Pavilhão Experimental de P-A-T-T-E-R-N-S: Espaço Têxtil

Este artigo foi publicado originalimente no blog Point of View, da Metropolis Magazine, com o título "Working at the Crystalline Level."

O escritório de arquitetura de Los Angeles P-A-T-T-E-R-N-S está entre os mais intrigantes e inovadores atualmente. Eles parecem expandir incansavelmente as fronteiras da experimentação com materiais de alta tecnologia ultra-leves e mídias imersivas. Também são bastante atenciosos e pacientes na forma como conduzem os projetos.

Isso é bom, pois eles estão bastante engajados e sua forma de trabalhar demanda tempo. Ao colaborar com engenheiros e inovadores de diferentes indústrias estão mudando lentamente o caminho que a arquitetura vem traçando em níveis materiais e ontológicos. O escritório não projeta casas, mas faz o que há de novo, e às vezes tentam o que ainda não foi feito.

Tanto o fundador e co-diretor Marcelo Spina e sua sócia Georgina Huljich lecionam, ele em SCI-ARC e ela na UCLA, onde perseguem interesses de pesquisa com os alunos que, posteriormente, refletem nas atividade so escritório, escondido em um pequeno canto nos limites urbanos de Los Angeles, em Atwater Village.

Um recente projeto deste escritório é o pavilhão de fibra de carbono experimental que eles chamam de "Espaço Têxtil".

© Monica Nouwens

É uma das primeiras coisas que percebe-se ao adentrar na controversa e atormentada exposição “A New Sculpturalism: Contemporary Architecture from Southern California,” em cartaz atualmente no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles.

O projeto - um objeto em forma de cristal semi-rígido - tem aparência física, mas experimentalmente dilui o limite entre o rígido e o macio, o táctil e a tectônica, o íntimo e o público, e aponta para possibilidades futuras de materiais de alta tecnologia, extremamente leves, para a arquitetura em uma escala mais ampla. O volume comporta-se como uma "sala", em que se pode entrar, mas é mais como um evento, um espaço profundamente atraente para os sentidos.

P-A-T-T-E-R-N-S foi selecionado para a mostra pelo curador, Christopher Monte, pelo seu interesse em integrar design digital, fabricação e materiais experimentais. Eles foram convidados a propor um pavilhão que encarnasse o espírito da exposição: abordar a inovação formal e material em curso que define a arquitetura do sul da Califórnia, especialmente de Los Angeles.

Em parceria com fabricantes de vela de alta performance, a North Sails, o escritório foi capaz de desenvolver uma superfície personalizada de fibra de carbono em camadas, padronizada através da fabricação robótica. Spina e Huljich trabalharam em estreita colaboração com a empresa de velas para desenvolver e aperfeiçoar as propriedades deste material ultra-leve e resistente à tensão.

© Monica Nouwens

Mas eles não pararam por aí. A instalação é uma superfície expressiva que produz efeitos intensos e brilhantes no ambiente que a circunda através da projeção de vídeos. Para isso funcionar, chamaram Casey Reas, artista de vídeo. Reas produziu um vídeo colagem contínuo, montado a partir de clipes de filmes ambientados em Los Angeles, que apresentam a cidade, seu crescimento e transformação. Sequências dos filmes foram cortadas em tiras e colocadas sobre a grelha de fibra de carbono do pavilhão. O Espaço Têxtil torna-se ativo através desta reapresentação da infraestrutura urbana e arquitetônica da cidade, enquanto os vídeos interagem com as propriedades físicas das fibra de carbono.

The Four Ecologies (1971), de Rayner Banham, e o documentário relacionado da BBC, Rayner Banham Loves Los Angeles (1972), além do filme de Thom Andersen, Los Angeles Plays Itself (2003) são a base para este componente do Espaço Têxtil. Os vídeos são agrupados em temas que apresentam diferentes áreas da cidade e suas mudanças do dia para a noite. De uma lista de cerca de 50 filmes, duas dúzias foram selecionados para representar a cidade. Eles variam de Double Indemnity (1944) para filmes mais recentes como Jackie Brown (1997), desde dramas clássicos a thrillers de ação. Muitos dos filmes focam no dirigir e o movimentar-se através da cidade, com um ritmo rápido, como Gone in 60 Seconds (1974), Speed ​​(1994), e Velozes e Furiosos (2001). Na tradição de filmes noir, foram incluídos Point Blank (1967) e Drive (2011).

