![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Janela, Fachada, Urbano](https://images.adsttc.com/media/images/5283/7518/e8e4/4e52/4b00/00c6/newsletter/754_pb1280.jpg?1384346897)
Três volumes prismáticos de concreto aparente surgem ao lado dos antigos galpões da fábrica de tambores da Pompéia: um prisma retangular de trinta por quarenta metros de base e quarenta e cinco metros de altura; um segundo prisma retangular, menor e mais alto que o primeiro, de quatorze por dezesseis metros de base e cinquenta e dois metros de altura; e um cilindro de oito metros de diâmetro e setenta metros de altura.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Janela, Fachada, Tijolo](https://images.adsttc.com/media/images/5285/f581/e8e4/4e8e/7200/01b2/newsletter/2.jpg?1384510842)
O prisma maior apresenta cinco pavimentos, com oito metros e sessenta centímetros de altura entre pisos. Apresenta apenas paredes perimetrais portantes, que medem trinta e cinco centímetros de espessura, e nenhuma estrutura interna complementar. São moldadas com tábuas horizontais de madeira. As lajes nervuradas protendidas medem um metros de altura total.
As janelas se localizam nas faces menores, leste e oeste, do prisma maior. São quatro de cada lado por andar. Configuram simplesmente aberturas irregulares, criadas a partir de moldes de isopor embutidos durante a concretagem. As marcas do isopor são perceptíveis na largura dos muros, assim como as marcas das madeiras são perceptíveis no exterior. Internamente, foram utilizadas formas retangulares de plástico, que também são perceptíveis.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Janela, Fachada, Viga, Pilar](https://images.adsttc.com/media/images/5279/7b3a/e8e4/4e87/9c00/005f/medium_jpg/16.jpg?1383693104)
O prisma menor apresenta doze pavimentos que coincidem a cada dois com os pavimentos do prisma maior, tendo assim, quatro metros e trinta centímetros de altura entre pisos. Os dois últimos pavimentos têm sua altura reduzida para três metros e setenta centímetros. Esse prisma apresenta-se girado trinta e três graus horários em relação ao prisma maior. Suas faces externas também são moldadas com tábuas horizontais de madeira. Suas janelas são quadradas e menores que as aberturas ameboides do prisma maior, porém não apresentam um alinhamento ortogonal rígida, aparecendo dispostas em diversas coordenadas.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Imagem 8 de 36](https://images.adsttc.com/media/images/5279/7b4c/e8e4/4e86/5400/006d/newsletter/5.jpg?1383693127)
A esquina mais próxima ao prisma maior é então facetada paralelamente àquele, de modo a criar duas faces paralelas. Dessa nova face, que rompe o desenho retangular da base, partem quatro níveis de passarelas de concreto protendido aparente que dão acesso aos pavimentos do prisma maior. Entre os dois prismas, abaixo das passarelas, passa o córrego Água Preta, que fica oculto pela sobreposição de um pier de madeira.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Viga](https://images.adsttc.com/media/images/5283/8084/e8e4/4e8e/7200/009e/medium_jpg/23.jpg?1384349823)
Cada uma das passarelas elevadas apresenta um desenho diferente, ainda que sob as mesmas regras: partem de uma mesma abertura no prisma menor e se ramificam levando a duas aberturas simétricas no prisma maior. Têm dois metros de largura e peitoris de um metros e vinte centímetros. A primeira passarela, a partir de baixo, forma um V perfeito. A segunda também forma um V perfeito e leva a aberturas um pouco mais centralizadas que as da primeiras passarela, configurando um V mais fechado que o inferior. A terceira passarela parte como uma linha reta perpendicular, e somente depois da metade do vão se bifurca, assemelhando-se a um Y. Suas aberturas de chegada no prisma maior estão um pouco mais centralizadas que as inferiores, quase na mesma medida que as da segunda passarela em relação às da primeira. A quarta e última passarela volta a ser um V, porém imperfeito: um dos braços do V surge do outro, ou seja, não coincidem no ponto de saída. Além disso, a saída no prisma menor é desalinhada em relação às passarelas inferiores. As aberturas de chegada estão próximas aos extremos do prisma maior, formando um V mais aberto que os demais.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Janela](https://images.adsttc.com/media/images/5279/7be7/e8e4/4e86/5400/0079/medium_jpg/25.jpg?1383693280)
Além da face recortada, o prisma menor apresenta outros dois aspectos que quebram a sua condição de prisma ortogonal perfeito. Primeiramente, a presença na esquina norte de faixas horizontais de concreto que configuram os peitoris da escada externa: são os únicos elementos que são moldados com tábuas verticais de madeira. E o alargamento da sua base em um metro e meio para cada lado do perímetro, nos seus dois primeiros pavimentos. A união dessa base maior com a base normal a partir de terceiro pavimento é através de paredes inclinadas, favorecendo a uma percepção de contraforte.
![Clássicos da Arquitetura: SESC Pompéia / Lina Bo Bardi - Janela, Tijolo](https://images.adsttc.com/media/images/5279/7bcf/e8e4/4ef0/0400/007c/medium_jpg/24.jpg?1383693254)
O último prisma que compõe o conjunto é um cilindro formado a partir da concretagem sistemática de setenta anéis de um metros de altura cada. Une-se ao prisma menor através de uma passarela metálica que parte da sua cobertura. A fôrma que deu origem aos anéis tem formato de tronco de cone, ou seja, tem sua faces externas inclinadas para dentro, o que permite com que a fôrma se encaixe no anel inferior para a concretagem do anel superior seguinte. Esta condição da moldagem e concretagem teve como consequência que o limite inferior de cada anel ficasse imperfeito, formando uma linha irregular com certa espessura sobre o anel inferior.
- Área: 23 m²
- Ano: 1986
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Fotografias:Pedro Kok, Fernando Stankuns, Flickr beatriz marques (CC BY-NC-ND)