Guy Horton

NAVEGUE POR TODOS OS PROJETOS DESTE AUTOR

Sou Fujimoto: "O futuro é uma matriz que se espalha e não uma linha reta"

Essa entrevista foi publicada originalmente em Metropolis Magazine como "Inside the Mind of Sou Fujimoto."

O Pavilhão Serpentine de 2013, a famosa obra-prima do arquiteto Sou Fujimoto, nascido em Hokkaido, diz muito sobre quem ele é e o que ele pensa sobre arquitetura. Mas, mais que isso, são as mais de 100 maquetes de estudos, às vezes meticulosamente refinados, outras rudemente executadas, que pontilham o espaço de galeria minimalista da Japan House Los Angeles. Essa exposição retrospectiva, Futures of the Future, reflete nitidamente a carreira de Fujimoto, que começou no ano 2000, quando ele abriu seu próprio escritório baseado em Tóquio e Paris.

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The Indicator: 101 coisas que não aprendi na faculdade de arquitetura

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Cortesia Desconhecido

Este artigo tem co-autoria de Sherin Wing.

1] Mesmo se o seu chefe for seu amigo ele pode te demitir para salvar seu negócio.

2] Leia o livro On Bullshit, de Harry G. Frankfurt. Carregue-o com você. É um livro de bolso.

3] Não beba durante o trabalho e principalmente não use drogas quando estiver com seus colegas de trabalho sob nenhuma circunstância. 

4] Não importa o quanto você se ache importante,  você ainda pode ser um servo aos olhos de outras pessoas que possuem mais poder do que você.

5] Depois de deixar a escola arquitetura nem todo mundo se preocupa com arquitetura ou quer falar sobre isso.

6] Todos os hábitos alimentares e dietas adquiridos durante a escola devem ser descartados.

7] Os hábitos de higiene que você manteve durante o período de estudante de arquitetura são inadequados para a vida real; banhe-se regularmente e troque sua roupa interior.

8] A pressa e a satisfação que você experimenta em um ateliê pode ser inversamente proporcional ao quanto você vai gostar de trabalhar para uma empresa.

9] É arquitetura, não medicina. Você pode fazer uma pausa que ninguém vai morrer.

10] Outras coisas são mais importantes do que a arquitetura; elas são as únicas que vão ajudá-lo a resistir até o final. Veja 49.

Continue lendo a seguir.

The Indicator: Continuaremos em silêncio? O custo humano da Copa do Mundo no Qatar

Qatar diz que os projetos para a Copa do Mundo estão "no caminho", mas a International Trade Union Confederation (ITUC), que tem investigado a morte de trabalhadores nos Emirados nos últimos dois anos, veementemente discorda. Até o momento houve 1200 mortes de trabalhadores associadas aos projetos da Copa do Mundo em curso. Um relatório contundente, emitido pela ITUC em 16 de março, afirma que ao menos que sejam realizadas melhorias significativas nas condições de trabalho nos canteiros relacionados à Copa, pelo menos mais 4000 trabalhadores podem perder suas vidas. Isso significaria que essas construções estão "no caminho" de matar 600 trabalhadores por ano, ou pelo menos 12 por semana até que as faixas de inauguração sejam cortadas e os fogos de artifício disparados.

Em uma reunião do comitê executivo da FIFA realizada em Zurique no dia 20 de março, o presidente Sepp Blatter afirmou, "Temos alguma responsabilidade mas não podemos interferir nos direitos dos trabalhadores". Do mesmo modo, o comitê local da FIFA no Qatar diz que trabalhadores não são sua responsabilidade. Zaha Hadid disse o mesmo.

Entretanto, dado o coro crescente de manchetes como "The Qatar World Cup Is a Total Disaster" (A Copa do Mundo no Qatar é um desastre total), é possível que eles precisem dizer algo mais forte sobre a questão em algum momento - ou ter a imagem de sua arquitetura manchada. É claro que sabemos que o que querem dizer é que não é sua responsabilidade legalmente. Mas isso significa que deveriam estar acomodados, nem ao menos tentando influenciar uma mudança?

Saiba mais sobre a situação dos trabalhadores de Qatar a seguir.

The Indicator: Poderiam os escritórios de arquitetura abolir suas hierarquias?

O que a arquitetura pode aprender com Zappos? Sim, todos nós já ouvimos falar sobre cafés veganos, salas de yoga, jogar jogos de guerra e usar Crocs dentro do escritório, mas - mais importante - Zappos está transformando a cultura de escritório de forma vasta e significativa: põe um fim na hierarquia da equipe.

De acordo com o The Washington Post, Zappos é a maior companhia a ter adotado o princípio da Holocracy, a ideologia do empresário de software que se tornou guru de gerenciamente, Brian Roberston. Guru seria a palavra certa pois, à primeira vista, e talvez à segunda ou terceira, a Holocracy surge de algo parecido como um culto, embora um culto de gestão de negócios. Isso me assusta um pouco, mas tendo olhado através da página deles, eu me sinto um pouco melhor agora.

