O tema maconha é um tabu. Baseados em suas crenças culturais e religiosas, os países têm opiniões diferentes sobre a legalização de produtos oriundos da cannabis. Nos Estados Unidos especificamente, cada Estado decide como lidar com a questão e a cada ano, mais e mais deles (agora 18 e o Distrito de Columbia, num total de 50) têm legalizado a venda e o uso recreativo de uma quantidade limitada de cannabis — embora ela continue ilegal em nível federal.
A receita tributária da maconha gerou, apenas no ano passado, mais de 2 bilhões de dólares nos estados legalizados, e deve crescer para quase 12 bilhões de dólares até 2030, ultrapassando as receitas fiscais arrecadadas com a venda de álcool, de acordo com estrategistas da Barclays. Para os estados que tributam a venda de produtos canábicos, já houveram benefícios significativos que ajudaram a desenvolver ainda mais cidades e vilas menores. Isso torna as ruas mais seguras e garante verbas para novos projetos municipais, empresas locais, subsídios para locatários de baixa renda, além de melhorias nas escolas públicas e nas redes de água e esgoto, bem como em projetos significativos de infraestrutura.
Para entender completamente como isso afetou os estados que tiveram tempo suficiente para coletar e redistribuir esses dólares de impostos, muitos pesquisadores analisaram de perto os casos de Colorado e Washington, dois dos primeiros estados a legalizar a maconha, estudando como receitas adicionais podem beneficiar o público. Esses conjuntos de dados e observações também ajudaram outros estados a avaliar os benefícios e riscos de tomar suas próprias decisões de legalizar ou não a maconha.
Uma fração do imposto sobre vendas no Colorado vai diretamente para o "State Public School Fund", do departamento de educação, para reformar as instalações existentes ou construir novas, e o restante vai para o "Marijuana Tax Cash Fund", que também apoia iniciativas educacionais e inclui bolsas para profissionais das escolas. O fundo também apoia o departamento de agricultura para se concentrar no cultivo de cânhamo e outras culturas - diferentes maneiras de impulsionar a economia rural do Colorado. Outras partes vão para aspectos mais palpáveis da vida urbana e suburbana, como o apoio à infraestrutura pública, que permitirá aos moradores utilizar meios de transporte alternativos, além de incentivos financeiros para a abertura de pequenas empresas que criam novos empregos, incluindo lojas de produtos canábicos.
Outros estados, que são novos na indústria da maconha, também obtiveram benefícios significativos. Maryland, que legalizou apenas para uso médico, viu grande parte de sua indústria manufatureira revitalizada e a reforma de fábricas antigas, que há muito estavam desocupadas. Quando as empresas de conservas de Maryland entraram em colapso, a indústria da maconha viu a infraestrutura existente como uma oportunidade para começar a cultivar e fabricar produtos de maconha medicinal, reintroduzindo a promessa de comércio para as comunidades vizinhas.
Um estudo realizado em Illinois sobre os impactos dos valores das propriedades depois que o estado legalizou o uso recreativo da maconha mostrou que os preços das casas realmente subiram. Como a arrecadação tributária contribuiu parcialmente para tornar as ruas mais seguras, a demanda por moradia em certas áreas começou a superar a oferta disponível. A conclusão foi que para cada um milhão em receita fiscal adicional das vendas de maconha, os valores das casas aumentaram quase $500. A presença de dispensários nas proximidades também se correlacionou positivamente com um aumento nos valores das residências. A cada novo dispensário que uma cidade adiciona, os valores das propriedades aumentam em mais $519. Provavelmente, isso acontece porque os moradores veem os dispensários como estabelecimentos comerciais “premium”, e aqueles que usam a maconha gostam de ter um por perto.
Embora agora a receita tributária gerada pela maconha represente apenas uma pequena porcentagem do orçamento de um estado, ainda assim é um fluxo de receita que não existia há uma década. Os estados que legalizaram a maconha viram um mercado legal e mais responsável, que gera bilhões de dólares a cada ano, com números crescendo rápido nas próximas décadas. O potencial de receita está apenas arranhando a superfície, especialmente porque o estigma em torno dos produtos e seus efeitos começa a se desgastar lentamente. Muitos legisladores estão começando a imaginar orçamentos ainda mais favorecidos por fluxos de impostos no futuro, onde um dia talvez uma parcela significativa de nossa infraestrutura pública seja financiada por essa fatia do bolo.