Design centrado no ser humano: o que os arquitetos podem aprender com designers de UX

A prática arquitetônica sempre esteve enraizada no que as pessoas agora chamam de “design centrado no ser humano”. O termo, cunhado pelo engenheiro irlandês Mike Cooley em sua publicação de 1987 “Human-Centred Systems” (Sistemas centrados no ser humano) descreve uma abordagem de design em torno da identificação das necessidades das pessoas e da solução do problema certo com intervenções simples. A arquitetura se equilibra entre arte estética e design prático. Com vários colaboradores e objetivos para o projeto, muitas vezes as necessidades do usuário final ficam comprometidas no projeto. Para ajudar os arquitetos a projetar melhor para as pessoas, novas metodologias podem se inspirar em técnicas de design centradas no ser humano desenvolvidas por designers de experiência do usuário (UX).

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O design centrado no ser humano é uma abordagem criativa para a solução de problemas, adaptando criações em torno das altamente pesquisadas necessidades do usuário final. O processo enfatiza a empatia construída entre os designers e os usuários para gerar ideias e protótipos para soluções inovadoras. A abordagem é muito utilizada por designers de UX para criar mundos digitais e se estende a outros campos do design de interação, como design de serviços, design de sistemas e design de produtos. Na arquitetura, pode aparecer como um sistema para otimizar a relação entre pessoas e edifícios para atender às necessidades de uma comunidade.

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Cortesia de Mike Rohde

Tanto os arquitetos quanto os designers de UX criam experiências - uma física e a outra digital. Os designers de UX estão envolvidos no processo de aquisição e integração de um produto digital, lidando com aspectos como design visual, branding, usabilidade e função. Os processos de ideação destacam semelhanças entre as disciplinas - começando com uma pesquisa aprofundada sobre o local, seu contexto e suas demandas espaciais; ou os usuários, os objetivos dos negócios e o produto. Os arquitetos usam essas informações para esboçar ideias na forma de layouts espaciais, cortes ou planos diretores e, posteriormente, desenvolver protótipos de modelos 3D. Os designers de UX usariam os dados obtidos para estruturar o conceito do design e desenvolver blocos básicos de layout para delinear o fluxo do produto.

As intersecções entre as áreas facilitam a mudança de carreira dos profissionais, que levam seus aprendizados para novos territórios. Técnicas do relativamente novo ramo do design digital podem ser utilizadas para interromper a maneira na qual uma das formas mais antigas e tradicionais de design é praticada.

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© Amélie Mourichon

Design baseado em dados

Os designers de UX dependem muito dos dados para estabelecer uma base para sua estratégia de design. Para criar o produto ideal para os usuários, eles se aprofundam em dados quantitativos, como quem, o quê e onde, e dados qualitativos, como como e por quê. As informações coletadas sobre o grupo de usuários são extensas e podem ser usadas para entender o usuário e suas necessidades mais profundas. Cada decisão do projeto é baseada nessas informações. Designs criativos e eficazes centrados no usuário que aproveitam os dados para impulsionar a inovação.

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Cortesia de Bentley Systems

Os arquitetos também coletam muitos dados sobre o local, estatutos e normas, padrões de movimento e padrões climáticos. Com todas essas informações, o usuário final e suas necessidades costumam se perder ao longo do processo. Tradicionalmente, as necessidades do usuário também tiveram que confrontar a visão do arquiteto e as limitações estruturais por um lugar no projeto final. Ao contrário dos designers de UX, os arquitetos tendem a se envolver em pesquisas mais superficiais sobre o grupo de usuários, limitadas às suas necessidades espaciais, desejos estéticos e padrões ergonômicos.

A arquitetura baseada em dados possibilita que decisões sejam mais rápidas e os habitantes mais felizes. Em uma época em que os arquitetos ansiavam por impor sua visão artística aos clientes, o modernista austro-americano Richard Neutra priorizou as necessidades dos seus. O arquiteto fornecia-lhes um questionário detalhado e o estudava junto com seus diários, autobiografias e anedotas da infância. As informações revelariam os desejos e motivações de seus clientes, definindo suas “reais necessidades”.

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Miller House / Richard Neutra

Na cidade de Nova York, a empresa de design espacial Co-Office emprega um processo baseado em dados de baixo para cima, semelhante ao que os designers de UX fazem. Enquanto os arquitetos tradicionais começam com o programa e a forma, o Co-Office começa com o comportamento humano. Eles realizam pesquisas intensivas e os dados fornecem informações para sua estratégia de design. Para um projeto de reforma de escritório em Nova York, a equipe descobriu que o espaço estava sendo usado apenas em 15% do tempo, dando abertura para ideias de como usá-lo com mais eficiência. Com ênfase na coleta de dados quantitativos para apoiar seu design intuitivo, a equipe visa melhorar o envolvimento do cliente no processo. Seu método permite que eles coletem insights de forma inteligente e recebam feedback dos clientes de maneira produtiva.

Processos Ágeis

Embora a fase conceitual da construção e o design de UX sejam semelhantes, a metodologia para chegar ao projeto é diferente. O projeto arquitetônico geralmente segue um processo linear - vai do desenvolvimento do projeto aos documentos de construção e das permissões e custos à administração da construção. A prática segue o que se chama de “gestão de projetos em cascata”, onde o projeto é mapeado em fases sequenciais distintas que só começam quando a anterior é concluída.

O mundo do UX adota o “gerenciamento de projetos ágil”, uma metodologia mais repetitiva onde a equipe passa por ciclos de entrega curtos para aprender, adaptar e iterar rapidamente com seus erros em cada ciclo subsequente. Por meio dessa metodologia, um projeto é produzido rapidamente usando o feedback regular dos usuários para direcioná-lo.

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Cortesia de eda.c
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Cortesia de eda.c

O processo de projeto e construção pode ser rígido em termos de cronogramas. Cada estágio depende muito de seu precedente, e mudanças irregulares na fase de projeto afetam todos os estágios seguintes. Partes interessadas como consultores e engenheiros estruturais podem entrar no processo em diferentes momentos e fornecer feedback conflitante sobre seu desenvolvimento.

A iteração de protótipos de design é muito mais fácil no design digital, não na construção, onde o produto final é uma entidade física estática que é cara de construir. A tecnologia poderia resolver esse problema e melhorar o fluxo de trabalho arquitetônico. A Ollio Consultancy oferece aos seus clientes a experiência do espaço projetado em VR para testar a funcionalidade antes de iniciar a construção. Isso permite que todas as partes interessadas alcancem um entendimento comum mais rápido e iterem opções com base no feedback do usuário.

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© Ackroyd Lowrie

O design é centrado no ser humano

Em um diagrama de Venn comparando arquitetura e design de UX, os humanos ocupam a interseção. Ambos os processos de projeto evoluíram priorizando as necessidades humanas, cada um seguindo seu próprio caminho para o mesmo objetivo. Abordar o projeto arquitetônico com a mentalidade de um designer de UX garantiria uma abordagem mais holística para projetar a experiência de usar um edifício.

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Sobre este autor
Cita: Gattupalli, Ankitha. "Design centrado no ser humano: o que os arquitetos podem aprender com designers de UX" [Human-Centered Design: What Architects Can Learn from UX Designers ] 13 Out 2022. ArchDaily Brasil. (Trad. Simões, Diogo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/989395/design-centrado-no-ser-humano-o-que-os-arquitetos-podem-aprender-com-designers-de-ux> ISSN 0719-8906

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