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Veredes: O mais recente de arquitetura e notícia

Crítica de arquitetura?

Há alguns dias terminei de ler o livro Mi Vida do crítico alemão de origem polonesa e judia, Marcel Reich-Ranicki, um homem notório na Alemanha, onde vive aos noventa e dois anos. Destaquei sua origem judia porque o autor sofreu muito em consequência disso durante o período do nazismo. Esta condição também marcou seu desenvolvimento pessoal e intelectual até convertê-lo em uma espécie de vigilante zeloso, um participante qualificado da controversa presença dos judeus no universo cultural alemão.

O autor disse ter decidido muito jovem se tornar crítico literário, posição na qual coloca a crítica como especialidade, uma profissão, um ofício que abraça como qualquer outro e cuja finalidade é estabelecer juízos de valor em relação à literatura, destacar os méritos ou as falhas, elevar aquilo que considera de valor cultural, contestar prestígios e afirmar outros, e o mesmo com o estilo, destacando algo para o que Reich-Ranicki não poupa palavras: a importância da arte literária, a glória, poderíamos dizer, da literatura. 

Peter Zumthor, entre o sossego e a sedução

Uma das principais motivações de Peter Zumthor em relação à sua própria obra consiste em propor o entendimento imediato do objeto construído, para atingir, através de um vislumbre, a sensibilidade emocional do observador. Em busca deste objetivo, Zumthor procura que as combinações de formas, materiais, cores e texturas se combinem no pensamento perceptivo, dando lugar à criação de ima atmosfera arquitetônica de identidade unívoca.

A partir desta ideia, o arquiteto manipula o desenho, perfilando sua anatomia, decidindo onde e quando deve influir ou não em um contexto determinado, e como deve expressar sua presença material nesse meio. A tensão que propõe entre o entorno e o objeto busca alcançar um sentido de lugar de maneira natural, sem que a imposição de massas altere o equilíbrio existente. Para isso, harmoniza as possibilidades cinemáticas dos elementos da arquitetura mediante sequências espaciais que criam situações de surpresa.