12 regras da Herman Miller sobre como projetar

Neste post, originalmente publicado na Metropolis, Vanessa Quirk, que já trabalhou no ArchDaily como diretora editorial, explora as expectativas do cliente e como o arquiteto Nicholas Grimshaw lidou com elas - em ambas as concepções: edifício ou livro.

Não é comum um cliente afirmar que seu objetivo é "construir um edifício indeterminado", mas foi assim que Max De Pree, o filho do fundador da Herman Miller, D.J. De Pree, expressou os seus anseios para a nova fábrica da empresa, em 1975. Seguindo as ideais de designers como Charles e Ray Eames e Alexander Girard, De Pree compilou uma longa lista de diretrizes filosóficas para o projeto, as quais ele reuniu e nomeou com o lacônico título: "Uma Declaração de Expectativas".

O jovem arquiteto Nicholas Grimshaw, que foi escolhido por De Pree para o projeto, foi imensamente inspirado pela "Declaração", particularmente, pela ênfase na longevidade e na flexibilidade que a fábrica deveria apresentar; sua integração ao contexto (da cidade de Bath, na Inglaterra), e a necessidade do edifício proporcionar um aumento do potencial de seus funcionários. Na resposta de Grimshaw à lista, ele afirmou: "Muitas dessas ideias - como a flexibilidade e a não-monumentalidade - dizem respeito ao bem-estar dos usuários, o que vai de acordo com a abordagem que estamos construindo desde a fundação de nosso escritório, há dez anos. Nós sentimos, particularmente, que nenhum edifício novo deve se impor aos ocupantes, mas, ao contrário, deve funcionar como uma ferramenta em suas mãos."

Ele elaborou essa ideia em 1969 em uma entrevista à Idea Magazine, na qual afirmou: "Como arquitetos, parece-nos inútil argumentar se as opções serão retomadas, ou não. O ponto crucial é que as opções oferecidas são reais e podem ser aplicadas por qualquer pessoa durante a vida útil de um edifício [...]. O objetivo fundamental dos edifícios deveria ser, portanto, que qualquer coisa pode acontecer em qualquer lugar'".

O edifício resultante, que abrigou a fábrica com cerca de 55.000 metros quadrados, recebeu múltiplos prêmios de arquitetura durante os anos 1970 e 1980, ostentando atributos arquitetônicos que facilitaram sua adaptação a longo prazo: "uma passarela suspensa com utilitários que permitiam a prática mudança de layout da fábrica; pátios que poderiam ser reconfigurados durante os intervalos dos funcionários; banheiros modulares que poderiam ser facilmente levados à qualquer outra parte do edifício; painéis plásticos desmontáveis no exterior do edifício que permitiam modificações ou ampliações."

Quando o projeto foi concluído, em 1976, o edifício foi fotografado e as imagens publicadas em um folheto, no qual cada uma delas aparece acompanhada por uma das "expectativas" de De Pree. O livro está atualmente esgotado nas editoras, no entanto, a Herman Miller compartilhou conosco as imagens do folheto, que podem ser vistas a seguir.

A Herman Miller desocupou o edifício em 2012, mas os laços entre a empresa e Grimshaw foram mantidos -- ele também projetou nova fábrica da empresa em Melksham. Saiba mais detalhes sobre essa história, aqui.

E embora o edifício de Bath não atenda mais aos propósitos da indústria contemporânea, ele continua a adaptar-se graciosamente ao seu contexto, assim como se pretendia que ele fizesse. Parte da antiga fábrica será reaberta como Escola de Arte e Design da Bath Spa University.

"Uma Declaração de Expectativas"

Cortesia de Herman Miller

"Estas declarações são destinadas à estruturar o programa para o projeto e construção de uma nova fábrica da Herman Miller na Europa, em Bath, Inglaterra"

Cortesia de Herman Miller

"Nosso objetivo é contribuir com a paisagem  com valor estético e humano"

Cortesia de Herman Miller

"O ambiente deve incentivar encontros fortuitos e uma comunidade aberta"

Cortesia de Herman Miller

"O espaço deve ser subserviente à atividade humana"

Cortesia de Herman Miller

"O compromisso com o desempenho de funções ou necessidades individuais deve ser evitado"

Cortesia de Herman Miller

"A fábrica deve poder se transformar com graça, ser flexível e não-monumental"

Cortesia de Herman Miller

"O planejamento de utilitários deve atender às necessidades que podemos perceber."

Cortesia de Herman Miller

"Desejamos criar um ambiente que receberá todos e estará aberto a surpresas"

Cortesia de Herman Miller

"A qualidade dos espaços deve refletir o compromisso e reputação da empresa com o meio ambiente"

Cortesia de Herman Miller

"Não importa o que façamos, devemos estar construtivamente envolvidos com  o entorno e com a comunidade civil"

Cortesia de Herman Miller

"Os padrões utilizados devem permitir soluções para o crescimento e para alterações futuras"

Cortesia de Herman Miller

"Gostaríamos de um edifício que permita explorar ao máximo a relação entre os espaços de trabalho e o exterior"

Cortesia de Herman Miller

"É possível dizer que o nosso objetivo é construir o edifício indeterminado"

Cortesia de Herman Miller
Sobre este autor
Cita: Quirk, Vanessa. "12 regras da Herman Miller sobre como projetar" [Herman Miller's 12 Rules To Design By] 30 Jun 2016. ArchDaily Brasil. (Trad. Migliani, Audrey) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/790169/herman-millers-12-rules-to-design-by> ISSN 0719-8906

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