Em uma Holocracy, autoridade e responsabilidade são distribuídos através de uma organização de uma forma mais focada ao objetivo. Como dizem, "Todos se tornam um líder de suas funções e um seguidor de outras." Ainda não faz sentido? Hierarquias antigas que dependem dos "líderes" no topo, "seguidores" na base, e "gerentes" no meio são eliminadas completamente. Logo, não há mais "chefes". Não há mais "funcionários". Não existem mais "projetista júnior" ou "projetista sênior".

The Indicator: A favela exótica e a persistência da cidade murada de Hong Kong

Sempre que vejo argumentos sensacionalistas sobre a intensidade espacial supostamente sublime de Kowloon Walled City em Hong Kong (demolida em 1994), elas me parecem nada além de fantasias coloniais que têm pouca relação com a realidade de viver no meio de uma das favelas mais cruéis do mundo. Você vê Kowloon aparecer constantemente como sendo ainda uma questão válida ou mesmo interessante. Este assentamento informal foi diagramado, fotografado e discutido por décadas do ponto de vista estético, tornando seus vitimizados e oprimidos habitantes praticamente invisíveis. Não significa que não tenha sido o lar de muitas pessoas e que não existam "boas lembranças" de lá, mas ainda, como todas as favelas, era um lugar difícil de viver, repleto de contradições na névoa de esperança por uma vida melhor.

The Indicator: o que sobe não desce

Todos nós sabemos o que o crítico de arquitetura Banksy pensa sobre 1 World Trade Center. Ele vergonhosamente o chamou de "shyscraper" em um artigo que o New York Times se recusou a publicar. Mas isso não impediu o artigo de circular e irritar moradores de Nova York. É possível encontrá-lo em seu site, ridicularizado para aparecer como uma manchete de primeira página.

Nele, ele escreve "Lembra uma criança muito alta em uma festa, deslocando desajeitadamente os ombros tentando não se destacar na multidão. É a primeira vez que vejo um arranha-céu tímido." É claro, isso não impediu o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH) de celebrá-lo recentemente como o edifício mais alto nos Estados Unidos da América. Uhull!

Mas quem se importa? Nova York tem muitas outras coisas acontecendo urbanisticamente e arquitetonicamente, que fazem a altura ser menos importante do que costumava ser, se não totalmente inútil. Intervenções de infraestrutura do tipo mais horizontal, como o High Line por exemplo, parecem mais significativas. Diante da complexidade urbana real e desenvolvimento desigual, buscar altura é simplista, enquanto os problemas reais permanecem pelas ruas, sem relação com direitos aéreos, vistas, ângulos de acesso a luz solar, e horizontes bloqueados. 

E ainda assim, muitas cidades do mundo continuam a privilegiar torres altas como ícones de poder econômico e político.

The Indicator: Por que 2013 foi o ano de Denise Scott Brown?

Muitas coisas aconteceram em 2013. Zaha foi notícia a cada duas semanas. Ela foi copiada na China e, em seguida, acusada de projetar uma vagina gigante no Qatar. O filho de Rem está produzindo um documentário sobre seu pai. Perdemos o Prentice Women’s Hospital. Quase perdemos o American Folk Art Museum. Era o ano dos arranha-céus, com Rem mudando o jogo mais uma vez, levantando o térreo do chão, recusando-se a ceder às formas curvilíneas.

As coisas no Architecture for Humanity foram abaladas com a saída dos co-fundadores Cameron Sinclair e Kate Stohr. Resiliência se tornou a nova sustentabilidade. A China se tornou de repente menos definida pelo virtuosismo de sua arquitetura, e mais pelo lado negativo de suas façanhas formais. Minha cidade natal, Los Angeles, criou mais algumas ciclovias, alguns grandes planos para o seu rio de concreto, além de ter eleito um novo prefeito. Tivemos pessoas reclamando da arquitetura e nos dizendo por que deixaram a profissão. Kanye West foi atacado por se atrever a dizer por que gosta de arquitetura, e depois a arquitetura adorou falar sobre Kanye durante semanas a fio. Pobre Kanye. Há tantas coisas que poderia dizer que foram fundamentais em 2013. Foi um grande ano. E houve também uma grande quantidade de edifícios fantásticos.

The Indicator: Mais uma vez "On the Road"

Os provocadores do projeto On the Road, nome dado em homenagem ao livro de homônimo Jack Kerouac, estão de volta às atividades com seu programa "West of LaBrea" em que estes arquitetos revoltos retornam às ruas para bombardear a ordem das coisas no mundo da arquitetura - particularmente crítica em Los Angeles - e, ao fazer isso, lembram-nos que a arquitetura pode também significar diversão e uma dose saudável de transgressão; embora nenhuma lei tenha sido infringida durante o #OtR3, pelo menos aparentemente...

