exposições) e propõe o seu fechamento durante eventuais finais de semana.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e956/284d/d1e6/3e00/0014/newsletter/PLANTA_BAIXA.jpg?1557326079)
O desenho paisagístico parte do emolduramento da Matriz de São Luiz Gonzaga, onde os volumes vegetais ascendem das extremidades para o centro, direcionando o olhar à edificação histórica. O porte das espécies arbóreas é pequeno para garantir a hierarquia visual e suas copas tem folhagem rala para trazer transparência e permeabilidade a vista. Os tons das florações transitam entre o amarelo, laranja e vermelho, cores quentes que harmonizam com a imponência da igreja Matriz. Belos ipês trazem uma forte identidade para esse trecho do centro da cidade por meio de sua vistosa floração de inverno.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e89a/284d/d1e6/3e00/0001/newsletter/ESQUEMAS_1.jpg?1557325964)
A vegetação foi disposta de maneira assimétrica dos dois lados da rua, um lado mais denso e outro menos, buscando trazer dinamicidade às experiências ambientais, criando sensações e paisagens plurais aos usuários que transitam pelo espaço.
Os canteiros no piso garantem a permeabilidade do solo e o escoamento da água, conformam-se em maciços vegetais extensos que trazem grande impacto visual. De um lado da rua Neomaricas, de outro Dianellas, cria-se uma identidade para cada lateral, servindo como marco e favorecendo a noção espacial do ambiente.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e8cb/284d/d1e6/3e00/0002/newsletter/ESQUEMAS_2.jpg?1557326005)
A vegetação arbustiva fica próxima aos mobiliários para trazer aconchego e conforto. Também aparecem como marcação nos acessos das edificações comerciais, como parte da proposta de padronização das fachadas a fim de suavizar os planos verticais.
Cinco das sete espécies escolhidas são nativas da região, essa é uma estratégia ambiental ecológica pois além de fortalecer o equilíbrio do bioma local, a vegetação apresenta uma incrível adaptação ao ambiente, o que garante a saúde, durabilidade e bom desenvolvimento das espécies, sempre com baixa manutenção.
![](https://images.adsttc.com/media/images/5cd2/e8df/284d/d1fd/6300/0002/newsletter/ESQUEMAS_3.jpg?1557326032)
Os pergolados, além de servirem como suporte para as belas flores do Cipó de São João, são pontos estratégicos na rua pois trazem painéis informativos que contam a história da cidade e de seus pontos turísticos, convidando o transeunte à um passeio inusitado pelo trecho.
As faixas livres de passeio garantem a perfeita circulação pois não trazem obstáculos. As faixas de estar favorecem o convívio social através dos equipamentos e mobiliários; as áreas destinadas ao automóvel asseguram o fluxo e os estacionamentos. A ciclovia afirma o espaço dos ciclistas e incentiva o uso das bicicletas. Essas estratégias certificam a área como apropriada para jovens, adultos, crianças e idosos, onde todos sentem-se parte do espaço através de um desenho urbano que unifica o antigo ao moderno, entrelaça o espaço público ao privado e materializa a qualidade de vida de Veranópolis.
FICHA TÉCNICA
Bloco B arquitetura
Arquitetas: Camilla Ghisleni, Gabriela Favero E Júlia De Fáveri
Estagiária: Fernanda Nunes
Giz de Terra
Arquiteta paisagista: Laura Rotter
Localização: Rua Júlio de Castilho. Veranópolis/RS
Ano: 2019
Área: aproximadamente 5.500 m²