Esta integração da manufatura avançada, projeto arquitetônico, e mídia digital apontam para um modo alternativo de produção da arquitetura, expandindo-a para além das abordagens tradicionais de concepção e construção. Isso tem profundas implicações na forma como os edifícios e os espaços poderiam ser pensados e erigidos.

Huljich vê o projeto como uma forma de avançar para coisas maiores. "Trata-se de materialidades padronizadas e efeitos 2D ao nível cristalino", diz ela. "A ideia de que a articulação da superfície pode ser alcançada a nível material, ao invés da forma, é algo que espero ser capaz de trabalhar em projetos maiores." Esta é a principal razão pela qual trabalham tão intimamente com a indústria afim de melhorar os materiais e tecnologias que esperam implantar na arquitetura. Ela acrescenta: "Eles ainda não estão lá, mas espero que estejam um dia."

© Monica Nouwens

Como exemplo, o conhecimento adquirido a partir do Espaço Têxtil inspirou diretamente o desenvolvimento de seu novo projeto, ainda em andamento, para o campus SCI-Arc’s Arts District, o icônico epaço para eventos, chamado League of Shadows.

O escritório projetou o espaço para tornar-se um atrativo para a vizinhança. "Acreditamos que, se executado corretamente, o pavilhão poderia ativar um novo nó no centro da cidade", diz Spina. Assim como o Espaço Têxtil, o League of Shadows explora materiais e avanços tecnológicos para produzir efeitos ambientais dinâmicos. A arquitetura em si será a tecnologia em ação e uma comunicadora de novos meios de comunicação, ocupando uma área de destaque em um dos bairros que mais rapidamente se transforma em Los Angeles.

O que P-A-T-T-E-R-N-S ganha de seu novo uso da fibra de carbono é uma série de variáveis ​​que podem ser manipuladas em seus futuros projetos como designers. Como Spina diz: "O material não é totalmente neutro, mas sim algo que pode participar de forma criativa. Vimos uma infinidade de possibilidade para a textura, o fenômeno da translucidez e articulação material, e nossa intenção era a de provocar essas coisas por meio de um projeto como este."

O Espaço Têxtil esteve em exposição no MOCA's Geffen Contemporary até 16 de setembro.

© Monica Nouwens

Equipe de Projeto

Arquitetos: P-A-T-T-E-R-N-S / Marcelo Spina & Georgina Huljich

Arquiteta Responsável: Daniele Profeta

Equipe de Projeto: Matthew Kendall, Robert Panossian, Ashley Sholder, Viola Ago, Mike Wang, Jeff Giuducci, Harrison Steimbuch, Andrew Choi

Projeção de Mídia: Casey Reas / CB Reas Studio

Fabricação de Materiais Avançados: Bill Pearson / North Sails

Engenharia Estrutural: Matthew Melnyk / Nous Engineering

Fabricação da Estrutura: Tortoise Industries

Fotografia e Vídeo:Monica Nouwens

Textile Room 03 FULL de Metropolis Magazine no Vimeo.

Guy Horton é um escritor de Los Angeles. Além da criação do "The Indicator", ele é um colaborador freqüente de: The Architect's Newspaper, Metropolis Magazine, The Atlantic Cities, e The Huffington Post. Também já escreveu para Architectural Record, GOOD Magazine, and Architect Magazine. Você pode ouvir Guy no rádio e em podcast como apresentador convidado para o programa DnA: Design & Architecture na Rádio KCRW 89.9 FM em Los Angeles. Siga-o no Twitter: @GuyHorton.

Sobre este autor
Cita: Horton, Guy. "Pavilhão Experimental de P-A-T-T-E-R-N-S: Espaço Têxtil" [P-A-T-T-E-R-N-S' Latest Expressive, Experimental Pavilion: Textile Room] 17 Set 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Souza, Eduardo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-141228/pavilhao-experimental-de-p-a-t-t-e-r-n-s-espaco-textil> ISSN 0719-8906

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