Serpentine Pavilion de SelgasCano: "Saco Plástico Barato" ou "Parquinho Inflável Pop-Art"

Mesmo recém inaugurado, o Pavilhão da Serpentine Gallery de SelgasCano e os comentários que gerou entrou dentre os leitores de ArchDaily já são tão coloridos quanto o próprio pavilhão, com críticas que vão desde "o pior Serpentine Gallery Pavilion já feito" à "monstro de sacola de lixo", e alguns outros que não vale a pena repetir aqui. Isto pode surpreender algumas pessoas, mas aqui no ArchDaily nós realmente lemos a seção de comentários, e nós sabemos: à menos que você seja a corajosa e persistente alma que comenta como "notyourproblem," que acha que "deve ser excitante entrar em todos estes túneis", há uma grande chance de você ter odiado este pavilhão, e a palavra odiar aqui não é apenas uma expressão.

Mas seria este despedimento violento justificado? Em suma, seria o pavilhão de SelgasCano tão ruim quanto você pensa? Felizmente, não somos a única publicação que está dando cobertura extensiva ao fato: como é de costume, o Serpentine Gallery atraiu um grande número de célebres críticos britânicos. Descubra o que eles acharam do Pavilhão após o salto.

Serpentine Pavilion de SelgasCano: Saco Plástico Barato ou Parquinho Inflável Pop-Art - Mais Imagens

© Laurian Ghinitoiu

"Algo entre um túnel agrícola e um parquinho inflável Pop-Art", Edwin Heathcote, do Financial Times

Um crítico que certamente discordaria seria Edwin Heathcote. Escrevendo pelo Financial Times ele admite que o pavilhão peca na finesse e sutileza, mas ainda sim é possível de encontrar muitas razões para perdoar isso:

"Olhando de perto, o Serpentine Pavilion deste ano parece um pouco como algo remendado, umas coisas coladas, talvez até meio gotejante, com um sentido quase infantil de diversão mais do que de permanência. Mas também é uma explosão terrivelmente agradável de doçura, que tem inclusive cor-de-bala, uma alusão meio Pop Art para uma sensação de descartável e lúdico dos anos 1960. "  

Relembrando o que foi uma modesta instalação do programa Serpentine, uma cobertura angular simples de Zaha Hadid lá em 2000, Heathcote  argumenta:

"A contribuição deste ano é mais próximo ao espírito da cobertura de Hadid que alguns dos esforços estruturais mais ambiciosos, algo entre um túnel agrícola e um parquinho inflável Pop-Art."

© Laurian Ghinitoiu

"O paraíso dos Instagrammers" - Oliver Wainwright, The Guardian

  1. Assim como Heathcote, no Wainwright do The Guardian admite que o projeto parece mesmo umas coisas amontoadas, com detalhes e junções que parecem meio enjambradas", mas mais uma vez, foi ganhado pelo senso de humor do pavilhão:

"O lugar ganha vida com as pessoas, uma dança de sombras de formas e reflexões, à medida que a vida no parque se mescla em uma miragem de bolha de sabão. Durante a noite, se transforma em uma fantástica lagarta alienígena brilhante."

Reparando no desejo de Serpentine de um pavilhão comemorativo para celebrar o seu 15 aniversário, Wainwright acrescenta que SelgasCano "seguiu com o brief de um pavilhão festivo ao pé da letra: o pavilhão pode bem ser confeccionado com balões e serpentinas reaproveitados costuradas em um emanharado festivo." Ele também acrescenta que:

"Com seus múltiplos orifícios e vistas atraentes em suas esquinas, também é um paraíso para usuários do Instagram, algo que não é coincidência. Selgas admite que como ele seria fotografado teve papel chave em sua composição"

No final, porém, Wainwright vê uma conexão entre este pavilhão e o do ano passado, projeto de Smiljan Radić:

"Ambos incorporam uma abordagem quase anti-arquitetônica, bem diferente da primeira década de pavilhões-monumentos de grandes nomes da arquitetura, e parece estar resistindo conscientemente à pressão de se construir um manifesto em miniatura. Puristas da arquitetura podem dizer que parece um brinquedo de parquinho infantil visto do lado de fora - até que são sugados para dentro da toca do coelho dentro do ventre mágico de Selgas Cano."

