BIM: vantagens e características / Eron Costin

Alguns de nós como arquitetos que somos estivemos aplicando a tecnologia BIM a nosso projetos: no entanto, ainda existem muitos colegas que não provaram suas virtudes e benefícios por falta de conhecimento sobre o tema. Diante disto, Eron Costin, arquiteto e sócio fundador do escritório Estúdio 41, especialista em tecnologias digitais, e ex-instrutor de Revit, compartilhou um artigo conosco para poder lhes apresentar a informação necessária para animar-los com o caminho da tecnologia BIM.

Por que você deveria migrar imediatamente para o BIM?

Primeiramente gostaria expor que sou um profundo defensor do uso e da popularização de softwares BIM (Building information modeling, que significa “simular, através de um modelo, as informações do edifício”). Digo isso não apenas pela tecnologia em si. O que defendo é uma valorização do trabalho do arquiteto. Defendo que este profissional possa dedicar mais tempo à concepção do projeto, deixando o trabalho braçal e pesado para a cada vez maior capacidade de processamento dos computadores. Migrar para este processo resulta em projetos mais precisos, entregues em menos tempo, com a garantia de menos problemas na obra.

Muitos já ouviram falar da crescente utilização de softwares BIM, mas o que a maioria não percebe é o potencial desta ferramenta quando usada em sua capacidade máxima. Mais do que apenas um software de projeto em 3D, esta plataforma exige um modo diferente de pensar o processo de projeto, e isto acaba afastando muitos dos que têm um primeiro contato com a tecnologia. Pessoas temem o que não conhecem, e mudar o status quo do modo de projetar de cada um é compreensivelmente uma decisão complexa.

Cortesia Estúdio 41

Do 2D ao 3D

Em uma plataforma BIM, desde o primeiro momento, o projeto é criado em 3D. As paredes, por exemplo, são criadas como volumes. Pode-se então associar os materiais que irão compor esta parede. Em paralelo ao desenho é possível saber, à medida em que novas paredes vão sendo criadas, a quantidade de tijolos, o volume de reboco e a área de pintura que estas paredes irão consumir. Se um custo for adicionado a estes materiais, têm-se então o orçamento sendo criado simultaneamente ao projeto.

Cortesia Estúdio 41

Desenho Técnico

Outro aspecto muito interessante é que os desenhos técnicos também já vão ficando prontos. Os materiais que compõe os elementos do projeto possuem propriedades gráficas que serão mostradas automaticamente, de diversas maneiras, quando estes elementos forem vistos em planta, corte ou elevação.

Cortesia Estúdio 41

Como as diversas vistas são criadas a partir de um único modelo, há significativa diminuição de erros de projeto, como, por exemplo, discrepâncias entre uma planta e um corte. Após concluído o modelo, se todos os materiais tiverem sido corretamente associados, a apresentação do projeto pode ser complementada com perspectivas renderizadas dentro do próprio programa, sem a necessidade de migração entre plataformas.

Cortesia Estúdio 41

Em uma sequência ideal de trabalho, para aproveitar todo o potencial do processo BIM, após o projeto arquitetônico ter sido aprovado entram em cena os profissionais que irão criar os projetos complementares, também estes usando plataformas BIM. O Revit, por exemplo, software BIM produzido pela Autodesk, possui três modalidades de projeto: Architecture, para projetos arquitetônicos; Structure, para projeto estrutural; MEP, para projetos elétricos, hidráulicos e de instalações mecânicas. Neste cenário ideal, cada profissional lança seu projeto, também em 3D, sobre o modelo do projeto arquitetônico. Obtêm-se deste modo todas as instalações e especialidades de projeto em um único modelo. Com isso em mãos é possível, por exemplo, checar a interferência do ar condicionado com o sistema estrutural, e em caso de coincidências as soluções são propostas ainda na etapa de projeto, levando menos problemas para a obra. Existem inclusive ferramentas que checam automaticamente estas interferências entre os projetos, assim o computador não deixa passar nada que algum profissional possa não ter percebido.

Colaboração em Arquitetura

Alguns softwares BIM foram pensados para um modo colaborativo de projeto. Várias pessoas podem trabalhar ao mesmo tempo sobre um modelo. Assim, alguns arquitetos podem focar na definição das divisões internas de um pavimento, enquanto outros estudam a fachada da edificação, em paralelo com uma terceira equipe que já adianta os detalhamentos. A atualização destas informações para um arquivo em uma central depende apenas de um clique no mouse.

Do 3D ao 2D

Outro esclarecimento importante é sobre saber balancear o que realmente precisa ser modelado em 3D e o que pode ser detalhado usando as ferramentas de desenho em 2D que estes programas possuem. Não é preciso modelar cada parafuso da obra, pode-se criar vistas de detalhamento em escala maior e desenhar estas peças em 2D apenas onde estes detalhes forem necessários. Não é preciso também modelar peça de cerâmica de um piso, por exemplo. É possível criar uma tabela vinculada que multiplique automaticamente a área de piso pela quantidade de peças necessárias para cada metro quadrado.

O artigo procura apresentar algumas das vantagens que o uso do BIM pode proporcionar. Sendo um processo mais complexo, exige maior treinamento dos profissionais, mas os benefícios compensam em muito pouco tempo os gastos com a implantação do sistema. Como é uma plataforma criada especificamente para projeto, trás muitas ferramentas direcionadas para o desenho do edifício em um único programa, não havendo necessidade de transição entre vários softwares. Dentro de um único programa é possível estudar os volumes do empreendimento, criar desenhos técnicos, fazer tabelas com quantitativos, fazer detalhamento e criar uma apresentação com perspectivas. A minha aposta é de que muito em breve este modo de projetar será o padrão dominante do mercado. E é por tudo isso que você deveria imediatamente migrar para o BIM.

 

(todas as imagens que aparecem nesse artigo foram criadas pelo Estúdio 41, na plataforma BIM da Autodesk: Revit, para demonstrar a versatilidade e a colaboração entre o 2D e o 3D)

* Eron Costin é arquiteto, formado pela Universidade Federal do Paraná, Brasil, em 2005. Foi instrutor de Revit durante 3 anos e atualmente é sócio fundador do escritório brasileiro Estúdio 41.

Sobre este autor
Cita: Joanna Helm. "BIM: vantagens e características / Eron Costin" 26 Mai 2012. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-49221/bim-vantagens-e-caracteristicas-eron-costin> ISSN 0719-8906

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