No século XXI a gestão inteligente das cidades será um dos fatores mais influentes no desenvolvimento econômico. Questões sobre como serão confrontados os desafios na área da habitação, saneamento, democracia, educação, segurança, desenvolvimento econômico e qualidade de vida, serão as principais pautas dos gestores.
https://www.archdaily.com.br/br/928652/planejamento-urbano-e-espacos-publicos-parques-como-ferramentas-de-transformacao-socialAna Paula Wickert
Planta de Parque Zaryadye / Diller Scofidio + Renfro. Image Cortesía de Diller Scofidio + Renfro
Frequentemente imperceptível para os habitantes, a planta arquitetônica na representação do paisagismo emerge como uma das principais peças gráficas que permitem evidenciar certas relações, não somente de organização estratégica, mas imprescindíveis para um bom projeto de arquitetura.
A distribuição e tipo de espécies vegetais, os níveis topográficos, as relações com as pré-existências do contexto urbano ou natural, os possíveis trajetos e atividades incorporadas, a materialidade e as dimensões precisas para sua construção são algumas das considerações que geralmente reiteram neste tipo de representação.
O resultado permite comunicar de forma sintética as intenções, preocupações e atenções dos autores; Por esse motivo, convidamos você a rever uma série de exemplos diferentes de plantas arquitetônicas de espaços públicos para abordar o papel dessa projeção.
O OMA divulgou o projeto do KUBE, uma instalação localizada em frente à entrada do K11 MUSEA, na orla de Hong Kong. A instalação multifuncional cria um marco urbano em meio ao denso horizonte da cidade através de uma geometria muito simples e envolvente.
Como resultado dos três meses de formação em articulação local no pioneiro Programa de Embaixadores COURB, mobilizadores de diferentes cidades brasileiras promoveram ações nos seus territórios. Almejando a construção colaborativa de cidades inclusivas, a Jornada de Articulação, realizada a muitas mãos, aconteceu entre os meses de agosto e setembro e contou com três tipos de ações: rodas de conversa, intervenções no território e proposições coletivas. Os embaixadores mapearam e engajaram no programa mais de 150 instituições - entre prefeituras, universidades, coletivos, empresas e organizações.
https://www.archdaily.com.br/br/928039/tres-formas-de-ativar-o-espaco-urbano-jornada-de-articulacao-courbCOURB Brasil
Vá a qualquer cidade medieval européia e veja como as ruas eram antes do advento do carro: lindas, pequenas, estreitas, íntimas, em escala indiscutivelmente humana. Temos poucas cidades nos Estados Unidos onde é possível encontrar ruas como estas. Em sua grande maioria, o que se vê nas ruas são aquelas projetadas para os carros - de grande escala para alta velocidade. Em minha São Francisco natal, estamos tornando as ruas mais seguras para caminhar e pedalar aumentando as larguras das calçadas, transformando faixas de carros em ciclovias, diminuindo a velocidade dos carros. Estamos trabalhando com as ruas que temos; uma rua típica em São Francisco possui entre 18 a 24 m de largura, comparada a uma rua medieval de antes do carro que possui entre 3 e 6 metros de largura.
https://www.archdaily.com.br/br/867519/4-dicas-importantes-para-projetar-ruas-para-as-pessoas-e-nao-apenas-para-os-carrosKristen Hall
Uma criança desesperada grita, em plena Praça Dom José Gaspar no Centro de São Paulo, para que não machuquem sua mãe. Chora ao vê-la ser retirada à força por agentes da Prefeitura de cima do carrinho em que vendia frutas todos os dias aos frequentadores da praça. Sua mãe também chora e tenta explicar aos agentes que aquelas frutas e aquele carrinho eram tudo que ela possui para tentar sustentar a filha. Todos assistem à cena comovidos e tentam argumentar com os funcionários da Subprefeitura, mas continuam recolhendo os produtos, afinal “ordens são ordens”.
Mas qual a “ordem” que regula os espaços públicos?
https://www.archdaily.com.br/br/927621/por-uma-nova-ordem-do-espaco-publico-o-direto-a-cidade-para-todosRodrigo Faria G. Iacovini
Para garantir que um espaço seja vivo e ativo, é necessário a presença constante de pessoas, sejam em grupos ou sozinhas. Com efeito, para que interações sociais sejam estabelecidas, é preciso que as pessoas permaneçam nesses locais - o que exige a presença de alguns elementos de mobiliário urbano, como bancos por exemplo.
Esse elemento, que pode ser bastante simples ou envolver alta tecnologia, deve garantir o conforto e bem estar dos usuários. Às vezes, isso é o suficiente para regenerar um espaço que se tornou, simplesmente, uma passagem. Além disso, este componente básico do desenho urbano pode assumir variadas formas e ser constituído de diferentes materiais.
O Programa de Espaços Públicos do ONU-Habitat abriu uma chamada para financiar propostas de projetos de espaços públicos com até US$ 100.000,00 no Brasil. Segundo a Nova Agenda Urbana, o planejamento e gestão de espaços públicos de qualidade são entendidos como pré-condições fundamentais para a redução da pobreza e o cumprimento dos direitos humanos nas áreas urbanas.
