Lugares complexos: sobreposições da arquitetura, arte e paisagem em quatro obras

Lugares complexos: sobreposições da arquitetura, arte e paisagem em quatro obras

A constante escalada de complexidade atribuída à arquitetura e demais campos da arte no último século devido a um longo processo de redefinição das disciplinas desde o período moderno, aliada a uma efervescência de experimentos e hibridações, contribuiu para a produção de inovadoras soluções desenhadas para o ambiente humano - e com elas surgiu uma nova dificuldade de categorização.

Esta sequência de quatro projetos é um testemunho da sobreposição de diferentes domínios da arte, ou do que poderia se tratar da arquitetura no campo ampliado, em apropriação dos conceitos postulados por Rosalind Krauss, ou lugares complexos. Sua complicação taxonômica vem justamente da riqueza de sua natureza, seus espaços, sua morfologia, da delicadeza com que são capazes de absorver o meio em que estão inseridas e gerar respostas sublimes e inspiradoras.

Memorial do Holocausto – Peter Eisenman

Foto: Lera, via Flickr. Licença CC BY-NC-ND 2.0

Resposta para um programa de um memorial e um museu, a solução desenhada por Eisenman dispõe de um museu no subsolo e cria um espaço público cravejado por uma sequência de blocos escuros dispostos em uma grelha. As alturas dos blocos variam ao longo de seus corredores devido à uma manipulação da topografia do solo que, por vezes afunda o indivíduo entre os prismas e, em outras, o traz à superfície, comunicando sensorialmente a emoção que acomete o tema do memorial.

Capela do Vaticano – Carla Juaçaba

© Laurian Ghinitoiu

Uma das capelas encomendadas pelo Vaticano como parte de uma série cujo objetivo consistia em representar o enclave, o projeto parte de um esforço em atingir a mais alta potência artística possível com a menor quantidade de elementos. O edifício tira máximo proveito do meio ambiente em que se insere, tendo de artificial somente as quatro peças que configuram os assentos e o altar, feitas de aço inoxidável polido para que refletissem e se confundissem com o sítio que as circunda.

Blur Building – Diller Scofidio + Renfro

© Diller Scofidio + Renfro

Pavilhão projetado para Swiss Expo, o edifício surge de um ato artístico e filosófico de questionar a dependência humana da visão, sobretudo em tempos de soberania da imagem. O efeito produzido pela filtragem da própria água do lago promove uma desmaterialização visual do edifício e sua consequente camuflagem com o lago sob a forma de uma bruxuleante névoa.

Órgão do Mar - Nikola Bašić

© Tim Ertl

Situado à beira-mar na Croácia, este projeto se apresenta como uma sequência de patamares que servem de espaço de permanência e contemplação, no entanto a sua construção foi feita de forma que orifícios dispostos nos espelhos dos degraus pudessem filtrar a brisa marinha e, assim, produzir música. O resultado é uma sublime música produzida pela própria natureza em consonância com a arquitetura.

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Sobre este autor
Cita: Klauss Borges. "Lugares complexos: sobreposições da arquitetura, arte e paisagem em quatro obras " 21 Set 2019. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/925166/lugares-complexos-sobreposicoes-da-arquitetura-arte-e-paisagem-em-quatro-obras> ISSN 0719-8906

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