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Arquitetos: FRS Arquitetura
- Área: 120 m²
- Ano: 2024

Uma das primeiras impressões em relação à história da arquitetura é a aparente alternância entre estilos e linguagens. Sempre que prevalece uma vertente mais sóbria, a que se segue costuma retomar motivos mais ornamentais, e assim por diante. É preciso atentar-se que esse “fluxo” é uma mera impressão: a história é sempre mais complexa que os registros indicam, e a prevalência deste ou daquele estilo são interpretações dos historiadores, situados no futuro do período sobre o qual se debruçam. O Barroco é um desses estilos.

O Pelourinho, localizado no Centro Histórico de Salvador, Bahia, é uma das imagens e cartões-postais mais conhecidos, divulgados e visitados da capital baiana. Possuindo um acervo colonial urbano e arquitetônico de grande importância cultural, recebeu o título de Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, em 1985. Com mais de quatro séculos de história, a região já abrigou as mais diversas atividades, funções e dinâmicas, e sua trajetória se imbrica à da própria cidade. Atualmente, é um dos principais pontos turísticos soteropolitanos e, além de seu próprio acervo colonial, concentra uma série de equipamentos do setor como hotéis, restaurantes e museus.


Às vésperas de embarcarmos, coletivamente, à bordo de mais uma aventura conhecida como carnaval, o primeiro propriamente dito após o longo e difícil período da pandemia de Covid-19, é importante falarmos sobre um outro aspecto da folia, menos abordado e visibilizado nas narrativas dominantes sobre o tema. Num recorte temporal mais recente, é possível perceber que em algumas cidades, com o aumento da escala, proporção e engajamento dos festejos carnavalescos, aliado ao grande interesse turístico e econômico disparado pela festa, o carnaval passou a mobilizar engendramentos cada vez mais amplos de logísticas, equipamentos e estruturas. Esses elementos passaram a tensionar uma série de espacialidades e outras dinâmicas urbanas existentes, incorporando-se, cada vez mais invasivamente, na relação entre essa importante festa popular e determinados espaços das cidades.

Em mais um episódio de entrevista, o Arquicast conversa com o fundador do escritório Sotero Arquitetos, o arquiteto Adriano Mascarenhas, formado na Universidade Federal da Bahia com trabalhos bastante diversificados em escala e programas. Com sua sede às margens da Baía de Todos os Santos, a equipe adota uma postura investigativa na sua prática projetual, e vem conquistando diversos prêmios nacionais, com publicações das suas obras no Brasil e no exterior.

Em 1972, Caetano Veloso anuncia na canção Triste Bahia que “o vapor de Cachoeira já não navega mais no mar”. De fato, somos uma geração que desconhece a capacidade náutica de Salvador, uma vez que a maioria não teve a oportunidade de conviver com o cotidiano da cidade portuária. Um breve olhar nos registros realizados por fotógrafos como Marcel Gautherot, Pierre Verger e Lázaro Roberto, entre as décadas de 1950 a 1970, permite verificar que as dinâmicas cotidianas realizadas junto ao mar eram abissalmente diferentes das atuais.