The Indicator: o futuro virtual da arquitetura

Robert Miles Kemp será o Inovador do Ano de 2014. Marquem minhas palavras. Se eu trabalhasse para a Autodesk, chamaria ele agora mesmo - ou ao menos tentaria roubar seus segredos.

O que Robert Miles Kemp e sua empresa, Digital Physical, desenvolveram é algo tão simples, tão óbvio, e ao mesmo tempo completamente revolucionário. É uma daquelas invenções que todos os arquitetos, cedo ou tarde, perceberão que precisam - e os clientes logo começarão a pedir.

A invenção se chama Spacemaker VR, o primeiro sistema de realidade virtual de arquitetura concebido para designers. Sim, é preciso usar um óculos de realidade virtual, mas não se preocupe em parecer tolo pois você (e seus clientes) estarão maravilhados pelas coisas que estarão vendo e experienciando em 3D - um modelo de espaço futuro.

The Indicator: Uma réplica a "Porque deixei a arquitetura"

O discurso de Christine Outram em “Why I Left the Architecture Profession” (publicado no ArchDaily Brasil como "Porque deixei a arquitetura") é uma tentativa honesta e aparentemente espontânea de demarcar uma posição contra uma profissão "desatualizada". É explosivo em sua afirmação de que "vocês", sendo todos vocês arquitetos, estão fora de alcance. "Vocês" não ouvem seus clientes. "Vocês" estão obcecados com a forma. "Vocês" são máquinas desalmadas, projetadas por modelos de códigos e "copiar e colar", sem preocupação com a humanidade. Seu texto é como uma bomba, espalhando estilhaços em todas as direções. É um ataque que atingiu inocentes. É indelicado e imprudente.

Ele implora para ser desconstruído. Exige um contra ataque. E, julgando pela longa discussão em comentários, foi o que aconteceu. Seja como for, as questões são óbvias. Dizer a arquitetos que eles estão "desatualizados" ou que não ouvem parece uma tentativa calculada de conseguir sua atenção e fazê-los de alguma forma provar a si mesmos, de deixá-los irritados de forma equivalente a sua própria raiva.

Bem, chamou minha atenção. Aqui está minha réplica.

Por que uma boa escrita de arquitetura não existe (e, francamente, não é necessária)?

O Architects’ Journal recentemente anunciou as inscrições para o “AJ Writing Prize", sua busca anual pelo "melhor escritor de arquitetura".

Em 2011 publicaram um tratado sobre as qualidades de uma boa escrita de arquitetura, escrito por um dos membros do júri, o arquiteto Alan Berman.

Agora, por favor, me considere destrinchando seu ensaio ao remover esta citação de sua linha original de pensamento, mas, dito isto, este parágrafo se destaca:

A escrita de arquitetura deveria ajudar a todos na compreensão dos edifícios e auxiliar os arquitetos a projetá-los melhor. Isto não quer dizer ela deva ser um manual de instruções ou ignorar a importância dos infindáveis esforços intelectuais que exploram a condição humana - dos quais os arquitetos deveriam sempre estar conscientes. Ao invés disso, significa que o comentário arquitetônico deve buscar clareza e precisão em sua expressão através de uma terminologia lúcida e simplicidade estrutural. 

Isto me parece um modo muito técnico e preciso de se gerar um bloqueio de escritor. Se esta é a amplitude de uma boa escrita arquitetônica, ou de uma escrita que esteja a serviço da arquitetura, então "abandonai toda esperança, vós que entrais aqui."

Pavilhão Experimental de P-A-T-T-E-R-N-S: Espaço Têxtil

Este artigo foi publicado originalimente no blog Point of View, da Metropolis Magazine, com o título "Working at the Crystalline Level."

O escritório de arquitetura de Los Angeles P-A-T-T-E-R-N-S está entre os mais intrigantes e inovadores atualmente. Eles parecem expandir incansavelmente as fronteiras da experimentação com materiais de alta tecnologia ultra-leves e mídias imersivas. Também são bastante atenciosos e pacientes na forma como conduzem os projetos.

Isso é bom, pois eles estão bastante engajados e sua forma de trabalhar demanda tempo. Ao colaborar com engenheiros e inovadores de diferentes indústrias estão mudando lentamente o caminho que a arquitetura vem traçando em níveis materiais e ontológicos. O escritório não projeta casas, mas faz o que há de novo, e às vezes tentam o que ainda não foi feito.

Tanto o fundador e co-diretor Marcelo Spina e sua sócia Georgina Huljich lecionam, ele em SCI-ARC e ela na UCLA, onde perseguem interesses de pesquisa com os alunos que, posteriormente, refletem nas atividade so escritório, escondido em um pequeno canto nos limites urbanos de Los Angeles, em Atwater Village.

Um recente projeto deste escritório é o pavilhão de fibra de carbono experimental que eles chamam de "Espaço Têxtil".