Cidade Idosa: o novo paradigma

Este artigo foi publicado no Blog Metropolis Magazine's Point of View como "Old City: the New Paradigm."

A atual conversa sobre redesenhar cidades geralmente foca nos chamados Boomers ou Millennials, dois extremos do espectro da idade. A maioria da população está entre os 30-64 anos e todos vão eventualmente envelhecer - uma realidade da qual ninguém pode escapar.

Nós somos uma sociedade global, mais experiente, "na moda", e mais ligada aos acontecimentos do que nunca, e a maioria de nós quer um estilo de vida urbanizado, uma mistura de ótima comida e boa conversa, modernização tecnológica, acesso à escolhas de vida saudáveis e alternativas, e estar no centro da ação.

As melhores cidades no mundo, como Nova York, Berlin, e Tokio se vendem como as mecas para pessoas jovens e cheias de energia, estas cidades prometem diversidade e inovação. Isso gera uma falta de arquitetura voltada às pessoas com mais de 65 anos, fecha-se a porta para elas. Assim, perdemos o conhecimento, estabilidade e experiência que eles proporcionam à civilização.

Mais sobre as "cidades idosas" na continuação...

Cortesia de Neil Chambers

Século de Imigração

O crescimento populacional nas nações ricas será guiado pela imigração, já que as taxas de natalidade dos países de primeiro mundo baixaram bastante nas últimas décadas. Muitos imigrantes desfrutam de lares que reúnem várias gerações. Preferem viver entre família ao invés de se arriscar por conta própria. Esse é um nítido contraste para muitas das cidades que se vendem como futuros hubs para empreendedores 'lobos solitários' que vivem em pequenos apartamentos. Unidades pequenas não podem abrigar uma família de três ou quatro, muito menos famílias com os avós, tios e tias. O desenho urbano voltado para idosos poderia fomentar um novo paradigma para o desenvolvimento em cidades que tornem estes fatores ativos.

Cortesia de Neil Chambers

O Outro Veículo Elétrico

Comunidades para aposentados e asilos integram os carrinhos de golf como um modo primário de transporte. Em comparação, cidades passaram a última década investindo em acessibilidade para as bicicleta. Imagine incorporar carrinhos de golf e ciclovias. Poderia incentivar a mobilidade e reduzir a poluição do ar. Bicicletas elétricas estão já dando esses primeiros passos. Carrinhos de golf poderiam ultrapassar o crescimento do número de trajetos de bicicleta, e eliminar completamente os carros.

Alguns edifícios - como aeroportos - já integraram os carrinhos de golf usados por usuários dos ônibus de embarque. Esses carrinhos urbanizados poderia ser um grande avanço para os veículos elétricos, criando um mercado completamente novo para transporte personalizado elétrico.

Cortesia de Neil Chambers

Uso misto centrado em idosos

Empreendimentos de uso misto voltados para idosos poderiam incluir instalações médicas de acesso fácil. Uma torre residencial de 20 ou 30 pavimentos poderiam abrigar consultórios médicos e odontológicos. Uma simples viagem de elevador poderia te levar ao seu check-up semanal, ou o balcão de atendimento poderia lhe enviar sua prescrição. Projetos verdes seriam obrigatórios, o que significa melhor qualidade interna do ar, melhor eficiência energética e melhor habitabilidade em geral.

Espaços abertos e públicos poderiam ser incorporados na morfologia, abrigando mercados e feiras de hortifruti numa vida urbana ativa. A grande ideia é trazer a cidade para os idosos e reverter a necessidade deles de utilizar infraestruturas que pecam na acessibilidade. Esses novos empreendimentos podem incluir estacionamentos de caminhonetes de transporte de alimentos e jardins e hortas comunitárias, criando um serviço para as tendências crescentes de consumo de comida produzida localmente.

Cortesia de Neil Chambers

Testando em NY

Para testar esta ideia, nós propomos criar um projeto para DUMBO no Brooklyn, uma vizinhança descolada em Nova Iorque. Localizada sob a Ponte Manhattan com vistas para o East River, os antigos armazéns e depósitos da área foram convertidos em unidades de escritórios e residências. É uma mistura perfeita de rusticidade + funk + café + fantasmas industriais + grafiti. Designers e arquitetos, fotógrafos, atores e modelos parecem ir em revoada para a Water Street e o parque na beira do rio. Raramente se vê alguém com mais de 55 anos - e quase nunca com mais de 65. Então imaginamos um projeto que incorporasse os jovens e os idosos através de edifícios com painéis artísticos com graffiti, rampas para carrinhos de golfe, e é uma mistura de todas as idades.

Cortesia de Neil Chambers

Benefícios de uma Média de Idade Maior

Muitas pessoas se mudam para as cidades, mas se partem em pouco tempo. Jovens são transitórios por natureza, enquanto que populações mais idosas gostam de criar raízes e estabelecerem comunidades. Um cultivado senso de comunidade poderia atrair e reter talento, porque a cidade grande pode ser um lugar bastante solitário, independente de sua idade. Idosos poderiam ancorar bairros retendo os melhores e os mais brilhantes para que não se mudem, tornando mais forte as economias e forças de trabalho. Cidades centradas em populações idosas significam bons negócios e bons projetos. As cidades não deveriam deixar esse recurso tão valioso como os idosos de lado. Especialmente quando poderiam estar no centro de tudo isso.

Esse artigo foi originalmente publicado na Bettery magazine, na Alemanha. Chegou à nós através de nossos amigos da Metropolis Mag, que o publicaram sob o título "Old City: the New Paradigm."

Neil Chambers, LEED-AP é o CEO e Fundador da Chambers Design, uma empresa de pesquisa e projetos contemporânea, focada nas soluções arquitetônicas e tenológicas do futuro, com sede em DUMBO Brooklyn. Autor de Urban Green: Architecture for the Future, o trabalho de Neil inclui projetos urbanos, projetos de construções verdes, avaliação energética, planejamento urbano e restauro. Tem particular interesse na relação entre os ecossistemas, edifícios, infraestrutura e serviços ecológicos. Lecionou na NYU e FIT e deu palestras por todo Estados Unidos e pelo mundo.

Sobre este autor
Cita: Chambers, Neil. "Cidade Idosa: o novo paradigma" [Old City: The New Paradigm] 14 Set 2013. ArchDaily Brasil. (Trad. Santiago Pedrotti, Gabriel) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/01-140564/cidade-idosa-o-novo-paradigma> ISSN 0719-8906

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