Bloco B arquitetura e Giz de Terra vencem concurso para requalificação urbana em Veranópolis - RS

O escritório Blobo B arquitetura, liderado pelas arquitetas Camilla Ghisleni, Gabriela Favero, Júlia De Fáveri, em parceria com o escritório Giz de Terra, de Laura Rotter, venceu o concurso nacional promovido pela prefeitura de Veranópolis - RS para a requalificação de um trecho da rua Júlio de Castilhos. O objetivo do concurso era selecionar "a proposta mais adequada que abordasse a infraestrutura necessária e a qualificação do espaço urbano". Conheça, a seguir, a proposta vencedora.

Da equipe: No relevo montanhoso da Serra Gaúcha, Veranópolis – o antigo destino de férias, desde os tempos de Colônia portuguesa –, se consolida hoje para além do título que trouxe visibilidade internacional à pequena cidade do interior (“terra da longevidade”), emergindo como “município para todas as idades”.

O projeto urbanístico aqui apresentado soma-se, portanto, ao contexto histórico e social de Veranópolis, assim como à sua exuberante paisagem composta por montanhas, vales, cachoeiras, videiras, pomares tornando-se, não somente um exemplo urbano, mas também um novo ícone turístico para a região.

Vista aérea. Image Cortesia de bloco B arquitetura

Essa revitalização do trecho da rua Julio de Castilhos, na área central da cidade, aborda o espaço público como um patrimônio material e imaterial, sendo (re)projetado de acordo com as bases simbólicas, afetivas e funcionais que consolidam o centro de Veranópolis. Propõem-se aqui, não somente uma revitalização urbana, mas também social, como um modelo de convivência e uso dos diversificados grupos sociais nesse espaço público evocando, consequentemente, um grande impacto econômico e comercial para a região. A requalificação urbana é utilizada aqui como poderosa ferramenta que extrapola seus efeitos diretos como reordenadora de fluxos e usos, assumindo um papel na melhoria da qualidade vida da cidade, na sustentabilidade ambiental, no aumento da coesão social e, claro, no fortalecimento do comércio varejista da região.

Vista da calçada. Image Cortesia de bloco B arquitetura

A incrementação e o desenvolvimento dessas atividades de valor cultural, social e comercial é promovido por meio do desenho urbano e paisagístico pautado principalmente nos seguintes princípios básicos: criação de espaços de estar (convívio, contemplação, informação); predileção do pedestre, ciclista e meios de transporte coletivos em detrimento do automóvel; acessibilidade universal – inexistência de desníveis e aplicação do piso podotátil -; padronização das marquises e sinalização gráfica nos comércios; arborização urbana nativa e enquadramentos visuais para a bela Igreja Matriz São Luís Gonzaga. A proposta ainda inclui dois quiosques de serviço/comércio que estarão a cargo da prefeitura para eventual locação (floricultura, banca de revista, etc) ou para serem usados pelo próprio órgão municipal com estratégias de promoção (quiosques da saúde, informações turísticas sobre a cidade, etc).

Paisagismo. Image Cortesia de bloco B arquitetura

A paleta de materiais escolhida levou em consideração a facilidade de execução e manutenção (aliada à padronização das soluções como modelo a ser replicado), o baixo custo aquisitivo e a disponibilidade no mercado local. Fatores que, juntos, tornam a proposta exequível e duradoura.

Visando ainda a melhoria na configuração e apropriação urbana desse trecho da rua Julio de Castilhos, ressalta-se a proposta de reordenamento do trânsito que mantem os dois sentidos da rua, porém agora, configurada em vias mais estreitas, destinando a maior parte dos seus quase 28 metros aos pedestres e ciclistas. Além disso, são definidos lugares estratégicos para estacionamentos de carga e descarga de mercadorias, assim como para idosos, deficientes físicos, ambulância, táxis e eventuais pacientes da clínica Nossa Senhora de Lourdes, evitando a interferência direta destes no fluxo da rua. O novo desenho urbano, permite, também, a utilização do trecho da Júlio de Castilhos para atividades culturais e sociais (como feiras e exposições) e propõe o seu fechamento durante eventuais finais de semana.

Planta. Image Cortesia de bloco B arquitetura

O desenho paisagístico parte do emolduramento da Matriz de São Luiz Gonzaga, onde os volumes vegetais ascendem das extremidades para o centro, direcionando o olhar à edificação histórica. O porte das espécies arbóreas é pequeno para garantir a hierarquia visual e suas copas tem folhagem rala para trazer transparência e permeabilidade a vista. Os tons das florações transitam entre o amarelo, laranja e vermelho, cores quentes que harmonizam com a imponência da igreja Matriz. Belos ipês trazem uma forte identidade para esse trecho do centro da cidade por meio de sua vistosa floração de inverno.

Esquema. Image Cortesia de bloco B arquitetura

A vegetação foi disposta de maneira assimétrica dos dois lados da rua, um lado mais denso e outro menos, buscando trazer dinamicidade às experiências ambientais, criando sensações e paisagens plurais aos usuários que transitam pelo espaço.
Os canteiros no piso garantem a permeabilidade do solo e o escoamento da água, conformam-se em maciços vegetais extensos que trazem grande impacto visual. De um lado da rua Neomaricas, de outro Dianellas, cria-se uma identidade para cada lateral, servindo como marco e favorecendo a noção espacial do ambiente.

Esquema. Image Cortesia de bloco B arquitetura

A vegetação arbustiva fica próxima aos mobiliários para trazer aconchego e conforto. Também aparecem como marcação nos acessos das edificações comerciais, como parte da proposta de padronização das fachadas a fim de suavizar os planos verticais.

Cinco das sete espécies escolhidas são nativas da região, essa é uma estratégia ambiental ecológica pois além de fortalecer o equilíbrio do bioma local, a vegetação apresenta uma incrível adaptação ao ambiente, o que garante a saúde, durabilidade e bom desenvolvimento das espécies, sempre com baixa manutenção.

Esquema. Image Cortesia de bloco B arquitetura

Os pergolados, além de servirem como suporte para as belas flores do Cipó de São João, são pontos estratégicos na rua pois trazem painéis informativos que contam a história da cidade e de seus pontos turísticos, convidando o transeunte à um passeio inusitado pelo trecho.

As faixas livres de passeio garantem a perfeita circulação pois não trazem obstáculos. As faixas de estar favorecem o convívio social através dos equipamentos e mobiliários; as áreas destinadas ao automóvel asseguram o fluxo e os estacionamentos. A ciclovia afirma o espaço dos ciclistas e incentiva o uso das bicicletas. Essas estratégias certificam a área como apropriada para jovens, adultos, crianças e idosos, onde todos sentem-se parte do espaço através de um desenho urbano que unifica o antigo ao moderno, entrelaça o espaço público ao privado e materializa a qualidade de vida de Veranópolis.

FICHA TÉCNICA

Bloco B arquitetura 
Arquitetas: Camilla Ghisleni, Gabriela Favero E Júlia De Fáveri
Estagiária: Fernanda Nunes

Giz de Terra 
Arquiteta paisagista: Laura Rotter 

Localização: Rua Júlio de Castilho. Veranópolis/RS
Ano:
2019
Área:
aproximadamente 5.500 m²

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Bloco B arquitetura e Giz de Terra vencem concurso para requalificação urbana em Veranópolis - RS" 08 Mai 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/916652/bloco-b-arquitetura-vence-concurso-para-requalificacao-urbana-em-veranopolis-rs> ISSN 0719-8906

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