O concurso para a "Reconversão e Exploração do Antigo Matadouro Industrial do Porto" foi lançado no ano de 2017 para transformar o edifício, abandonado há cerca de 20 anos, num equipamento âncora baseado no convívio social, com espaços empresariais e cultura, mantendo a memória da arquitetura da edificação de 1910. Um consórcio liderado pela empresa construtora Mota-Engil, trabalhando em conjunto com o atelier do arquitecto japonês Kengo Kuma em colaboração com o atelier de arquitectura portuguesa OODA, sagrou-se o vencedor.
Conheça abaixo, a proposta que recebeu o primeiro lugar:
Descrição enviada pela equipe de projeto:
Contexto: O Antigo Matadouro Industrial do Porto foi outrora uma fonte económica e de desenvolvimento para a zona Oriental da cidade. Com esta proposta pretendemos reactivar, reinventar, este espaço e dar continuação a essa história e memória da cidade.
Oportunidade: A proposta sublinha-se pela necessidade de introduzir um edifício-ponte para estabelecer a ligação a cota superior do Metro, mas tambem criar visibilidade para quem vem da VCI, uma vez que o local encontra-se a uma cota inferior. Com a criação da ligação ao Metro cria-se uma oportunidade de acesso não só de quem pretende aceder ao Matadouro mas também de quem habita nas imediações e procura ligar-se ao resto da cidade ganhando assim um carácter público, de inserção na malha urbana.
O acesso é feito então, por um lado, a nascente por um edifício ponte que serve de jardim e miradouro para todo o projecto e cidade e, por outro, a Sul por duas praças que abrem para a Rua São Roque da Lameira, convidando o acesso e interacção por quem passa e habita o local.
Nasce um novo espaço conciliador na cidade enquadrado num actual vazio urbano, que com uma nova dinâmica pretende potenciar toda uma zona da cidade do Porto em letargia mas que, assim, passará a ter um local âncora de atractividade cultural, empresarial e social e que manterá a cidade a respirar com o seu programa e com os espaços públicos que lhe oferece.
Conceito: Concebemos uma grande cobertura que, num só gesto, une o antigo e o novo, com o cuidado e sensibilidade de quem intervém em património histórico mas pretendendo criar unidade e identidade num todo tão distinto.
Estabelece assim um diálogo de escala com as grandes infra-estruturas adjacentes e, de forma subtil, através dos materiais com o casario da freguesia da Campanhã. O desenho da cobertura não só une todo o complexo, como através do seu movimento (cumieiras) sublinha as partes essenciais do programa, servindo como pontos de referência e orientação. A proposta cria um impacto visual único para quem atravessa a VCI e permite fazer com que a cidade ganhe elasticidade e usufruto durante 365 dias enquanto activa o lugar com o seu programa e abre também todo um conjunto de novas oportunidades para os espaços exteriores e comunidade. Garante-se assim a desejada visibilidade e atracção a esta zona da cidade que será fundamental para o sucesso a longo prazo do processo de consolidação territorial e de inclusão social.
Passagem superior sobre a VCI: A nossa concepção para a Ponte Pedonal enquanto passagem superior sobre a VCI que permite unir o complexo do Matadouro à zona do Estádio do Dragão a poente pretende assumir-se como o remate superior da estratégia conceptual que a nossa proposta oferece na medida em que o novo telhado que dá a nova identidade icónica ao conjunto no extremo norte e acompanha a projecção da ponte até à sua extremidade. Neste sentido, em vez de existir uma nova entidade que faz a ponte, a nossa proposta funde tudo num só gesto, elegante e marcante, que permite agarrar todo o conjunto numa só ideia, incluindo a passagem aérea e sua plasticidade.
A passagem aérea, enquanto jardim e miradouro, é o remate mais visível de uma abordagem que cria uma nova identidade marcante, uma imagem única e irrepetível mas que promove uma narrativa de unidade entre a memória do que existia com a ambição do que o futuro irá oferecer. Por outro, em termos de materialidade, embora com um desenho inovador, remete tanto para a memória da construção local e muito presente em construções análogas (telha cerâmica, elementos metálicos, vidro e grandes vãos fabris) como também, na sua forma,
procuram sugerir uma leveza no seu conjunto, uma grande membrana fina que levita, com uma remetência subtil para uma plasticidade textil como evocação da grande força dessa indústria na região.
Estratégia de sustentabilidade passiva vegetação e aromas: O novo telhado faz que o espaço se possa usar todo o ano sem limitações, já que garante ensombramento quando necessário como simultaneamente assegura que não chove em grande parte do recinto enquanto permite sempre a ventilação natural desejada.
A estratégia vegetal em toda a proposta pretende qualificar o espaço público e toda a relação com a envolvente directa, nomeadamente, criar um buffer sonoro e visual em relação à VCI, potenciar a atmosfera global com aromas locais (como limoeiros e laranjeiras) e ainda criar jardins especificos distintos nas grandes zonas públicas de canto opostas com temas e configurações distintas.
Arquitetos
Arquitetos Responsáveis
(Kengo Kuma & Associates) Kengo Kuma/Yuki Ikeguchi (Partner in Charge) Rita Topa (Project architect) Jagoda Krawczyk, Andrea Toccolini, Jack Ryan, Ifan YimArquitetos Associados
(OODA) Diogo Brito / Rodrigo Vilas-Boas / Francisco Lencastre (Partners) João Styliano, Luis Choupina, Inês Monteiro, José Pedro Maia, Jiahong Huang, Ugne Stankaityte, Ruta Simutyte, Ondrej Jezbera Joana Valinho, André Veiga, Giulia KaiserProjeto de Engenharia
Ejiri Structural EngineersEmpresa construtora
Mota-EngilArquitetos Estratégia Social
(ESC) Tiago Sá, Alberto Cumerlato, Filippo Lorenzi, Larissa LiraÁrea
20500.0 m2Ano do projeto
2018Fotografias
Courtesy of Kengo Kuma & Associates + OODA