Boxing Boxes [Caixas de Boxe, em português] é um projeto realizado após dois anos de pesquisa arquitetônica feita por Carlos Ortega Arámburo e Daniel de León Languré que agrega o boxe, como uma ferramenta de autodisciplina e controle de violência, a uma estrutura que ativa o espaço cívico em áreas marginalizadas. Na edição deste ano da Trienal de Arquitectura de Lisboa, o arquiteto mexicano junto de uma equipe interdisciplinar local instalou o equipamento no bairro Portugal Novo, em Olaias, Lisboa.
Dentre os diversos programas nos quais a prática de arquitetura e urbanismo atua, talvez os projetos para espaços públicos sejam aqueles que mais estimulam os profissionais a concentrarem uma carga discursiva que convoca a toda a multidisciplinaridade característica do ofício. Propor o desenho de espaços que serão utilizados e apropriados pela vida cotidiana pública reflete os ideais e reflexões sobre como os arquitetos imaginam que deve ser a vida nas cidades, e abre espaço para a discussão coletiva a respeito desse tema.
A ideia de qualificar um espaço público ao melhorar ambientes que unam pessoas não deveria gerar desconfianças ou temores. Porém, experiências específicas de locais que viram o custo de vida aumentar muito após a sua requalificação vêm gerando contradições. Afinal, a nova vilã chamada gentrificação tem alguma relação com placemaking?
Padre Alonso de Ovalle, Santiago de Chile. Image Cortesía de Urb-I
Proporcionar mais espaço aos pedestres é uma das principais metas dos projetos de renovação urbana em muitas cidades do mundo.
Recorrendo à distribuição do espaço público, que implica, muitas vezes, em restringir o espaços dos automóveis - seja nas ruas ou estacionamentos -, plantar mais árvores, construir mais calçadas e ciclovias e estabelecer novas zonas de lazer, é possível projetar lugares mais acolhedores, com menos congestionamento viário e que fomentam o uso de meios de transporte sustentáveis, como as caminhadas e o ciclismo.
Quem já frequentou a praia do Rio se Janeiro certamente viu vendedores oferecendo queijo coalho ou camarão grelhados, chá mate e biscoito Globo, lanches clássicos da orla carioca. Em São Paulo, feiras servem caldo de cana e pastel frito, adaptação local de um prato trazido originalmente pelos chineses e popularizado pelos japoneses. Em Minas, o pão de queijo e o pastel, também de queijo. Em Salvador, impossível não mencionar o acarajé (com ou sem pimenta), inclusive declarado como bem cultural imaterial pelo IPHAN. A capital baiana também já conta com um Guia de Comida de Rua próprio, tamanha a diversidade encontrada na cidade.
De modo geral, os esforços na indústria da construção se voltam a projetos de espaços permanentes e duráveis. No entanto, em algumas ocasiões, a criação de espaços temporários pode ser de grande ajuda não apenas ao oferece uma opção de infraestrutura rápida em casos emergenciais, mas também ao ativar espaços residuais ou abandonados de nossas cidades. Para exemplificar o potencial dessas intervenções, apresentamos 13 espaços públicos temporários bem sucedios.
Tamboré. Image Cortesia de Leonardo Loyolla Coelho
A constituição formal dos sistemas de espaços livres das cidades brasileiras, qualificados ou não, tem contribuição significativa dos empreendimentos privados, uma vez que o planejamento e desenho urbano por parte do poder público têm sido exceções.
A recente crise política e social do Brasil - exemplificada nos resultados da última eleição - é preocupante e vem minando a confiança dos cidadãos nos processos de tomada de decisão que afetam nossas vidas e cidades. Um de seus motivos é a ausência de espaços públicos onde pessoas de diferentes camadas sociais, raças, etnias, perspectivas e visões de mundo possam se encontrar, trocar, representar quem são.
Espaços públicos são fundamentais para a democracia e a cidadania. O planejamento moderno e o desenvolvimento urbano desigual levaram Brasília a ser uma cidade segregada, fragmentada e profundamente desigual. A esfera pública deteriorada e a individualização dos estilos de vida provenientes agravam a situação, e estamos cada vez mais desconectados, intolerantes e civicamente desengajados.
Vista marquise a partir da via pública. Image Cortesia de Coletivo de Arquitetos
O projeto para uma praça no povoado do Crasto propõe a criação de um espaço de lazer cultural e esportivo inédito nesse vilarejo pesqueiro localizado no litoral sul de Sergipe. O projeto cuida ainda da resolução de questões referentes à acessibilidade, interconectando o empraçamento desenhado ao entorno construído pré-existente.
Praça de Serviços da UFMG – vista de um dos acessos às varandas (Loggias). Fonte: Centro de Informação Técnica da UFMG, 2018 / Foto: Junia Mortimer, 2012
Ao tomarmos a arquitetura como a atividade que modifica o sítio natural e o transforma em um ambiente apropriado para o convívio humano – seja com um prédio ou a urbanização de um território – podemos compreender a ação do arquiteto como algo que deve servir às pessoas. Invoca-se, nesse sentido, o conceito histórico do humanismo e do republicanismo – a coisa pública, no latim.