© Laurian Ghinitoiu

"Entre os pavilhões de menor sucesso de Serpentine" - Robert Bevan, London Evening Standard

Um crítico que parece ter a mesma visão que muitos de nossos leitores é Robert Bevan, escrevendo sua crítica em uma curta nota no artigo principal da publicação sobre a inauguração. Ele diz:

"Dá pra imaginar o que os arquitetos tinham em mente - uma gruta-caleidoscópio ou uma brilhante crisálida formado por uma das criaturas mais extravagantes da natureza. Infelizmente, o que foi entregue é uma manga de um palhaço."

Percebendo o acabamento malfeito do pavilhão e um conceito que é de certo modo comprometido com o plano inicial dos arquitetos para usar um mesmo material para estrutura e para os fechamentos, Bevan conclui:

"No entanto, (quase) tudo é perdoado quando sai o sol à medida que o poli-túnel superaquecido é transformado em uma nave de uma catedral. A luz do sol cria paletas de cores em todo o chão branco enquanto sombras de fitas opacas fazem lembrar as estruturas de vitrais. É uma visão transitória do que poderia ter sido"

© Jim Stephenson

"O direito a falhar vem com o território" - Ellis Woodman, The Telegraph

Talvez a visão mais interessante sobre o pavilhão venha de Ellis Woodman, escrevendo pelo The Telegraph. Para Woodman, o compromisso de SelgasCano representa uma continuação ao "renovado senso de propósito de Serpentine" das últimas décadas, com a Galeria buscando talentos emergentes ao invés de um "jogo seguro" com grandes nomes que se interessou no passado. Mas enquanto ele aplaude este fato, acredita que o pavilhão em si "se esforça muito, mas não dá muito certo".

"Visto de longe no parque, o efeito é surpreendente e o pretende ser ainda mais a noite, quando as luzes internas transformam o pavilhão em um farol brilhante. Visto ao se aproximar, no entanto, o tratamento é menos convincente."

Enquanto ele reconhece a praticidade no fato deste pavilhão é "um dos mais baratos e alegres em muitos anos," ele argumenta:

"Ainda é difícil não se desapontar com a natureza dos detalhamentos da estrutura. Reconciliar a membrana plástica à geometria complicada da armadura metálica claramente se mostrou um desafio particular. Depois de uma chuva intensa, a impressa reunida se encontrou escapando de goteiras na noite de inauguração."

Ele também encontra razão ao questionar as supostas intenções dos arquitetos:

"Os arquitetos descreveram o desejo em estabelecer uma relação entre o pavilhão e sua instalação em um parque como fator chave por trás do projeto, por isso é um pouco desconcertante descobrir que, ao entrar, é quase inteiramente impossível de olhar para fora." 

Apesar de seu desapontamento Woodman conclui com um comentário afiado na experimentação, e por extensão à constante ameaça de fracasso, oferecidos pela comissão Serpentine:

"Se seu esforço representa um tiro que saiu pela culatra, Serpentine ainda deve ser aplaudido por seu comprometimento em dar suporte para que este experimento aconteça anualmente. O programa do pavilhão oferece aos arquitetos uma oportunidade rara para experimentar ideias que uma comissão mais cara e permanente não permitira. O direito a falhar vem com o território."

Para mais imagens do projeto de SelgasCano para o Serpentine Gallery Pavilion de 2015, siga os links de nossa cobertura já publicada abaixo:

Iwan Baan's Images of Selgas Cano's 2015 Serpentine Pavilion

SelgasCano's 2015 Serpentine Gallery Pavilion Opens

SelgasCano's Serpentine Pavilion / Images by Laurian Ghinitoiu

Sobre este autor
Cita: Stott, Rory. "Serpentine Pavilion de SelgasCano: "Saco Plástico Barato" ou "Parquinho Inflável Pop-Art"" [SelgasCano's Serpentine Pavilion: "Cheap Plastic Bag" or "Pop-Art Inflatable Funscape"?] 13 Ago 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/769351/serpentine-pavilion-de-selgascano-caso-plastico-barato-ou-parquinho-inflavel-pop-art> ISSN 0719-8906

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