Acústica na arquitetura: só notamos quando ela é ruim

Quando falamos em acústica costumamos pensar em projetos arquitetônicos onde o som é protagonista, como por exemplo salas de concertos, auditórios e escolas. Mas as questões da acústica e sua implicação na qualidade dos ambientes são bem mais amplas e se estendem para as cidades e edifício de menor complexidade, podendo contribuir para uma melhoria da experiência espacial ou para uma experiência cada vez mais estressante. O Arquicast traz para a pauta uma abordagem diferenciada sobre a importância acústica em nossas e vidas. E, para tanto, conversa com os arquitetos Marcos Holtz, especialista em acústica arquitetônica e ambiental; e Ernani Machado, doutor em conforto ambiental.

Apesar de estar incluída nos currículos dos cursos de arquitetura e urbanismo, a disciplina de acústica é pouco aplicada nos projetos da graduação e é notório o pouco conhecimento que os profissionais não especialistas têm sobre o tema ou sobre sua importância.  De acordo com a arquiteta Lindsey Leardi, quanto mais barulhento fica nosso mundo, mais difícil é nos concentramos nos sons que realmente queremos ouvir. E a não consideração do som como um elemento fundamental do projeto é um erro comum que contribui para esta situação.

Dentre os assuntos levantados pelos convidados está o consenso de que todo o edifício e todo ambiente urbano tem acústica, ou seja, tem como consequência de seu projeto característica de propagação do som no ambiente. A questão é que normalmente esta característica só é percebida quando tal propagação gera efeitos negativos na percepção do som pelo usuário. Neste sentido, vários projetos de acústica são encomendados pela necessidade de mitigação do problema, ao invés de contemplarem o som como um aliado positivo no processo compositivo de espaços internos e externos.

O aprimoramento das normas quanto ao desempenho acústico das edificações com tem contribuído para o aumento do número de consultorias aplicadas ao projeto, elevando a qualidade dos ambientes. Tal evolução é possível tanto pela tecnologia, que permite maior controle dos efeitos sonoros através de novas superfícies e materiais, além de melhores ferramentas de medição dos ruídos na quantificação que verifica o desempenho; quanto pelo interesse dos arquitetos em auxiliar na feitura da legislação pertinente ao tema, contribuindo para melhores normas para projetos públicos e privados. 

O processo de projeto precisa levar em conta a importância das especificações e do dimensionamento dos espaços na qualidade do som. Os edifícios, e o próprio espaço público, são verdadeiras “usinas de geração de ruído”, mas há várias alternativas disponíveis para transformar a experiência nestes ambientes. Desde acabamentos de fachadas até ferramentas de diagnóstico urbano, como mapa de ruídos, muitos são os aliados do arquiteto em seu processo projetual. E é um campo em pleno desenvolvimento e constante transformação, tanto na prática, quanto na formação. 

Saiba mais sobre acústica na arquitetura e no urbanismo no episódio 103 do Arquicast.

Texto de Aline Cruz. 

Sobre este autor
Cita: Arquicast. "Acústica na arquitetura: só notamos quando ela é ruim" 22 Mar 2020. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/935868/acustica-na-arquitetura-so-notamos-quando-ela-e-ruim> ISSN 0719-8906

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